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Saiba por que data centers de IA no Brasil preocupam ambientalistas

Empresas americanas e chinesas estão mirando o Brasil para a construção de data centers, mas impacto hídrico pode ser devastador

Por Luccas Diaz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
5 jun 2025, 15h00
data center impacto ambiental
 (Canva/Reprodução)
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O Brasil está prestes a se tornar o principal polo de infraestrutura para Inteligência Artificial (IA) da América Latina. Nos últimos dois anos, empresas nacionais e estrangeiras passaram a demonstrar interesse em abrigar centros do tipo no país, mas só mais recentemente o projeto começou a tomar forma. Em fevereiro deste ano, a americana RT-One, empresa especializada em IA e processamento de dados na nuvem, anunciou um plano bilionário de construir um data center em Maringá (PR), sul do país.

O empreendimento, com previsão para 2026 e investimento de R$ 6 bilhões, ocupará uma área de 400 mil metros quadrados e deverá gerar ao menos 2 mil empregos diretos, segundo o CEO da empresa, Fernando Palamone. A notícia foi celebrada por profissionais da área e pelo próprio governo federal, que vem criando uma série de políticas públicas — como a recém-lançada Nova Política de Data Centers e o Plano Nacional de Data Centers (Redata) — com benefícios fiscais para transformar o Brasil em um exportador de serviços digitais de alto valor agregado.

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Hoje, estima-se o setor que cerca de 95% da IA utilizada no país é processada no exterior. Sim, a sua pergunta para o ChatGPT “viaja” o mundo antes de te responder. Mas não apenas isso: ela bebe água, muita água.

Para dar conta das IAs, os data centers contam com servidores de alta performance que operam em temperaturas altíssimas, obrigando a necessidade de um sistema de resfriamento à base de água. Os números são surpreendentes: um único centro de grande porte pode consumir milhões de litros em um único dia (por vezes o equivalente ao consumo de uma cidade pequena inteira). Em muitos casos, a água é evaporada em torres de resfriamento, tornando-se indisponível para outros usos.

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E é essa a preocupação dos ambientalistas.

Impacto das IAs no meio ambiente

Demonstração em desenho de sistema de resfriamento de data center
Demonstração do sistema de resfriamento de um data center, em inglês (The immersion cooling technology: Current and future development in energy saving/Alexandria Engineering Journal/Reprodução)
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Vislumbrando além do otimismo com a geração de empregos e o avanço tecnológico, ambientalistas alertam para o impacto ambiental que a instalação dos complexos podem causar no país — que, vale lembrar, é uma das nações com a maior disponibilidade hídrica do mundo. O receio é que os incentivos do governo para a entrada das big techs por aqui aumente rapidamente a demanda por recursos, sem que haja estudos de impacto aprofundados, ou até mesmo tempo hábil para recuperação.

A cada 100 palavras geradas pelo ChatGPT, gasta-se meio litro de água e 0,14kWh — o equivalente a cerca de 14 lâmpadas LED acesas por uma hora. 

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“O que a gente sabe é que essas infraestruturas dependem de um consumo gigante de energia, de água para resfriar esses servidores. Elas dependem de um consumo de minerais, minerais chamados críticos para a transição energética, o que pode aumentar também a busca por empreendimentos minerários e exploração de minérios”, explicou Júlia Catão Dias, do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), ao g1. “Qual é o cálculo que diz que a gente tem água suficiente sem que isso implique uma crise hídrica para a população?”

Até o momento, a preferência pelo sul do país é explicada, sobretudo, em função da proximidade com a usina de Itaipu e o clima ameno — o que poderia reduzir os custos do resfriamento dos equipamentos. No entanto, isso não tira outros estados e regiões da mira. Nas últimas semanas, tornou-se público o interesse do TikTok, big tech chinesa, em construir um data center no Ceará, mais especificamente na cidade de Caucaia. O município sofre historicamente com a seca.

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Segundo um estudo da Universidade da Califórnia, os data centers localizados em regiões áridas ou com escassez hídrica são os que enfrentam os maiores desafios. Em 2023, cerca de 42% da água utilizada pela Microsoft veio de regiões com alto estresse hídrico. A falta de transparência das empresas também dificulta análises mais detalhadas sobre as pegadas hídrica e energética associadas à IA. Segundo os ambientalistas, muitas companhias subestimam ou não divulgam completamente seus consumos reais.

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