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“O tempo e o vento” – Resumo da obra de Érico Veríssimo

Entenda o enredo da obra

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 12 abr 2018, 15h54 - Publicado em 16 set 2012, 23h45

Composta de três romances – “O Continente”, “O Retrato” e “O Arquipélago” –, a obra traz acontecimentos e histórias de dimensões épicas, que narram 200 anos do processo de formação do estado do Rio Grande do Sul.

– Leia a análise de O Tempo e O Vento

Resumo
Livro 1: O Continente
Publicados originalmente em 1949, a saga de “O Tempo e o Vento” começa com os dois volumes de “O Continente”. Esta primeira parte da trilogia narra o nascimento do Estado do Rio Grande do Sul através das famílias Terra, Caré, Cambará e Amaral.

Capítulo “Um certo Capitão Rodrigo”
Alguns capítulos dos três romances merecem destaque, seja pelo apuro estilístico do autor, seja pela temática desenvolvida. “Um Certo Capitão Rodrigo”, presente na primeira parte da trilogia, “O Continente”, merece essa atenção especial. O capítulo tem o mérito de retratar, ou recriar, a imagem do homem gaúcho forte, bravo, destemido, na figura do personagem principal: capitão Rodrigo Cambará.

A cena da chegada do capitão Rodrigo à cidade de Santa Fé já é suficiente para passar essa ideia do homem gaúcho, tanto pelas vestimentas como pela personalidade:

“Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.

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Tinha um violão a tiracolo; sua espada, apresilhada aos arreios, rebrilhava ao sol daquela tarde de outubro de 1828 e o lenço encarnado que trazia ao pescoço esvoaçava no ar como uma bandeira. Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido:

– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!
– Pois dê”

A descrição do valente e imponente capitão entrando no pacato vilarejo, seguida do desaforado cumprimento da chegada, antecipa o incômodo que essa figura produzirá em tal espaço. O dono da resposta curta e grossa que aceita o confronto, porém, não se tornará seu antagonista na história. Será seu futuro cunhado, Juvenal Terra.

A importância desse capítulo está no fato de que – além de apresentar a figura típica do gaúcho encarnada pelo capitão Rodrigo – mostra a união dos dois grandes sobrenomes que marcarão, na obra, a formação do estado do Rio Grande do Sul: os Terras e os Cambarás.

Apaixonando-se perdidamente por Bibiana Terra, o capitão a conquista após minar sua resistência e a de sua família, além de ter vencido em um duelo o pretendente rico de Bibiana: Bento Amaral, filho do coronel Ricardo Amaral. Essa união representa, estruturalmente, o eixo das duas famílias que irão protagonizar toda a trilogia.

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O carisma de Rodrigo Cambará acaba por conquistar, de fato, não apenas Bibiana Terra, mas vários moradores de Santa Fé, como o padre Lara e Juvenal Terra, com quem monta um negócio. A figura do capitão, no entanto, distancia-se em todos os momentos do perfil do bom moço. Mesmo depois de casado com Bibiana, Rodrigo Cambará mantém o gosto pelo carteado, pela bebida e, principalmente, por outras mulheres.

O antagonista de Rodrigo Cambará é Bento Amaral, com o qual trava uma luta atrás do muro do cemitério, após um desentendimento em uma festa de casamento. Nesse confronto, o filho do coronel, desonrando a batalha, utiliza uma arma de fogo contra o capitão.

Antes de dar o tiro à traição, Amaral quase recebe a marca do capitão Rodrigo: um “R” na testa. Surpreendido pelo disparo, no entanto, o capitão só tem a possibilidade de talhar um “P”. Falta-lhe tempo para completar a letra “R”. A cena final desse capítulo é a invasão do casarão da família Amaral. Nesse episódio, morre o capitão Rodrigo Cambará, deixando órfão o filho Bolívar:

“O tiroteio começou. A princípio ralo, depois mais cerrado. O padre olhava para seu velho relógio: uma da madrugada. Apagou a vela e ficou escutando. Havia momentos de trégua, depois de novo recomeçavam os tiros.

E assim o combate continuou madrugada adentro. Finalmente se fez um longo silêncio. As pálpebras do padre caíram e ele ficou num estado de madorna, que foi mais uma escura agonia do que repouso e esquecimento. O dia raiava quando lhe vieram bater à porta. Foi abrir. Era um oficial dos farrapos cuja barba negra contrastava com a palidez esverdinhada do rosto. Tinha os olhos no fundo e foi com a voz cansada que ele disse:

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– Padre, tomamos o casarão.
Mas mataram o capitão Rodrigo – acrescentou, chorando como uma criança.
– Mataram?

