Produção científica brasileira cai pela primeira vez desde 1996
Com a pandemia e diminuição no incentivo financeiro à ciência, número de artigos científicos publicados no Brasil em 2022 apresentou queda de 7,4%
Um levantamento publicado nesta segunda-feira (24) e realizado pela Agência Bori, agência brasileira que conduz pesquisas sobre o universo científico, mostra que a quantidade de artigos acadêmicos publicados no Brasil caiu – e no mesmo nível que o da Ucrânia, país que está em guerra desde o início do ano passado. A queda, segundos os dados obtidos, foi de 7,4%; uma redução não apenas preocupante, mas também inédita. É a primeira vez que o país apresenta uma diminuição na produção acadêmica desde 1996, ano em que se iniciou este tipo de registro.
O levantamento foi feito com a base de dados da Elsevier, uma das maiores editoras de artigos científicos do mundo. O estudo, realizado anualmente, leva em conta sempre o ano anterior; neste caso, 2022. Os dados foram coletados usando o Scopus, a busca de artigos da Elsevier. Foi considerado brasileiro todo artigo vinculado a uma instituição de ensino superior brasileira, ainda que publicado em periódicos estrangeiros.
Em 2020, o número de artigos científicos publicados no Brasil foi de aproximadamente 77 mil; em 2021, 80 mil. No último ano, este número caiu para 74 mil.
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A queda assusta os especialistas. Por mais que houvesse uma clara desaceleração no crescimento, o país até então nunca havia apresentado uma redução de fato. Nos últimos anos, o crescimento era pouco, mas nunca negativo. “Desde 1996, que é quando essa base da Elsevier foi criada, é a primeira queda do Brasil”, destacou Estêvão Gamba, cientometrista da Agência Bori e um dos nomes por trás do levantamento, ao jornal Folha de S. Paulo.
Pandemia e falta de investimento são principais causas
Para o especialista, os principais motivos por trás da redução são os impactos sofridos pela pandemia da Covid-19 no país, somados à falta de investimento financeiro nas áreas ligadas à ciência e educação brasileira. O tímido crescimento observado entre 2020 e 2021, os dois primeiros anos da pandemia, pode contradizer a queda de 2022, mas é preciso lembrar que um artigo científico leva anos para ser concluído e posteriormente publicado. O que significa que, muito provavelmente, os artigos publicados nos dois anos já estavam em produção avançada.
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Gamba destacou à Folha de S. Paulo que a queda de 2022 é reflexo das pesquisas iniciadas por volta de 2019 e 2020. “A gente ainda vai continuar possivelmente observando a queda”, afirmou.
Uma redução na produção acadêmica foi observada em outros 22 países, além do Brasil – incluindo países com um forte histórico de produção acadêmica, como Estados Unidos, Inglaterra e França. Ainda assim, de forma geral, a produção global de artigos cresceu 6,1% em relação a 2021. O pódio é ocupado por China, Estados Unidos e Índia; o Brasil mantém o seu lugar na 14ª posição.
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