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De olho na História: A Guerra da Bósnia

TERROR E BRUTALIDADE NOS BÁLCÃS

Há 25 anos, a dissolução da Iugoslávia deu origem à Guerra da Bósnia, o mais sangrento conflito na Europa desde a II Guerra Mundial

O HORROR. Peritos analisam corpos enterrados em uma vala comum em Sarajevo, durante a Guerra da Bósnia ()

Genocídio, campos de extermínio, torturas, massacres. Durante quase toda a primeira metade do século XX, a Europa conviveu com o terror dos conflitos armados em duas grandes guerras. Mais de quatro décadas depois, quando acreditava que episódios dessa natureza haviam sido superados, o continente volta a ser palco de mais um brutal conflito. Em 1992, o processo de independência da Bósnia recriou um cenário de tensões étnicas que, em três anos, foi responsável por mais de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados.

A Guerra da Bósnia remete ao processo de unificação dos povos eslavos na região dos Bálcãs, sudeste da Europa. Após a I Guerra Mundial (1914-1918) foi formado o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que passou a se chamar Iugoslávia em 1929. O país multiétnico reúne sérvios, croatas, eslovenos, montenegrinos, macedônios, bósnios e albaneses.

Com o fim da II Guerra Mundial (1939- 1945), o marechal Josip Broz Tito comandou a formação de uma federação comunista na Iugoslávia, integrada por seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Macedônia e Montenegro. Após a morte de Tito, em 1980, e a derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, os movimentos separatistas ganharam força na Iugoslávia, iniciando um sangrento processo de desmembramento.

O começo da guerra

O parlamento da Bósnia-Herzegóvina declarou a independência em outubro de 1991, a ser referendada por meio de plebiscito popular. Foi aí que os conflitos entre os três principais grupos étnicos do país tornaram-se evidentes. A minoria sérvia, formada por cristãos ortodoxos, reiteravam o desejo de manter a república sob domínio da Iugoslávia. Já os croatas, de religião católica, e o povo bósnio-muçulmano, que representava 44% da população, desejavam a criação de seus próprios Estados independentes.

Sob boicote dos sérvios, o plebiscito, em fevereiro de 1992, confirmou a independência. Insatisfeitas com o resultado, milícias sérvias financiadas pelo ditador sérvio da Iugoslávia Slobodan Milosevic foram à luta para impedir a separação da Bósnia. O país entra em guerra.


No Massacre de Srebrenica, mais de 8.000 bósnio-muçulmanos foram assassinados


Limpeza étnica

A capital da Bósnia, Sarajevo, é sitiada pelos sérvios, que usam a “limpeza étnica” contra os bósnios como tática de guerra. Atiradores posicionados no alto de prédios realizam assassinatos em funerais e enterros. Atentados, bombardeios e ataques aéreos em locais públicos tornam-se recorrentes, bem como estupros coletivos, práticas de tortura e espancamentos em campos de concentração, utilizados para exilar muçulmanos e croatas. Muitos são expulsos do país e têm de deixar suas famílias.

O cenário da guerra se torna ainda mais complexo com as reconfigurações das alianças nas frentes de batalha. Em 1993, a Croácia entra na guerra para tentar anexar a Herzegóvina, no sudeste da Bósnia. Essa iniciativa leva bósnios e sérvios a se unirem contra os croatas. Por sua vez, croatas e sérvios combatem as resistências muçulmanas na região central. E, mesmo entre os muçulmanos, há disputas fratricidas por territórios no norte.

Em 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU) enviou uma força de paz e criou uma zona de proteção nas cidades de Srebrenica, Zepa e Gorazde, no leste da Bósnia, que passaram a receber pessoas que viviam nas áreas de maior risco. A atuação da ONU conteve as forças sérvias, mas não por muito tempo.

O Massacre de Srebrenica

O episódio mais violento do conflito estava sendo arquitetado. Sob o comando do general Ratko Mladic, o Exército servo-bósnio bloqueou as cidades de Srebrenica e Zepa, ignorando a presença de tropas da ONU na região.

Srebrenica, local de refúgio de milhares de civis, foi palco do horror das execuções em massa, mutilações e torturas. Os caminhões que retiravam mulheres e crianças da cidade também conduziam homens e meninos, em sua maioria bósnio-muçulmanos, a áreas de extermínio coletivo. Estima-se que mais de 8 mil pessoas tenham perdido suas vidas durante os cinco dias que o massacre durou.

O genocídio provocou indignação mundial. Em agosto, as forças da Otan, a aliança militar ocidental, lançaram uma ofensiva, bombardeando as posições sérvias, que sofreram diversas baixas.

A guerra terminou em novembro de 1995, com a assinatura de um tratado de paz entre bósnios, sérvios e croatas. Pelo Acordo de Dayton, a Bósnia-Herzegóvina foi dividida em duas entidades semiautônomas: a República da Sérvia e a Federação da Bósnia. A divisão de poder foi resolvida com a instituição de uma presidência coletiva, com um sérvio, um croata e um bósnio. No entanto, a Bósnia permanece ainda hoje sob supervisão externa, na figura de um representante da Comunidade Internacional. São heranças de uma guerra que ainda hoje reverbera nas relações internas do país.

De olho na História: A Guerra da Bósnia
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