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A importância das cotas raciais nas universidades, segundo Michelle Obama

A ex primeira-dama dos Estados Unidos criticou decisão da Suprema Corte que bane as cotas. Para ela, as ações afirmativas corrigem injustiças sociais

Por Karolina Monte
30 jun 2023, 14h41

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, na última quinta-feira (29), que a aplicação de cotas raciais em universidades privadas e públicas do país era inconstitucional. A decisão deve obrigar as instituições a reformularem suas formas de admissão de maneira que deixem de considerar o fator racial. Segundo o presidente do tribunal, John Roberts, o candidato deve ser avaliado “segundo suas experiências como indivíduo, e não com base na raça”. Michelle Obama, advogada e ex-primeira dama dos Estados Unidos, discorda.

Formada em Direito pela Universidade de Harvard, Michelle discordou publicamente da decisão e relembrou sua própria trajetória em uma carta sobre o assunto. Com isso, ressaltou a importância da presença de programas de ações afirmativas dentro das universidades. Ela relatou como a visão estigmatizada sobre os estudantes cotistas também a afetou durante sua vida universitária:

“Na faculdade, eu era uma dentre os poucos alunos negros em meu campus, e eu tinha orgulho de ter entrado em uma escola tão respeitada. Eu sabia que tinha trabalhado duro para isso. Ainda assim, às vezes me perguntava se as pessoas pensavam que cheguei lá por causa da ação afirmativa. Era uma sombra que alunos como eu não conseguiam afastar, quer essas dúvidas viessem de fora ou de dentro de nossas próprias mentes.”

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Para Michelle Obama, as cotas nas universidades americanas sempre foram uma maneira de oferecer uma oportunidade àqueles que, historicamente, tiveram seus acessos negados em muitos espaços.

“Mas o fato é que eu pertencia [no espaço universitário]. E semestre após semestre, década após década, por mais de meio século, incontáveis estudantes como eu provaram que também pertenciam. Também não foram apenas os jovens negros que se beneficiaram. Todo estudante que vislumbrou uma perspectiva que poderia não ter encontrado, que teve uma [antiga] suposição desafiada, que teve suas mentes e seus corações abertos ganhou muito também.”

“Não foi perfeito, mas não há dúvida de que [o projeto de ações afirmativas] ajudou a oferecer novas oportunidades para aqueles que, ao longo de nossa história, têm muitas vezes sido negados a chance de mostrar o quão alto eles podem subir.”

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Michelle também argumenta que quem recebe privilégios indevidos nas renomadas universidades americanas não são estudantes negros cotistas – e isto ela já notava quando ainda era estudante de Harvard. Alunos cujos pais já haviam estudado na instituição ou que frequentaram colégios com ótimos estudos eram vistos com olhos especiais no momento da admissão. Além disso, possuíam recursos disponíveis para se sair melhor na aplicações admissionais, como tutores de ensino e testes preparatórios.

“Nós não costumamos questionar se esses estudantes pertencem [nas universidades]. Muitas vezes, apenas aceitamos que dinheiro, poder e privilégio são formas perfeitamente justificáveis de ações afirmativas, enquanto se espera que jovens que crescem como eu devem competir quando o patamar é tudo, menos nivelado.”

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Para Michelle, as ações afirmativas, eram, justamente, uma forma de tentar diminuir este desnivelamento histórico, e fazer com que jovens negros e hispânicos também pudessem ocupar os ambientes universitários.

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Para finalizar a carta, Michelle afirma que este “é um lembrete de que temos que fazer o trabalho não apenas para promulgar políticas que reflitam nossos valores de equidade e justiça, mas para realmente tornar esses valores reais em todas as nossas escolas, locais de trabalho e bairros”.

Confira a carta original de Michelle Obama na íntegra:

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Carta escrita por Michelle Obama no qual se opõe ao veredito da Suprema Corte. (Twitter/Divulgação)

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