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A escalada da violência contra professores no Brasil, segundo pesquisas

Atentado que matou professora em escola paulistana ilustra com contornos violentos uma realidade indicada há anos por pesquisadores

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 14 abr 2023, 18h26 - Publicado em 27 mar 2023, 20h25

O caso dos quatro alunos e da professora esfaqueados em uma escola da Vila Sônia, capital de São Paulo, nesta segunda-feira (27), ilustra com contornos violentos o que os números indicam há anos: as escolas brasileiras são as mais violentas do mundo.

Em 2019, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) já lançava um alerta sobre o assunto. O Brasil encabeçava um ranking mundial de violência no ambiente escolar elaborado a partir de mais de 100 mil entrevistas com professores e diretores do Ensino Fundamental 2, que corresponde do 6º ao 9º ano. Ao menos 12,5% dos professores brasileiros ouvidos pela organização em 2013 afirmavam terem sido vítimas de agressão verbal por parte de alunos – a média global, para se ter uma ideia, era de 3,4%. Anos depois, o quadro não arrefeceu.

Pesquisas mais recentes mostram estatisticamente que a violência escolar, em especial contra professores, continua sendo motivo de preocupação. Um levantamento realizado em julho de 2022 pela associação Nova Escola ouviu mais de 5 mil professores e 51,23% deles relataram terem sido agredidos verbalmente nas escolas em que trabalhavam. Outros 7,53% relataram violência física. Na maioria das vezes (50,5%), os agressores eram os alunos.

No estado de São Paulo em específico, onde ocorreu o atentado nesta segunda-feira (27), os números indicam que as agressões só escalam. Em 2014, 44% dos professores afirmavam ter sofrido alguma violência, de acordo com o Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo). Três anos depois, o índice subiu para 51% e, em 2019, já era de 54%.

O que motiva a violência nas escolas

Casos mais recentes de violência nas escolas também estão exigindo novas interpretações e, por consequência, novas maneiras de lidar com o problema. Até então, os episódios de agressão praticados especialmente por alunos eram quase sempre associados ao bullying, seja no contexto brasileiro ou norte-americano. Este fator sozinho, no entanto, não dá mais conta de explicar o fenômeno.

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+ Filmes e livros para entender a violência nas escolas norte-americanas

Em entrevista à Nova Escola, a professora Telma Vinha, da Faculdade de Educação da Unicamp e coordenadora do Grupo Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública, destaca o aumento dos discursos de ódio e a influência deles sobre os alunos. Muitos jovens participam de fóruns e grupos nas redes sociais associados à xenofobia, racismo e até neonazismo, e levam esses discursos para a prática dentro do ambiente escolar.

A motivação do ataque na escola paulistana é prova disso: o agressor, um aluno de 13 anos, havia discutido com outro colega na semana anterior e proferido ofensas racistas. A professora que interviu na briga e o repreendeu foi a vítima fatal do ataque.

É preciso pontuar, no entanto, que o aumento da violência escolar é um fenômeno complexo e de múltiplas raízes. Uma delas, a pandemia. Dados preliminares de uma pesquisa que está sendo desenvolvida por Telma Vinha e seus colegas na Unicamp já indica os impactos do isolamento social sobre este tipo de violência: dos 22 ataques cometidos em escolas brasileiras ao longo dos últimos 21 anos, nove ocorrem do segundo semestre de 2022 para cá.

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Estudantes expostos a ambientes domésticos violentos, eles próprios vítimas de maus-tratos, também podem se tornar mais agressivos, indica Betina Barros, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista ao Portal G1.

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