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Os EUA aprovaram um medicamento que previne contra o vírus da AIDS. Veja como ele funciona e relembre conceitos de biologia

Por Ana Prado
Atualizado em 24 fev 2017, 16h04 - Publicado em 30 jul 2012, 17h47


Imagem: reprodução

O FDA (Food and Drug Administration), órgão regulador de drogas e alimentos do governo americano, anunciou neste mês de julho a aprovação do Truvada, a primeira pílula para ajudar a prevenir a contaminação pelo HIV.

O medicamento, disponível no mercado americano desde 2004 como parte do coquetel usado para o tratamento de pessoas infectadas, agora pode ser prescrito por médicos para grupos de alto risco, como prostitutas ou casais em que um dos parceiros é soropositivo. Mas ele deve ser usado com outros meios de prevenção, como a camisinha, pois não pode impedir o contágio sozinho.

O Truvada bloqueia a ação das enzimas que permitem ao RNA se replicar dentro das células hospedeiras. Ele combina dois medicamentos: entricitabina (de nome comercial Emtriva) e tenofovir (Viread). O primeiro inibe a atividade da transcriptase reversa, a enzima que copia o RNA do vírus em novos DNA virais. Assim, reduz a carga viral no corpo do doente. O segundo interrompe a incorporação do HIV ao RNA das células humanas.


Molécula do entricitabina, ou C8H10FN3O3S

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Molécula do tenofovir, ou C19H30N5O10P • C4H4O4 (relaxa, não precisa decorar!)

É importante notar que essa pílula não atua como uma vacina. As vacinas agem por meio do sistema imunológico, enquanto o Truvada impede a reprodução do vírus por si mesmo. É por essa razão que o medicamento também é usado no tratamento de quem já tem o vírus, já que o HIV destrói o sistema imunológico dessas pessoas.

– Para saber mais sobre suas propriedades, veja este documento produzido pelo fabricante do medicamento (em inglês)

Veja um esquema animado da ação do Truvada aqui

SAIBA MAIS: O infectologista da Unesp Alexandre Naime Barbosa responde a três perguntas sobre o medicamento
Como é o mecanismo de ação do Truvada?
O Truvada® é o nome comercial da associação entre duas drogas antirretrovirais (anti-HIV), o tenofovir e a entricitabina, em um só comprimido. As duas agem inibindo uma enzima essencial para a reprodução do HIV, chamada transcriptase reversa (TR). A TR é responsável por transformar o RNA do HIV em uma fita dupla de DNA, que se integra no DNA das células dos seres humanos, e depois disso, forma bilhões de novos vírus. Com o uso da medicação antes da exposição ao vírus (uso profilático), altas concentrações dessas drogas são atingidas em todo o organismo, incluindo os órgãos genitais. Dessa forma, a reprodução inicial do HIV fica muito dificultada, e a contaminação é reduzida em cerca de 44%, como foi demostrado no estudo iPrEx (2010).
Por que o medicamento precisa ser usado em combinação com práticas como o uso de camisinha?
O uso do preservativo sexual continua sendo a forma mais eficaz na prevenção da aquisição do HIV, com taxas de 100% de proteção em pessoas aderentes ao método. A ideia de usar uma profilaxia medicamentosa surgiu justamente porque alguns grupos de altíssimo risco para aquisição do HIV tem baixa adesão à camisinha, como homens que fazem sexo com homens (HSH) e profissionais do sexo. O racional é fornecer um método alternativo, porém sempre ressaltando e enfatizando o uso do preservativo tradicional, porque o Truvada® isoladamente tem eficácia limitada, de apenas 44%. Pode parecer pouco, mas em grupos de alto risco, se trata de um ganho considerável. Outros limites ao uso indiscriminado dessa droga passam pelos inúmeros efeitos colaterais, geração de cepas do HIV resistentes a esses antirretrovirais e necessidade de alta aderência às tomadas da medicação.
Qual a diferença entre o Truvada e as vacinas?
O Truvada® não é uma vacina, pois não estimula o organismo a gerar uma resposta de imunológica (de defesa), e sim impede que uma etapa essencial para a reprodução do vírus seja completada. Muitas pesquisas estão em andamento para estudar a eficácia de algumas verdadeiras vacinas para o HIV, mas até agora os resultados, apesar de animadores, não permitem pensar em um produto disponível no mercado em curto prazo.

Se esse tema aparecer no vestibular, a banca examinadora provavelmente cobrará conhecimentos sobre vírus, retrovírus (caso do HIV) e vacinas. Vamos relembrar esses conceitos? Abaixo vai um apanhado geral do que o GE Biologia Vestibular + Enem 2013 traz sobre isso. (Saiba mais sobre a edição)

Os vírus

Vírus são basicamente uma cápsula de proteína (capsídio) envolvendo moléculas de DNA ou de RNA. Todos os seres vivos carregam em suas células as duas moléculas, mas não os vírus. Neles, só existem o DNA ou o RNA. Eles também não têm um citoplasma com organelas para a obtenção de energia. Assim, para sobreviver e se reproduzir, precisam invadir uma célula e roubar dela a infraestrutura. O ataque viral é simples e fulminante. Basta ele se encostar à superfície externa de uma célula (processo chamado absorção) e injetar nela seu material genético – DNA ou RNA (processo chamado penetração). A penetração pode se dar de diferentes formas:

• Por endocitose, quando a própria célula hospedeira “engole” o vírus, destrói o capsídio e absorve o material genético viral. É o que acontece com os vírus da gripe.

