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João Guimarães Rosa – biografia do escritor

O autor criou uma narrativa original na literatura brasileira, utilizando recursos da linguagem oral escrita, regional e arcaica

Por redação
Atualizado em 20 Maio 2019, 16h45 - Publicado em 2 ago 2017, 13h59
Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons (Reprodução/Wikimedia Commons)

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, em Minas Gerais, em 27 de junho de 1908. Era o mais velho dos seis filhos do comerciante Florduardo Pinto Rosa e de Francisca Guimarães Rosa. Autodidata, começou ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês, quando nem completara 7 anos. Tendo ido morar com os avós em Belo Horizonte, terminou ali o curso primário iniciado em Cordisburgo. Depois de breve tempo num internato em São João Del Rei, retornou à capital mineira, onde concluiu o curso secundário. Em 1925 matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, formando-se em 1930.

Em 27 de junho desse mesmo ano, ao completar 22 anos, casou-se com Lígia Cabral Penna, de apenas 16, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. O casamento duraria poucos anos. Passou a exercer a profissão de médico, clinicando em Itaguara, então município de Itaúna (MG), onde permaneceu por aproximadamente dois anos. Foi no dia-a-dia dessa localidade que teve um primeiro encontro com os elementos e a realidade do sertão, que passaram a servir de referência e inspiração para sua obra.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, Guimarães Rosa serviu como médico voluntário da Força Pública. Mais tarde foi aprovado no concurso para o quadro da Força Pública. Em 1933 foi transferido para a cidade de Barbacena, na qualidade de oficial médico do 9º Batalhão de Infantaria.

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Decidiu ingressar na carreira diplomática e foi aprovado em 1934 em concurso para o Itamaraty. Entre as funções que exerceu no exterior, destacam-se as de cônsul em Hamburgo, na Alemanha (1938/1942) – onde conheceu Aracy Moebius de Carvalho (Ara), sua segunda mulher –, secretário de embaixada em Bogotá, na Colômbia (1942/1944), e primeiro-secretário e conselheiro de embaixada em Paris (1948/1951). De volta ao Brasil, em 1951, assumiu outros cargos no Itamaraty, sendo promovido em 1958 a ministro de primeira classe, cargo correspondente a embaixador.

Ao lado de sua atividade profissional, como médico ou como diplomata, Guimarães Rosa nunca deixou de escrever. Tinha também paixão por aprender outros idiomas. Seus conhecimentos nesse campo impressionavam pela amplitude: falava fluentemente alemão, francês, inglês, espanhol, italiano e esperanto, além de um pouco de russo. Lia em sueco, holandês, latim e grego. Havia estudado também a gramática das seguintes línguas: húngaro, árabe, sânscrito, lituano, polonês, tupi, hebraico, japonês, tcheco, finlandês e dinamarquês.

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A estréia literária de Guimarães Rosa se deu em 1929, quando a revista O Cruzeiro publicou alguns contos seus, vencedores de um concurso literário da edição. Em 1936, a coletânea de versos Magma, obra que só viria a ser publicada postumamente, recebeu o Prêmio Academia Brasileira de Letras. Seu primeiro livro, a coletânea de contos Sagarana, foi publicado em 1946. A obra chamou atenção pela linguagem inovadora, pela singular estrutura narrativa e pela riqueza de simbologia dos contos, que o escritor havia começado a escrever dez anos antes. As histórias se passam em fazendas mineiras, tendo como personagens vaqueiros e criadores de gado.

Epopeia em Minas Gerais

O escritor fez, em maio de 1952, um percurso de 240 quilômetros no sertão mineiro, durante dez dias, conduzindo uma boiada. Na viagem, anotou expressões, casos, histórias, procurando apreender de forma mais profunda aquele universo com o qual tinha contato desde a infância. Seu intuito era recriar literariamente o sertão, dando voz a seus personagens.

Em janeiro de 1956 lançou Corpo de Baile, reunião de novelas que posteriormente passaram a ser publicadas em três volumes: Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do Sertão. Seu único romance, Grande Sertão: Veredas, foi publicado em maio do mesmo ano. O livro é uma rica epopéia ambientada no interior de Minas Gerais, transpondo para o Brasil o mito da luta entre o homem e o diabo. Com linguagem inventiva, explora um vocabulário complexo e inusitado. Há desde a recuperação de termos arcaicos e expressões regionais até a criação de novas palavras, para o que o autor se apoiou em seus amplos conhecimentos lingüísticos (veja abaixo).

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O impacto de Grande Sertão: Veredas na cena literária foi muito grande. Desde o início, percebeu-se que se tratava de um dos mais importantes textos da literatura brasileira, o que garantiu ao autor enorme reconhecimento em todo o país. Apesar da complexidade, o livro viria a ser traduzido para diversas línguas.

Em 1961, Guimarães Rosa recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. No ano seguinte, lançou Primeiras Estórias, com 21 contos pequenos.
Candidatou-se à Academia Brasileira de Letras, pela segunda vez, em 1963 e foi eleito por unanimidade. Mas não foi empossado imediatamente, porque adiou a cerimônia enquanto pôde. Dizia ter medo de morrer no dia do evento. Só tomou posse em 16 de novembro de 1967. Três dias depois, em 19 de novembro, morreu subitamente em seu apartamento no Rio de Janeiro, de infarto.

Na língua do povo

Os sentidos de algumas expressões do escritor mineiro:

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Balalhar – explodir ou partir-se pela ação de balas.
Carregume – peso, dificuldade, gravidade.
Descriado – criado ao desamparo, desnutrido.
Fraternura – ternura de irmãos.
Grãoir – formar grãos.
Nonada – nada, coisa sem importância.
Trestriste – infeliz, forma enfática de triste.

As obras de Rosa

ROMANCE
Grande Sertão: Veredas (1956).

CONTOS
Sagarana (1946); Primeiras Histórias (1962); Tutaméia (Terceiras Estórias) (1967); Estas Estórias (póstuma, 1969).

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NOVELAS
Corpo de Baile (dois volumes) (1956); a partir da terceira edição (1964), essa obra foi desdobrada em três volumes: Manuelzão e Miguilim; Campo Geral; No Urubuquaquá, no Pinhém; Noites no Ser tão.

DIVERSOS
Ave, Palavra (póstuma, 1970).

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Estudo
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O autor criou uma narrativa original na literatura brasileira, utilizando recursos da linguagem oral escrita, regional e arcaica

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