Nesta terça-feira (4/6), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) anunciou mais um corte de bolsas de mestrado, doutorado e pós doutorado. Ao todo, foram cortadas 2,7 mil bolsas, que se somadas aos cortes do mês passado, totalizam 6 mil. O presidente do Capes, Anderson Ribeiro Correa, já havia anunciado na época do primeiro corte que outros poderiam ser feitos.
Embora a fundação afirme que os cortes se referem apenas às bolsas ociosas, que não estavam sendo destinadas a nenhum pesquisador, eles prejudicam quem acabou de ser aprovado no mestrado e doutorado e pretendiam solicitar o recurso nos próximos semestres. É o caso da pesquisadora da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) Leticia Takahashi, que pesquisava uma nova medicação para tratamento da Leishmaniose e precisou desistir do doutorado que estava prestes a iniciar. Na mesma semana em que a história de Letícia viralizou, a thread da professora da UFRN no Twitter também ficou famosa. Ela explica porque bolsas de pesquisa devem ser entendidas como salário, e não como benefício.
Segundo o Capes, o critério para o corte anunciado ontem foi a nota dos cursos — aqueles que tinham média igual a três há duas avaliações consecutivas ou que caíram de três para quatro tiveram bolsas cortadas. O Capes declarou que algumas bolsas da região da Amazônia Legal que se encaixam nesse critério não foram cortadas, a fim de contemplar diferenças regionais.
Ainda assim, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) afirmou em nota que a medida acaba afetando pesquisas de outras áreas do Norte e Nordeste. “O novo corte da Capes afetará principalmente Norte e Nordeste, áreas com maior número de cursos 3 e 4, devido às maiores dificuldades financeiras. A medida agrava ainda mais a concentração da pesquisa no centro-sul e perpetua as desigualdades regionais do país.”
Ao todo, serão cortadas 2.331 bolsas de mestrado, 335 de doutorado e 58 de pós-doutorado.