Estudantes de diversos cantos do país aderiram à paralisação pela educação marcada para esta quarta (15). A manifestação é uma resposta às medidas tomadas pelo governo Bolsonaro nas últimas semanas. Depois de o MEC anunciar o corte de 30% das verbas destinadas às despesas discricionárias de todas as universidades federais do Brasil, na semana passada o Capes bloqueou mais de 4 mil bolsas que seriam destinadas a pesquisadores de mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Os movimentos estudantis de diversas universidades — até mesmo as particulares — se mobilizaram em assembleias desde a última semana e deliberaram paralisação das aulas e outras atividades para o dia de hoje. Ao todo, estão marcados atos nas capitais de mais de 20 estados. Alunos de universidades privadas como PUC-SP, PUC Minas, PUC-Campinas, Mackenzie e Estácio também vão promover debates e se somarão às manifestações.
Ontem à noite, o líder do PSL (partido de Bolsonaro) na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir, chegou a afirmar para o UOL que o presidente ligou para o ministro da Educação pela tarde e pediu que ele recuasse em todos os cortes na pasta que tinham sido feitos até o momento. Outros deputados, como Marcel van Hattem, do partido Novo, e o Capitão Wagner (PROS-CE), também disseram ter presenciado o telefonema. O Ministério da Educação e o da Casa Civil afirmaram em nota ontem à noite que não haverá recuo nos cortes.
No dia 30 de abril, o MEC havia anunciado o bloqueio das verbas apenas da UnB, UFBA e UFF, e o ministro da Educação insinuou em entrevista que os cortes seriam por conta do baixo desempenho acadêmico dessas instituições e do que chamou de “balbúrdia” promovida por elas.
Em seguida, o MEC declarou que, na verdade, o bloqueio seria válido para todas as universidades federais do país. Os reitores das universidades e associações como Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil) têm se manifestado desde então anunciando o possível fechamento de algumas dessas instituições. No total, o “contingenciamento” total do MEC chegou a R$ 1,7 bilhão.
Até o momento, ao menos oito estados já começaram as manifestações nesta manhã (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Sergipe, Tocantins e Pernambuco).