O vigário sentiu como que um soco em pleno peito e uma súbita vertigem. Ficou olhando para aquele homem que nunca vira e que agora ali estava, à luz da madrugada, a fitá-lo como se esperasse dele, sacerdote, um milagre que fizesse ressuscitar Rodrigo.

– Tomamos o casarão de assalto. O capitão foi dos primeiros a pular a janela. – Calou-se, como se lhe faltasse fôlego.
– Uma bala no peito…”

Livro 2: O Retrato
Rodrigo Terra Cambará decide voltar a sua terra-natal, Santa Fé, após ter ido estudar medicina em Porto Alegre. Nesse segundo romance da trilogia acompanha-se a decadência social de Santa Fé na passagem para o século 20 causada por interesses e jogos políticos.

Livro 3: O Arquipélago
O terceiro e último romance da trilogia “O tempo e o vento” narra a volta de Rodrigo Cambará à Santa Fé depois de passar muitos anos no Rio de Janeiro ao lado do então presidente Getúlio Vargas, seu amigo e aliado. Assim, o poder da família Terra Cambará, que era somente local, adquire em “O Arquipélago” um âmbito nacional. Após o fim do Estado Novo, Rodrigo está derrotado politicamente e doente. Rodrigo se vê na luta de não morrer na cama, uma vez que “Cambará macho não morre na cama”.

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Sobre Érico Veríssimo
Érico Lopes Veríssimo nasceu em 17 de dezembro de 1905 na cidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul. Aos 13 anos, Érico já lia autores nacionais e internacionais. Em 1920 foi estudar em Porto Alegre e dois anos depois seus pais se separaram. Assim, Érico foi morar com seus irmãos e mãe na casa da avó materna.

Para ajudar nas finanças da família, ele começou a trabalhar como balconista no armazém de seu tio, até que conseguiu uma vaga no Banco Nacional do Comércio. Algum tempo depois, mudou-se com sua mãe e irmãos para Porto Alegre. Lá, Érico adoeceu e perdeu seu emprego no Banco. Por conta dessas dificuldades, a família resolve voltar para Cruz Alta, onde Érico torna-se sócio de uma farmácia. Ao lado dessas obrigações, ele dava aulas de inglês e literatura.

Em 1929, Érico publica “Chico: um conto de Natal” e outros contos na “Revista do Globo”, de Porto Alegre. No ano seguinte a farmácia entra em falência e Érico resolve mudar-se para Porto Alegre. Lá ele conhece diversos escritores renomados e toma mais contato com as vanguardas literárias do país. No final de 1930 é contratado como secretário de redação da “Revista do Globo”.

Em 1931, casa-se com Mafalda Halfen Volpe, com quem teria dois filhos. Durante essa época trabalha em outros jornais e realiza algumas traduções de obras estrangeiras. No ano seguinte, é promovido a diretor e passa a atuar também no Departamento Editorial da Livraria do Globo. Em 1933 publica seu primeiro romance, “Clarissa”. Nessa época, Érico publica também alguns livros infantis. Em 1938, publica “Olhai os lírios do campo”, um de seus maiores sucessos literários.

Em 1941, passa três meses nos Estados Unidos. Dessa sua estadia em terras norte-americanas, Érico tirou inspiração para escrever “Gato preto em campo de neve”. Motivado por discordâncias políticas frente a ditadura do governo Vargas, muda-se para os Estados Unidos em 1942, onde leciona Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia. Ao voltar para o Brasil, publicou A volta do gato preto (1946). Em 1947, Érico Veríssimo começa a escrever a sua obra-prima, a trilogia “O tempo e o vento”. Dois anos depois, publica o primeiro volume dessa obra.

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Em 1953, Érico volta para os Estados Unidos ocupando um caro na Organização dos Estados Americanos a convite do governo brasileiro. No ano seguinte, ganha o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Alguns anos depois vai à Europa pela primeira vez.

Em 1962, publica “O Arquipélago”, último volume de sua trilogia “O tempo e o vento”. Três anos depois, ganha o Prêmio Jabuti pelo livro “O senhor embaixador”. Após esse, Érico publica diversos outros livros.

Em 28 de novembro de 1975, Érico Veríssimo sofre um infarto e falece deixando inacabados sua autobiografia e um romance.

Suas principais obras são: “Música ao longe” (1936), “Olhai os lírios do campo” (1938), “O tempo e o vento” (1949-1962) e “Incidente em Antares” (1971). Além dessas obras, Érico Veríssimo publicou contos, livros de literatura infantil, ensaios e críticas de literatura.

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