Você, com certeza, já ouviu os termos América do Sul e América Latina. Talvez os tenha usado até mesmo como sinônimos. Mas saiba que, na verdade, há uma distinção conceitual entre eles. A América Latina pode (veja bem, é uma possibilidade) representar todos os países da América do Sul, mas a América do Sul não engloba todos os países da América Latina. Confuso, não é? Qual a diferença, afinal?
A resposta é simples: depende. Há alguns pontos de vista diferentes, mas igualmente válidos, que buscam explicar essas regiões geopolíticas. Neste texto, o GUIA DO ESTUDANTE esclarece os principais deles.
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Do ponto de vista geográfico
Para os mapas, não há grandes mistérios. América do Sul é a porção sul do continente americano. É toda a terra que fica abaixo do Panamá – que é considerado um istmo, isto é, uma faixa de terra estreita rodeada por águas e que conecta duas grandes massas terrestres. A parte sul do continente é banhada pelo Mar do Caribe (ao noroeste e norte), pelo Oceano Atlântico (ao nordeste, leste e sudeste) e pelo Oceano Pacífico (ao oeste).
Os países da América do Sul são, assim: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Ao observamos o mapa, no entanto, vemos que a região do istmo que une a América do Sul e a América do Norte abarca vários outros países menores. Entra aqui a nomeação de uma terceira América, que une os dois subcontinentes extremos: a América Central. A região seria composta por vinte países e uma porção de territórios insulares – que são divididos entre a América Central Ístmica e a América Central Insular.
Os países da América Central seriam, assim: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Costa Rica, Cuba, Dominica, El Salvador, Granada, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Panamá, República Dominicana, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas e Trinidade e Tobago.
Sendo assim, tanto América do Sul quanto América Central são termos geográficos, criados para descrever a porção sul e central do continente americano. Em tese, não há valores culturais ou referentes às características das nações envolvidas – diferente do que acontece com o termo América Latina.
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Do ponto de vista cultural
América Latina seria a representação conceitual de todos os países que se encontram entre a fronteira norte do México o extremo sul do Chile. Sim, nessa concepção, o México é considerado como parte integrante, mas falaremos disso mais adiante. Toda essa região seria ligada por origens linguísticas, culturais e de costumes em comum. Dessa forma, México, os países da América Central e os da América do Sul estariam sob o mesmo “guarda-chuva”, isto é, seriam todos latino-americanos.
A origem do termo América Latina é uma referência ao latim, a língua comum que originou todos os idiomas falados nos países dessa divisão: espanhol, português e francês. E, como sabemos, isso não é somente uma coincidência. Os países foram colonizados por Espanha, Portugal e França, ao longo dos séculos 14 e 16. Essa herança comum resultou em diversos aspectos compartilhados, como religião, arquitetura, culinária, folclore, costumes e valores. Ainda que cada nação tenha as suas particularidades, é notável a semelhança entre eles.
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Há, no entanto, divergências. Para alguns especialistas, países como Belize, Jamaica, Guiana e Suriname não poderiam ser incluídos na América Latina, uma vez que foram colonizados por países de línguas germânicas e que mantém esses idiomas até hoje como língua oficial.
Nessa concepção, fariam parte da América Latina somente: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Outros, porém, mantém a ideia de que América Latina inclui todas as nações que estão entre o México e o Chile. Uma vez que são unidas pela colonização europeia, a industrialização tardia e a economia subdesenvolvida ou emergente.
Sendo assim, seriam: Antilhas, Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Do ponto de vista geopolítico
Como você pôde perceber, a percepção de América do Sul, América Central e América Latina são um tanto quanto elásticas. Dependendo do órgão, governo ou instituição, pode ser alterada e incluir ou não determinados países. Isso explica o fato de países colonizados por nações de língua germânicas não serem considerados latinos, ainda que estejam localizados na América do Sul ou Central.
Para o Geoesquema das Nações Unidas, a América Latina é toda a América do Sul, a América Central e ainda o Caribe (que inclui alguns dos países listados aqui como América Central e mais outros). Nessa divisão, inclusive, o México pertence não à América do Norte, mas sim à América Central. Pois é, em razão de acordos políticos ou comerciais, o México é o que mais tem a sua classificação ambígua – sobretudo, perante a visão estadunidense.
O NAFTA, por exemplo, foi um acordo de livre comércio que figurou até meados do governo Trump. O acordo definia que os países da América do Norte teriam menos taxas alfandegárias e burocracias em transações entre si, considerando como América do Norte, Estados Unidos, Canadá e México. No entanto, em falas ou medidas anti-imigração – um grande ponto de polêmica nos EUA –, o México é considerado América Central. É quase como se a classificação fosse usada arbitrariamente, a depender do desejo de aproximar ou repelir a população mexicana.
O que podemos concluir, portanto, é que há divergências entre as classificações – pode depender do posicionamento adotado por uma nação ou do próprio intuito da nomenclatura. Há algumas mais aceitas que outras, mas ainda assim é comum acharmos diferentes versões do que é considerado cada uma. Por isso, a resposta inicial sobre a existência de uma diferença entre América do Sul e América Latina foi, e continua sendo, a mesma: “depende”.
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