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Nova proposta de redação: o amor na contemporaneidade

Por Ana Prado
Atualizado em 24 fev 2017, 15h52 - Publicado em 5 jul 2013, 21h21

A proposta de redação desta semana foi tirada do vestibular 2013/2 da Universidade Federal de Goiás (UFG). Você pode escolher entre dois tipos de redação: conto ou editorial; portanto, teremos duas redações escolhidas para a correção, uma para cada formato.

Leia os textos abaixo e siga as instruções. A leitura da coletânea é obrigatória. Ao utilizá-la, você não deve copiar trechos ou frases. Quando for necessária, a transcrição deve estar a serviço do seu texto.

TEMA:

Amor na contemporaneidade: condição para a realização pessoal ou aprisionamento de subjetividades?

 

COLETÂNEA:

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1. Todo o amor que houver nessa vida

Cazuza/Frejat

Eu quero a sorte de um amor tranquilo

Com sabor de fruta mordida

Nós na batida, no embalo da rede

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Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio

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Pelo inferno e céu de todo dia

Pra poesia que a gente não vive

Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum veneno antimonotonia

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E se eu achar a tua fonte escondida

Te alcanço em cheio, o mel e a ferida

E o corpo inteiro como um furacão

Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum remédio que me dê alegria

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2. O amor romântico prega coisas mentirosas, diz psicanalista

Hamurabi Dias

O amor. Um dia ele chega para todo mundo, acredite você leitor (leitora), ou não. Na contemporaneidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro “O Amor Líquido”, transforma a célebre frase marxista – “tudo que é sólido se desmancha no ar” – em ponto de partida para debater a fragilidade dos laços humanos e lançar o conceito de “líquido mundo moderno”.

Em síntese, o autor traz uma reflexão crítica de como esse mundo “fluido”, uma das principais características dos compostos líquidos, fragilizou os relacionamentos humanos. O sociólogo observa que o amor tornou-se, na sociedade moderna, como um passeio no shopping center – ícone do capitalismo – e como tal deve ser consumido instantaneamente e usado uma só vez, sem preconceito. É o que considera a sociedade consumista do amor.

Pois bem, é nesta linha fluida, sem preconceito e destarte liberal, com frases como “Ter parceiro único pode se tornar coisa do passado” e “Variar é bom, todo mundo gosta”, que a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, crítica do que considera “amor romântico”, lança os dois volumes do “O Livro do Amor”.

“O Livro do Amor” é um estudo que começa desde a pré-história, seguindo por todos os períodos da humanidade, até chegar à atualidade. “Descobri coisas muito interessantes, como que o amor é uma construção social, e que em cada época ele se apresenta de uma forma”, avalia.

No século XX, o livro é dividido em três partes. Para a psicanalista o que mudou o amor na contemporaneidade foram duas invenções: o automóvel e o telefone. “Pela primeira vez na história as pessoas puderam marcar encontro pelo telefone, mesmo com os moralistas defendendo que era uma indecência a voz do homem entrar pelo ouvido da mulher”, lembrou.

Regina Navarro Lins acredita que muito dos nossos comportamentos atuais têm origem em períodos históricos passados, como o “amor romântico”, surgido lá… no século XII. “Eu aponto também as tendências de como o amor está se transformando. A repressão diminuiu, ainda bem. O sexo é da natureza, é desejável, mas a nossa cultura judaico-cristã sempre viu o sexo com maus olhos. Nos últimos dois mil anos foi visto como algo abominável, a repressão sexual foi horrorosa”, apontou.

Sobre o tão alardeado amor romântico, Lins inicia sua crítica observando o caráter sub-humano que foi atribuído à mulher ao longo dos anos. “A mulher foi considerada incompetente e burra. O cavalheirismo é uma ideia péssima para as mulheres. Gentileza é outra coisa. O cavalheirismo implica sempre em o homem tratar a mulher como se ela fosse incompetente. Não tem sentido, se observarmos como a mulher foi considerada no passado, até hoje pessoas defenderem a ideia de que a mulher não pode puxar uma cadeira”, comparou a psicanalista.

Regina Navarro defende também que o amor romântico é baseado na idealização do outro, a invenção de uma pessoa, atribuindo a ela características que não tem. “Depois passa a vida ‘azucrinando’ o outro para mudar o jeito de ser, para se enquadrar naquilo que se imaginou.

Esse tipo de amor prega coisas mentirosas, como de que não existe desejo por mais ninguém, de que os amados vão se completar e nada mais vai faltar, que um terá todas as suas necessidades completadas pelo outro. É um amor prejudicial, o que critico é o que ele propõe. As pessoas só vão viver bem em um relacionamento se houver a liberdade de ir e vir”, observou.

(Disponível em: <https://www.bomdiafeira.com.br/noticias/palco-cultural/9534/O+amor+rom%C3%A2ntico+prega+coisas+mentirosas,+diz+psicanalista&gt;. Acesso em: 22 maio 2013. Adaptado).

