Entenda como a denúncia contra o coronel Sebastião Curió sobre o sequestro de guerrilheiros no Araguaia, durante a ditadura militar, pode cair no vestibular
Em 14 de março, o Ministério Público Federal (MPF) encaminhou à Justiça Federal do Pará uma denúncia contra o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, acusado do sequestro qualificado de cinco militantes políticos capturados durante a repressão à guerrilha do Araguaia – um movimento armado contra a ditadura militar organizado pelo PC do B e reprimido pelo Exército, entre 1972 e 1975, no sul do Pará.
O militar foi acusado de comandar a chamada Operação Marajoara, que aconteceu em 1973, quando os cinco guerrilheiros foram levados às bases militares e submetidos a sofrimento físico e moral e nunca mais foram encontrados.
Para o MPF, o crime cometido pelo coronel delito tem um caráter permanente, pois os militantes ainda estão desaparecidos. Por isso, o delito não estaria coberto pela Lei de Anistia, de 1979, que permitiu o retorno dos exilados políticos e perdoou agentes do Estado que cometeram crimes durante a ditadura.
A medida foi elogiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e poderia ter sido primeira ação penal por crimes cometidos durante a guerrilha do Araguaia. Mas, em 16 de março, a Justiça Federal rejeitou a denúncia, com base na lei de anistia, afirmando que em 1995, o Estado já havia reconhecido as mortes dos guerrilheiros.
A denúncia ao coronel Curió pode mesmo cair nas provas?
A denúncia em si talvez não seja abordada, mas o contexto em que ela está inserida, a ditadura militar no Brasil, sim. O tema é recorrente nos processos seletivos. Nas provas de 2012, por exemplo, o assunto esteve presente em pelo menos uma questão dos vestibulares da Fuvest, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Federal do Paraná. O Enem também cobra esse tipo de questão, como fez na prova de 2009.
Para o professor de atualidades e história, Samuel Loureiro, do Cursinho do XI, de São Paulo, ao ver uma notícia como essa, o estudante precisa entender como foi o golpe militar de 1964 e o regime militar brasileiro, que durou de 1964 a 1985. O que foi a guerrilha do Araguaia e, principalmente, a lei de anistia também merece atenção.
– Leia o resumo da Ditadura Militar no Brasil
O fim do regime também precisa ser estudado. “É importante que os estudantes entendam que uma crise econômica, que assolava o Brasil e o mundo, foi a grande responsável pelo fim da ditadura militar, e não apenas os protestos contra o governo. Na década de 1970, o mundo vivenciou duas crises do petróleo (1973 e 1979), o que desestabilizou a economia e o governo de diversos países, inclusive do Brasil”, explica o professor.
Outra dica é conhecer as manifestações artísticas da época, bem representadas pelas músicas. “O estudante precisa saber reconhecer, por exemplo, os diferentes tipos de músicas que faziam naquela época. É importante, pois marcou a nossa cultura, muitos artistas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, foram exilados pelas suas manifestações políticas”, diz Samuel loureiro.
O professor lista três tipos de músicas produzias, que merecem atenção: as de protesto, como “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, de Geraldo Vandré; as músicas de alienação política, representada pela jovem guarda, como a música “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”; e as músicas ufanistas, que exaltavam o Brasil em um tempo de repressão, como a “Eu te amo meu Brasil”.
Leia também
– Como a crise na Síria pode ser cobrada nas provas?
– Entenda como o programa nuclear irianiano pode cair no vestibular
– Veja como a reintegração de posso de Pinheiro pode cair no vestibular