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• Por injeção do material genético, ficando o capsídeo do vírus fora da célula. Isso ocorre com vírus que atacam bactérias.

• E por fusão do capsídeo com a membrana da célula hospedeira. É o que faz uma classe especial de vírus, o retrovírus, como o HIV (veja abaixo).

Seja qual for o processo de penetração, uma vez que o material genético do vírus esteja no interior da célula, ele se multiplica e produz novos capsídeos para que nasçam novos vírus. Para saírem da célula hospedeira, eles acabam por destruí-la.


Imagem: GE Biologia Vestibular + Enem 2013

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Como o vírus faz pirataria

Os retrovírus são um tipo de vírus que só tem RNA, e, como qualquer vírus, também precisam invadir uma célula para sobreviver. Para “piratear” as informações genéticas da célula hospedeira, ele faz uma transcriptase reversa. Em vez de transcrever informações de um DNA para um RNA, a enzima transcreve informações do RNA viral para um DNA viral, que se integra ao DNA do hospedeiro e se multiplica normalmente. Os retrovírus podem permanecer latentes por anos. Um dia, o DNA adulterado recebe uma ordem para codificar as mensagens em RNA. Aí, o vírus se multiplica e infecta o organismo.

Como o organismo se defende

A guerra do organismo contra agentes agressores funciona como ações de sabotagem e contrassabotagem química. Do lado dos bandidos estão os microrganismos, que, quando invadem o organismo, podem se proliferar e danificar o funcionamento de alguns tipos de célula. O corpo identifica esses microrganismos como antígenos. Do outro lado, como mocinhos, estão os anticorpos – proteínas de defesa, sintetizadas pelo sistema imunológico.

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A batalha funciona assim: o sistema imunológico reconhece qualquer antígeno que invada o corpo que ameace sabotar o funcionamento das células e produz os anticorpos específicos para neutralizar sua ação danosa, reagindo com aquela substância. A reação química entre antígenos e anticorpos é específica. Isso significa que um anticorpo produzido na presença de determinado antígeno só reage com esse antígeno. Assim, o anticorpo que desativa o vírus do sarampo não funciona para o vírus da catapora, nem da meningite.

Depois de entrar em contato com um agente infeccioso, o sistema imunológico desenvolve células capazes de reconhecer esse agente caso ele volte a atacar, mesmo depois de várias décadas. São as chamadas células de memória. Mas nem sempre as células de memória conseguem imunizar o organismo por longos períodos. No caso da gripe, por exemplo, os vírus Influenza sofrem mutações muito rapidamente. Por isso, os anticorpos desenvolvidos pelo organismo num ano não previnem, necessariamente, contra o vírus do ano seguinte.


Imagem: GE Biologia Vestibular + Enem 2013. Clique para ampliar.

O corpo já nasce sabendo como se defender de algumas ameaças e adquire outras armas de defesa no decorrer da vida. O modo como o organismo adquire imunidade pode seguir vários caminhos:

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A imunização pode ser ativa ou passiva. A ativa consiste na produção de anticorpos pelo próprio organismo, quando ele é invadido por um antígeno. Neste caso, a informação fica armazenada em células de memória e, se o organismo entrar em contato com o antígeno outra vez, a resposta será rápida, específica e duradoura. Isso ocorre quando o corpo adquire imunização porque passa pela doença ou é vacinado. Já na imunização passiva, a pessoa recebe os anticorpos pré-formados contra determinado antígeno. Esses anticorpos atuam durante certo tempo no organismo e depois são eliminados, sem que se formem células de memória. Esse é um processo não duradouro e, às vezes, pouco específico. É o que acontece com os soros.

A imunização pode, ainda, ser natural ou artificial, dependendo de como é adquirida. A imunização natural ocorre quando o organismo entra em contato com o agente causador da doença e produz, naturalmente, anticorpos contra o patógeno ou a toxina. A imunização artificial é a induzida por meio da vacinação – ou seja, a inoculação no organismo de microrganismos vivos atenuados ou mortos, ou de componentes inativados desses microrganismos.

Basta um pedacinho do antígeno para que o sistema imunológico aprenda a reconhecer a ameaça e dê uma resposta primária, produzindo anticorpos específicos e formando células de memória. A resposta imunológica secundária acontece com a aplicação de dose de reforço da vacina, ou quando o organismo vacinado entra em contato com o agente agressor. Nesses momentos, o sistema imunológico reforça a capacidade das células de memória e a ação dos anticorpos. (veja o infográfico acima).

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