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‘Farsa de Inês Pereira’ – Análise da obra de Gil Vicente

Entenda os principais aspectos da obra

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 10 fev 2021, 10h31 - Publicado em 8 fev 2021, 19h18
A Farsa de Inês Pereira
A Farsa de Inês Pereira (Pinterest/Reprodução)

 

Tendo como mote um ditado popular, “mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube”, Gil Vicente escreveu esta comédia de costumes retratando o comportamento amoral da degradante sociedade da época.

Leia o resumo de Farsa de Inês Pereira

A degradação dos costumes
Portugal estava no auge de seu império quando “Farsa de Inês Pereira” foi representada pela primeira vez, no ano de 1523. Com o desenvolvimento do capitalismo mercantil e a decadência da nobreza feudal, o país vivia em uma grande contradição: de um lado estava o Portugal rural e camponês (maior parte do país), e de outro estava a rica cidade da corte, Lisboa. Dentro desse cenário, tinha-se a plebe tentando de todas as formas obter ascensão social, e a decadente nobreza feudal tentando assegurar seu alto status.

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Enquanto a nova classe burguesa via a expansão marítima sob o ponto de vista do capitalismo mercantil, a decadente aristocracia ainda se baseava nos valores ideológicos medievais, ou seja, as expansões marítimas eram vistas com um caráter heroico e religioso, como nas antigas cruzadas medievais. Isso era devido ao fato da aristocracia não conseguir manter o novo padrão de riqueza exigido pelo comércio ultramarino. Assim, para tentar manter seu status social, a aristocracia enaltecia os velhos valores cavalheirescos: origem de sangue, fineza, boas maneiras, honra e coragem. Dessa forma, todos aqueles que quisessem obter ascensão social deveriam se enquadrar nesse molde ditado pela decadente, porém ainda influente, classe aristocrática.

Esse é o núcleo temático presente nessa obra de Gil Vicente. Nela, a personagem Inês Pereira, uma típica pequeno-burguesa que despreza a vida rústica do campo, sonha em conseguir através do casamento sua ascensão social. A figura de seu homem ideal (cavalheiro elegante, educado e com trato social) é o típico representante da fidalguia. A ausência de escrúpulos de Inês Pereira, que primeiro casa-se por interesse com Brás da Mata e, após ficar viúva, casa-se com Pero Marques e o trai descaradamente, é emblemática da forma de pensar disseminada na época.

O escudeiro Brás da Mata, representante de uma camada social decadente, aparece como uma personagem que procura imitar os trejeitos de seus superiores. Através da imagem de um degradante cavalheiro heroico e educado, Gil Vicente critica não só a classe dos escudeiros presunçosos, que já não têm mais o status social de antes, mas também toda a aristocracia, que também agia como uma caricatura.

Estrutura
Estruturalmente, peça é uma farsa (peça humorística) em um ato e é composta por 30 cenas enredadas com começo, meio e fim. Além disso, é um teatro poético, dividido em estrofes geralmente formadas por nove versos, sendo que estes são redondilhos maiores (sete sílabas poéticas) rimados (geralmente no padrão abbaccddc).

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A ação se passa em um lugar indeterminado. Da mesma forma, o tempo também é impreciso, mas pode-se deduzir que a ação se passa na mesma época em que foi representada (início do século XVI).

Comentário do professor
O prof. Roberto Juliano, do Cursinho da Poli, acha importante frisar que Gil Vicente era um dramaturgo da corte. Portanto, ele nunca irá atacar frontalmente a monarquia e o clero. Como o professor costuma chamar, Gil Vicente possuía um “papel ecológico”, fazendo o equilíbrio entre a moralidade e a corrupção dos valores em seu tempo. Em “Farsa de Inês Pereira”, ele não irá fazer um ataque às instituições formais, mas sim tratar da decadência dos valores na formação da família. Nesta obra, entra em cena o casamento por interesse e não o casamento como união de duas pessoas que se amam.

Inês, personagem principal da obra, casa-se porque deseja se livrar das obrigações domésticas e fugir do “jogo da família”. Porém, como o próprio mote da obra diz, ela “cai do cavalo” e acaba casando-se com um homem que não era nada do que ela esperava e só sofre por conta disso. Após o marido morrer, ela casa-se novamente com um homem rico, porém, simples e com um linguajar inculto. O prof. Roberto ressalta que o fato de Inês desgostar do modo como Pero Marques se comunica revela um preconceito linguístico já existente naquele tempo e muito em discussão nos dias atuais. Além disso, o professor relembra que esta crítica aos costumes está presente em outras obras de Gil Vicente, tais como “O velho da horta”. Assim, o ponto central da obra e que, portanto, o aluno deve ficar atento é a forma como Gil Vicente trabalha a sua crítica em “Farsa de Inês Pereira”.

 

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