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Depois da pandemia, mais gente vai abandonar os estudos

Pesquisas apontam aumento da evasão escolar e um cenário desolador com a volta às aulas presenciais

Por Juliana Morales
26 jun 2020, 16h54
Sala e aula vazia por conta da pandemia
 (Feliphe Schiarolli/Unsplash/Reprodução)
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Depois de meses de isolamento, a preparação para o retorno às aulas presenciais traz diversas preocupações. Desde como fazer o distanciamento físico necessário com as crianças menores até como replanejar o calendário escolar. E, infelizmente, não para por aí. Pesquisas apontam mais um ponto de alerta: a elevação nas taxas de evasão escolar dos alunos, especialmente, dos jovens e daqueles em situação de maior vulnerabilidade.

Questão econômica

A renda familiar de um jovem impacta severamente nas suas chances de concluir a Educação Básica. É o que indica a nona edição do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, do Todos Pela Educação em parceria com a Editora Moderna, lançada na última quarta-feira (24). De acordo com a publicação, enquanto 87,9% dos jovens de 19 anos pertencentes aos domicílios mais ricos haviam completado o Ensino Médio em 2019, essa proporção foi de apenas 51,2% entre os mais pobres.

Tudo tende a piorar com a crise da covid-19. Além dos impactos psicológicos e físicos, estudantes enfrentam  dificuldades financeiras em meio à pandemia. Na recente pesquisa “Juventude e Pandemia do Coronavírus”, realizada em conjunto por Unesco, Conselho Nacional da Juventude (Conjur), Aliança em Movimento e Fundação Roberto Marinho, quatro em cada dez participantes indicam ter diminuído ou perdido sua renda. Cinco em cada dez mencionam que suas famílias tiveram redução.

Com a nova realidade, 33% dos jovens entrevistados precisaram buscar alguma maneira de complementar a renda. E, muitas vezes, por conta disso, o estudo acaba deixando de ser prioridade. Ainda segundo o levantamento, três a cada dez jovens confessaram que já pensaram em não retornar aos estudos após o fim do isolamento. Dos que pensaram em desistir, 24% estão em idade escolar obrigatória.

Nas causas da evasão e do abandono escolar, soma-se à necessidade de trabalhar um aumento da violência doméstica e da gravidez na adolescência. No Brasil, durante a pandemia, apesar da maior dificuldade das mulheres violentadas, que estão confinadas com seu agressor, os números continuam crescendo. O Ligue-180, central nacional de atendimento à mulher criada em 2005, viu um aumento de 34% nas denúncias em março e abril de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública

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Medidas pós-pandemia

Em nota técnica, o comitê técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa fez recomendações aos órgãos de controle do país para a retomada das aulas presenciais. Uma das indicações trata, inclusive, do problema da evasão: “Promover, em colaboração com entes públicos e outros atores em educação, estratégias de busca ativa das crianças e jovens que podem não retornar à escola depois que as atividades forem retomadas”.

O órgão ressaltou a importância de “realizar, em conjunto com as Secretarias de Educação e Conselhos de Educação, levantamento buscando formas de aferir a qualidade e cobertura do atendimento a distância durante o período de isolamento e as medidas para recuperar os conteúdos previstos, com especial atenção aos alunos de maior vulnerabilidade social, a fim de que não tenham seu direito à educação violado”.

O Todos Pela Educação, em documento sobre o retorno às aulas, ressalta a necessidade de ações de apoio emocional como forma de evitar a evasão. Entre elas estão a “elaboração de protocolos que guiem as intervenções de acolhimento emocional dos alunos, a serem feitas com o apoio de outras áreas”, e a “realização de oficinas e formações frequentes com psicólogos”. Como já abordamos aqui no GUIA, os impactos psicológicos causados pela pandemia  nos estudantes são muitos e precisam ter a atenção das escolas e autoridades.

O tema no Enem e vestibulares

Atenção, estudantes! O tema “educação”, além de ser muito importante, tem diferentes desdobramentos que podem ser usados em propostas de redação de vestibular. Em 2017, por exemplo, o Enem abordou sobre educação e acessibilidade na proposta “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Por isso, a evasão escolar também pode ser estudada como um possível tema de redação. 

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Fiquem por dentro do assunto lendo artigos e reportagens. Com os números e informações, pensem nas políticas voltadas para permanência dos alunos nas escolas. Também há vídeos de professores e especialistas discutindo sobre o problema, que podem ajudar os estudantes, como o exemplo a seguir. Confira!

 

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