O céu de boa parte do Brasil está coberto pelo fumaça das queimadas que atingem a Amazônia e outros estados. É possível observar a fuligem desde agosto, mas com a continuidade dos incêndios ela se espalhou ainda mais. Além dos danos ambientais, a fumaça também pode afetar a saúde. De agosto até a primeira semana de setembro, a cidade de São Paulo registrou 76 mortes por Síndrome Respiratória Aguda – nesta terça-feira (9), é pelo segundo dia consecutivo a metrópole com a pior qualidade do ar de todo o mundo, segundo ranking elaborado pela agência suiça IQAir.
Algumas consequências de toda essa poluição são mais óbvias: fica mais difícil respirar, os olhos e a garganta tornam-se ressecados e por aí vai. Mas sabia que até a ansiedade pode ser agravada pela poeira? Entenda abaixo as principais consequências para a saúde.
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Impactos das queimadas na saúde
De acordo com a biomédica e professora Mellanie Fontes-Dutra, as consequências físicas das queimadas sobre o corpo podem ser óbvias, mas precisam ser relembradas. As pessoas podem ter dificuldade para respirar, tosse, e irritação nos olhos, garganta e nariz. Além disso, existem outros sintomas indiretos como dores de cabeça e cansaço, relatou Fontes-Dutra na rede social BlueSky.
Para quem já sofre de condições respiratórias prévias a situação é ainda pior. A exposição à fuligem pode contribuir para o agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias como a asma, bronquite, sinusite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em entrevista para a BBC, Mauro Gomes, pneumologista e membro do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), relatou que a poeira ainda pode afetar a pressão arterial.
“As partículas finas e os elementos químicos presentes na poluição ultrapassam as células pulmonares [alvéolos] e entram na circulação sanguínea, sendo distribuídos por todo o corpo. Isso causa inflamação nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de pressão alta, arritmias e até infarto agudo do miocárdio”, explica o médico.
O que muita gente não sabe é que preocupação vai além dos sintomas físicos e também podem afetar a saúde mental. De acordo com um estudo canadense publicado na revista científica Frontiers, a exposição prolongada ao ar poluído pode levar a alterações estruturais no cérebro, como nos neurotransmissores, e causar o aumento da inflamação. Este fato pode contribuir para vários distúrbios neurológicos, incluindo transtornos de ansiedade e depressão.
Ou seja, a ansiedade, que é caracterizada com a preocupação excessiva ou medo que atrapalha o dia a dia, pode ser agravada pela poluição.
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O que explica o recorde de queimadas
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registradas 164.543 queimadas no Brasil entre janeiro e setembro deste ano, sendo que o maior número delas (36480) ocorreu no Mato Grosso. As razões para o aumento destes incêndios é multifatorial.
Uma das explicações é a época da estiagem que estamos passando. O norte passa por baixa umidade e a falta de chuvas leva à seca no resto do país. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mais de 200 cidades brasileiras estão vivendo um “clima de deserto”. Para completar, o El Niño teve influência no prolongamento das secas, levando a uma piora ainda maior no clima.
A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística da Prefeitura de São Paulo, uma das cidades que está mais sofrendo com a poeira, destaca ainda o uso irregular do fogo, queima de lixo e soltura de balões que causam incêndios florestais.
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