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Por que é tão difícil retomar a cobertura vacinal no Brasil

Vacinação infantil voltou a registrar aumento, mas dengue e gripe ainda são desafios. Entenda o papel do governo

Por Ludimila Ferreira
3 Maio 2024, 19h00

Depois de uma pandemia marcada por fake news, desinformação e resistência em relação às vacinas, o Ministério da Saúde enfim trouxe uma boa notícia no final de março. A cobertura vacinal, em queda desde 2016, voltou a recuperar terreno, com aumento de adesão de 13 das 16 vacinas recomendadas do calendário infantil no país.

“Estamos vivendo uma virada. Uma virada na direção de alcançarmos coberturas vacinais necessárias para a proteção de nossas crianças, de nossa sociedade, de nossos adolescentes”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao apresentar os dados. Mas a ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz também reconhece que o trabalho não está concluído.

“Foi uma virada com muita luta. Devemos sim celebrar, mas também apontar os caminhos que temos pela frente”, avaliou. Prova do trabalho pela frente, por exemplo, é o avanço lento da atual campanha de vacinação contra a gripe. De acordo com levantamento do jornal O Globo, somente 22% do público alvo receberam o imunizante até o momento.

A campanha contra a dengue sofre do mesmo mal: o governo estuda como redistribuir doses próximas do vencimento, já que a procura está abaixo do esperado. “[…] se não houvesse um negacionismo às vacinas, certamente as famílias estariam levando as suas crianças e seus jovens para serem vacinados”, afirmou a ministra da saúde no Senado.

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Entenda a origem do movimento antivacina, como o negacionismo afeta a saúde pública e qual o papel do governo na reverção do quadro.

+ Como se faz uma vacina?

O papel do Estado no incentivo à imunização

As ações do governo certamente influenciam em como a população reage às vacinas, e a pandemia de covid-19 demonstrou isso na prática. No Brasil, o negacionismo do ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, foi um dos motores para o crescimento do movimento antivacina no país. Em março de 2020, ele apontou a covid-19 como uma “gripezinha”. Mais tarde, indicou remédios sem comprovação científica, como a cloroquina, para tratar a doença. Parte da população correu às farmácias, esvaziando as prateleiras e fazendo o preço do medicamento disparar.

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As falas de Bolsonaro foram como pólvora para disseminação de mais informações falsas nas redes sociais. Uma delas alegava que a vacinação levaria à doença de miocardite – outras, mais mirabolantes, faziam associações com o governo chinês e com o implante de chips.

Tudo isso demonstra que o Estado tem um papel fundamental no compartilhamento de informações relevantes sobre a vacinação, passando não apenas informações verdadeiras, mas ampliando sua comunicação para atingir a maior quantidade possível de pessoas. Este desafio permanece mais atual do que nunca com a atual epidemia de dengue.

Em entrevista para a BBC, o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic de Campinas, avalia que falta uma divulgação sistêmica do cenário por parte do governo. Ao mesmo tempo, afirma, a população não dá tanta importância à doença, porque a compara com o cenário da pandemia e avalia que seja menos grave. “Nem toda infecção vai ter consequências tão graves, mas isso não quer dizer que sua proteção deixe de ser importante”, aponta o médico. 

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+ O que é negacionismo e como ele apareceu ao longo da História

Desinformação como vilã da saúde pública

O linguajar utilizado em notícias falsas é um dos fatores por trás do sucesso do movimento antivacina. “Se eu começo a receber diversas informações e não tenho o conhecimento científico, isso acaba me influenciando, então eu acredito que é melhor não me arriscar” aponta a médica e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, em entrevista para o Lamparina, portal de notícias da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

No mundo, uma das maiores desinformações propagadas sobre o assunto foi em relação à vacina tríplice viral (MMR), usada contra a rubéola, sarampo e caxumba. O britânico Andrew Wakefield publicou em 1998 um artigo recheado de dados falsos associando o imunizante ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), alegando que ele era culpado por “desenvolver” autismo nas crianças. Uma das consequências desse artigo foi o retorno do sarampo nos Estados Unidos em 2005.

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+ Alguém pode ser punido por não se vacinar?

Origem do movimento antivacina e sua adesão ao longo dos anos

Embora o artigo de Andrew Wakefield tenha sido o estopim para o movimento antivacina na contemporaneidade, ele está longe de ser atual. O primeiro levante contra as vacinas veio com a epidemia de varíola, na Idade MédiaOs adeptos do movimento, na época, foram líderes religiosos que acreditavam que as doenças eram punições divinas.

Bem mais tarde, em 1880, surgiu a primeira organização contra imunização, a Sociedade de Londres para a Abolição da Vacinação Obrigatória. No Brasil, o primeiro levante foi a Revolta da Vacina em 1904, onde um grupo se colocou contra a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola.

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Depois do artigo de Wakefield em 1998, os levantes conta a vacinação voltaram, especialmente entre pais. Peter Hotez, reitor da Universidade de Medicina de Baylor, em Houston, Texas, definiu em entrevista para o The New York Times o movimento antivacina norte-americano como forte, bem organizado e bem fundado, o que impossibilitou sua mitigação após a pandemia de covid-19.

+ Entenda o que é o movimento antivacina

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