 

3. Nunca ter amado é uma forma terrível de ignorância

Luiz Felipe Pondé

Somos um nada que ama.

A filosofia da existência é uma educação pela angústia. Uma vez que paramos de mentir sobre nosso vazio e encontramos nossa “verdade”, ainda que dolorosa, nos abrimos para uma existência autêntica.

Deste “solo da existência” (o nada), tal como afirma o filósofo dinamarquês, Soren Kierkegaard (1813-1855), em seu livro “A Repetição”, é possível brotar o verdadeiro amor, algo diferente da mera banalidade.

Sua filosofia do amor é menos conhecida do que sua filosofia da angústia e do desespero, mas nem por isso é menos contundente.

Seu livro “As Obras do Amor, Algumas Considerações Cristãs em Forma de Discursos”, traduzido pelo querido colega Álvaro Valls, maior especialista no filósofo dinamarquês no Brasil, é um dos livros mais belos que conheço.

A ideia que abre o livro é que o amor “só se conhece pelos frutos”. Vê-se assim o caráter misterioso do amor, seguido de sua “visibilidade” apenas prática.

Angústia e amor são “virtudes práticas” que demandam coragem.

Kierkegaard desconfia profundamente das pessoas que são dadas à felicidade fácil porque, para ele, toda forma de autoconhecimento começa com um profundo entristecimento consigo mesmo.

Numa tradição que reúne Freud, Nietzsche e Dostoiévski (e que se afasta da banalidade contemporânea que busca a felicidade como “lei da alma”), o dinamarquês acredita que o amor pela vida deita raízes na dor e na tristeza, afetos que marcam o encontro consigo mesmo. Deixo com você, caro leitor, uma de suas pérolas: “Não, o amor sabe tanto quanto qualquer um, ciente de tudo aquilo que a desconfiança sabe, mas sem ser desconfiado; ele sabe tudo o que a experiência sabe, mas ele sabe ao mesmo tempo que o que chamamos de experiência é propriamente aquela mistura de desconfiança e amor… Apenas os espíritos muito confusos e com pouca experiência acham que podem julgar outra pessoa graças ao saber.”

Infelizes os que nunca amaram. Nunca ter amado é uma forma terrível de ignorância.

Disponível em: <https://www.paulopes.com.br/2011/06/nunca-ter-amado-e-uma-forma-terrivel-de.html#.UQkRT-Ka5OA&gt;. Acesso em: 6 fev. 2013. (Adaptado).

4.

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Propostas de redação

A – Editorial

O editorial é um gênero do discurso argumentativo que tem a finalidade de manifestar a opinião de um jornal, de uma revista, ou de qualquer outro órgão de imprensa, a respeito de temas ou acontecimentos importantes no cenário nacional ou internacional. Não é assinado porque não deve ser associado a um ponto de vista individual. Deve ser objetivo e informativo. Além de apresentar opiniões assumidas pelo veículo de imprensa, costuma também resumir opiniões contrárias, para refutá-las.

Imagine que você seja editor de uma revista de circulação nacional e tenha que escrever o editorial referindo-se à matéria principal daquele número da revista, que é sobre o amor na contemporaneidade. Em seu texto, você deve comentar fatos e dados que situem esse sentimento e defender o ponto de vista apresentado na matéria acerca da polêmica existente entre o amor como condição para realização pessoal e o amor como forma de aprisionamento de subjetividades.

 

B – Conto

O conto é uma narrativa ficcional. Sua configuração material é pouco extensa. Essa característica exige um número reduzido de personagens, esquema temporal e espacial econômico e um número limitado de ações. O narrador constrói o ponto de vista a partir do qual a história será contada. Em geral, é carregado de tensão e termina em um clímax. O enredo estabelece um único conflito. No desenvolvimento do texto, o conflito poderá ou não ser solucionado.

Escreva um conto em primeira pessoa, narrando a história de uma personagem solitária que vive um conflito psicológico diante de suas incertezas sobre a constituição do amor. Narre suas lembranças de histórias passadas, suas alegrias, tristezas, decepções, projetos de futuro etc., relacionando-as com o tempo e o espaço atuais da(s) cena(s) narrada(s). A narrativa em primeira pessoa deve estabelecer um conflito baseado em ideias que discuta o amor na contemporaneidade, e o clímax deste conflito deve envolver os dilemas do narrador-personagem diante das concepções do amor como possibilidade de realização pessoal ou como aprisionamento da subjetividade.

 

Você pode enviar seu texto até quinta-feira, dia 11 de julho, para o e-mail: redacaoguia@gmail.com. Coloque seu nome completo, idade e cidade. Ele poderá ser avaliado e publicado aqui no blog.

 

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Nova proposta de redação: o amor na contemporaneidade
Nova proposta de redação: o amor na contemporaneidade
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