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Desigualdade racial na educação cresceu nos últimos anos, conclui estudo

Estudantes brancas do gênero feminino apresentam as melhores notas; homens negros ocupam última posição

Por Luccas Diaz
3 jul 2023, 19h50
Grupo de jovens sentados olhando para a direita
 (Fernando Frazão/Agência Brasil)/Reprodução)
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Um estudo realizado pelo Insper e obtido pelo jornal Folha de S. Paulo no último domingo (2) mostrou que o ensino público brasileiro teve tímidas melhoras nos últimos anos – mas não de maneira igual. Analisando os resultados do Saeb de 2007 a 2019, o estudo “Desigualdade racial na educação básica” constata que, apesar de evolução, há uma desigualdade de rendimento entre estudantes brancos e negros na sala de aula.

Antes de mais nada, é preciso explicar que o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) é um conjunto de avaliações aplicadas pelo Inep para diagnosticar os níveis de aprendizado dos alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede pública. A prova, composta por questões de Língua Portuguesa e Matemática, é aplicada bianualmente desde 1990 aos alunos dos 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio. Na sua última reformulação, em 2019, passou a cobrar questões de Ciências Humanas e Ciências da Natureza aos estudantes do 9º ano.

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De acordo com os dados divulgados pelo relatório, estudantes mulheres brancas são as que apresentam as maiores notas no exame, com média de 230,4 em 2017*. Dez anos antes, em 2007, essa média era de 185,70. Atrás delas, vêm as mulheres negras (que se autodeclaram pretas ou pardas), com média de 219,5 (era 178,4 em 2007); os homens brancos, com média de 217,9 (era 175,20 em 2007); e, por fim, os homens negros (que se autodeclaram pretos ou pardos), com 207,20 (era 168,70 em 2007).

É perceptível que a diferença entre as duas pontas só aumentou na última década. Enquanto em 2007 a diferença entre os dois extremos, mulheres brancas e homens negros, era de 17 pontos, em 2017, esse número cresceu para 23,2.

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É nítido que mesmo havendo uma melhora no desempenho de todos os estudantes na última década, o avanço é distribuído de forma desigual quando se trata de gênero e raça – e é acentuado nas duas extremidades.

*Os autores da pesquisa esclarecem que, para o recorte de gênero, foram utilizados os dados somente até o ano de 2017, pois os dados de 2019 estavam incompletos.

Em matemática, homens brancos saem na frente

Ao comparar as notas em Matemática, a desigualdade racial acentua. Nas provas aplicadas aos estudantes do 5º ano em 2007, por exemplo, os homens brancos lideravam o ranking, com uma média de 198,70 – seguido pelas mulheres brancas e os homens negros. Em último lugar, estavam as mulheres negras, com 189,60 pontos. Em 2017, a liderança continuou com os homens brancos, com 234 pontos, enquanto as mulheres negras registraram uma média de 221. A diferença que os homens brancos tinham das mulheres pretas cresceu de 9 pontos para 13 pontos em dez anos.

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Para o pesquisador e autor do estudo Michael França, que coordena o Núcleo de Estudos Raciais do Insper, as diferenças de desempenho são reflexos da própria sociedade. “As políticas educacionais não podem olhar só para as médias de desempenho, porque isso é deixar pessoas para trás”, afirmou ao jornal. “A sociedade precisa convergir para políticas que olhem para a equidade, para o combate da distância dos piores para os melhores.”

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O autor destaca que, segundo os dados obtidos, escolas com estudantes mais pobres e com maior predominância de negros apresentam as maiores deficiências pedagógicas.

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Discrepância entre negros e brancos é maior no Sul e Sudeste

Outro recorte levantado pelo estudo é a diferença de desempenho entre brancos e negros por região do país. No Nordeste, esta diferença é praticamente nula, registrando uma média de 0 pontos. Dez anos atrás, inclusive, negros apresentaram uma média 0,07 maior que os brancos. Voltando a 2017, logo atrás do Nordeste, vem o Norte e o Centro-Oeste, com diferenças de 0,06 e 0,11 pontos, respectivamente. Nos últimos dois lugares, estão as regiões Sul, com 0,22, e a região Sudeste, com 0,24 pontos de diferença.

“É preocupante quando pretos e pardos, que são a maioria da população, estão em desvantagem mesmo quando as notas dos estudantes brancos no país também são muito ruins”, comenta Michael França.

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