Conheça os treze brasileiros premiados com o Camões
Essa semana, Chico Buarque foi escolhido como vencedor do prêmio pela sua produção no campo da literatura, da música e do teatro
Em 1988, Brasil e Portugal se uniram para a criação do que hoje é o maior prêmio de literatura da língua portuguesa, o Camões. Ele é conferido, anualmente, a escritores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da nossa língua e a escolha é feita considerando o conjunto da obra do autor.
Já foram premiados grandes nomes como Pepetela, Saramago e Mia Couto. Esse ano, Chico Buarque trouxe pela 13ª vez um Camões para o Brasil, tanto pela sua contribuição com a publicação de livros, quanto pelo legado na música.
Conheça os outros brasileiros que fazem parte dessa lista e quais deles podem, inclusive, aparecer no seu vestibular.
João Cabral de Melo Neto
Se você não conhece a fundo a vida e carreira de Cabral de Melo Neto, com certeza ao menos já ouviu falar de sua famosa obra prima Morte e Vida Severina, um livro de poema que relata a vida do migrante sertanejo. Além de um escritor muito reconhecido, ele foi também diplomata e chegou a ser acusado de comunista na década de 50. João Cabral de Melo Neto foi o primeiro brasileiro agraciado com o Camões em 1990.
Rachel de Queiroz
Rachel inaugurou a presença feminina tanto na Academia Brasileira de Letras quanto no Prêmio Camões. Reconhecida romancista, jornalista, cronista e dramaturga, uma das marcas e influências de sua literatura era a cultura nordestina e questões de cunho social. Foi premiada com o Camões em 1993.
Jorge Amado
Em 1994, o Camões vem pela única vez consecutiva para o Brasil. Quem o traz é Jorge Amado — que virá seguido no ano seguinte por seu grande amigo José Saramago. Amado é um dos maiores nomes da literatura brasileira e escreveu livros que provavelmente você já viu na sua lista do vestibular ou adaptados na tela da televisão e do cinema como Capitães da Areia, Gabriela Cravo e Canela, Tieta do Agreste, Teresa Batista cansada de guerra e outros. Apesar de ter sido também membro da Academia Brasileira de Letras, fez críticas à entidade ao publicar Farda, fardão, camisola de dormir, que tratava da burocratização e da senilidade de seus membros.
Antonio Candido de Melo e Sousa
Diferente de seus outros colegas brasileiros premiados com o Camões, Antonio Candido não era romancista. Se dedicava, por outro lado, à crítica literária e era também sociólogo e professor universitário. Hoje, o prédio do curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde lecionou e inclusive reformulou disciplinas, leva seu nome. Sua obra é reconhecida em todo o mundo e, em 1998, recebeu o Camões de Literatura.
Autran Dourado
Embora um nome menos reconhecido entre os vestibulandos, Autran Dourado, vencedor do Camões de 2000, foi um importante e reconhecido escritor, jornalista e crítico literário brasileiro. O seu romance mais famoso, Ópera dos Mortos, foi incluída na seleção de obras representativas da literatura universal, feita pela Unesco.
Rubem Fonseca
Diversas vezes premiados principalmente por seus contos e crônicas, Rubem Fonseca foi também alguns romances e ensaios famosos, como Agosto e O Caso Morel. Apoio o golpe militar de 1964 e foi roteirista do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, mas depois chegar a sofrer ele próprio com a censura e teve seu livro Feliz Ano Novo proibido em 1976. Rubem Fonseca acumula seis prêmios Jabutis e foi premiado com o Camões em 2003.
Lygia Fagundes Telles
A autora, que estreará na lista de vestibular da Unicamp a partir de 2021, é tida como uma das maiores escritoras brasileiras vivas e foi a segunda a levar o Camões, em 2002. Romancista e cronista, recebeu diversos prêmios no Brasil e no mundo e foi a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura, em 2016. Entre um de seus livros mais famosos está o romance As Meninas.
João Ubaldo Ribeiro
Vencedor do ano de 2008, João Ubaldo Ribeiro se destacou desde a academia até às escolas de samba – um de seus livros mais famoso, Viva o Povo Brasileiro, virou samba-enredo da Império da Tijuca em em 1987. Abordava muito a herança africana na cultura brasileira e sua premiação com o Camões foi atribuída ao “alto nível de sua obra literária, especialmente densa das culturas portuguesa, africanas e dos habitantes originais do Brasil”. Sargento Getúlio e O Sorriso do Lagarto são outros dois reconhecidos livros do autor.
Ferreira Gullar
Romancista, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor e ensaísta é amplamente reconhecido tanto por sua produção literária quanto por sua militância política. Membro do Partido Comunista Brasileiro na juventude, foi exilado pela Ditadura Militar. Entre seus livros mais famosos está o de poesias Em Alguma Parte Alguma, que lhe rendeu o Jabuti em 2011, um ano depois de vencer o Camões.
Dalton Trevisan
O contista tem entre seus livros mais famosos O Vampiro de Curitiba, mas no total publicou mais de quarenta livros. Venceu o Jabuti quatro vezes e recebeu o prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, e o Camões no mesmo ano, em 2012.
Alberto da Costa e Silva
Atual membro da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva é diplomata, poeta, ensaísta, memorialista e historiador brasileiro. É um dos maiores intelectuais brasileiros, especialista na cultura e na história da África. Recebeu o Camões em 2014.
Raduan Nassar
Antecessor brasileiro de Chico Buarque no Camões, Raduan Nassar foi premiado em 2016. Causou espanto ao vencer considerando que a premiação elege autores pelo conjunto de suas obras, e Nassar tem apenas três livros publicados. Ainda assim, é tido como um dos maiores estilistas da língua portuguesa. Seus dois livros mais famosos, Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera já foram adaptados para o cinema.