Biosfera: Conferências ambientais
MARCO ECOLÓGICO a Eco 92, realizada no rio de Janeiro, em 1992, reuniu autoridades de todo o mundo para debater a mudança climática e a preservação ambiental
Ambientalismo em pauta
Eventos internacionais reúnem lideranças políticas e científicas para debater as questões ambientais. Mas os compromissos dos países para promover os avanços necessários ainda são tímidos
Devido à pressão crescente da comunidade científica, além de ONGs, movimentos sociais e outros setores da sociedade civil, as questões ambientais passaram a integrar a agenda política internacional. Desde o primeiro evento com a presença de chefes de Estado para tratar da temática ambiental, ocorrido em Estocolmo, em 1972, até a Rio+20, em 2012, houve alguns avanços no combate à degradação ambiental, como a aprovação de documentos, adoção de princípios comuns e assinatura de convenções em defesa do meio ambiente.
Avançou-se também na perspectiva adotada: a maioria dos governantes concorda atualmente que a questão ambiental não está desvinculada das questões sociais, ou seja, não basta cuidar do meio ambiente, é preciso atender às necessidades das populações humanas, sobretudo dos mais pobres. Critica-se, porém, a lentidão na implantação de medidas que de fato contribuam para essas transformações, condicionadas às relações econômicas.
Os principais eventos ambientais
O primeiro evento com a presença de chefes de Estado para tratar da temática ambiental foi a Conferência Mundial de Estocolmo, ocorrido em 1972 na capital da Suécia. Promovida pela ONU, o encontro abordou pela primeira vez a produção dos países ricos como causa importante da degradação da natureza. Foram debatidas também questões referentes ao controle de natalidade e a estagnação econômica. A Declaração de Estocolmo reuniu 26 princípios e ações voltadas para a redução dos impactos ambientais.
Eco 92, também representou outro marco importante. A conferência mundial sobre meio ambiente realizada no Rio de Janeiro, em 1992, foi organizada com o objetivo de minimizar os impactos ambientais a partir de um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável (veja mais sobre o conceito de sustentabilidade ao lado). O encontro aprovou o documento Convenção sobre a Mudança do Clima, que trata do aquecimento global, e a Convenção sobre a Diversidade Biológica, sobre a preservação de ecossistemas. Além disso, elaborou a Agenda 21, um plano que estabelece estratégias globais para promover o desenvolvimento sustentável no mundo, que envolve mudanças de padrão de consumo e produção, principalmente pelos países mais ricos.
A partir da Eco 92, estabeleceu-se a realização de encontros anuais, denominados Conferência Geral das Partes (cuja sigla é COP), para aprofundar as discussões ambientais. Na terceira COP, realizada em Kyoto, no Japão, foi assinado o Protocolo de Kyoto, o primeiro acordo ofcial com metas e prazos para a redução de gases do efeito estufa (veja mais na pág. 90).
Dez anos depois após a realização da Eco 92, a cidade de Johannesburgo, na África do Sul, sediou a Rio+10 para discutir os avanços obtidos desde o encontro no Rio de Janeiro. Ao fnal do evento foi elaborado um plano para a implementação da Agenda 21, que, entretanto, frustrou expectativas por ter sido apenas um documento de diretrizes e soluções, que não tinha força de lei.
Em 2012, o Rio de Janeiro voltou a reunir lideranças mundiais de todo o mundo para fazer um balanço da Eco 92. A Rio+20 desenvolveu o conceito de “economia verde”, que propõe a construção de uma sociedade sustentável, que freie a degradação do meio
Desenvolvimento sustentável
A pressão sobre a biodiversidade do planeta advém principalmente de um padrão de desenvolvimento econômico baseado na superexploração dos recursos naturais. Para tentar impor limites ao uso predatório do meio ambiente, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou, em 1987, o relatório Nosso Futuro Comum, que define o importante conceito norteador de desenvolvimento sustentável, aquele que “atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. A ideia de sustentabilidade diz respeito à noção de que a sociedade deve viver com os recursos naturais que o meio ambiente pode lhe fornecer, e não com o que ela deseja que a Terra lhe forneça. O desafio é aliar o progresso econômico à preservação do meio ambiente, o que exige uma mudança no modelo de desenvolvimento e nos padrões de consumo vigentes.
Falta planejamento para que o Brasil invista num modelo verde, diz estudo
Enquanto parte do mundo investe em uma nova indústria que produza mais, poupe energia e, assim, suje menos o ambiente com gases do efeito estufa, o Brasil segue parado nessa transição. É o que concluiu um estudo sobre o setor feito pelo Instituto Escolhas (…).
“O grosso da indústria nacional é de baixa e média tecnologias. É também bastante poluente e ineficiente, com uma aposta em
commodities sem valor agregado”, afirma Ricardo Sennes, diretor da consultoria Prospectiva. (…) A atual indústria de base do país, que fabrica insumos para setores fundamentais da economia, como a construção civil, é dependente de muita energia para operar. (…)
Folha de S.Paulo, 28/11/2016