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Documentário “Verdade 12.528″ traz histórias de vítimas da ditadura e mostra a importância de discutir o tema no país

Por Ana Prado
Atualizado em 24 fev 2017, 15h47 - Publicado em 1 abr 2014, 19h19

verdade

Neste ano em que o golpe militar de 1964 completa 50 anos, há boas chances de a ditadura aparecer nos vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas, independentemente de ser cobrado em alguma prova, é fundamental conhecer o tema como cidadão.

Aproveitando a criação da Comissão da Verdade em 2011, a jornalista Paula Saccheta, neta de um jornalista preso na ditadura Vargas, e o fotógrafo Peu Robles entraram em um site de financiamento coletivo e pediram ajuda para realizar um documentário sobre o assunto. Eles conseguiram o valor necessário e o resultado foi o “Verdade 12.528″ (o nome faz referência à lei que criou a Comissão), lançado em outubro de 2013 e que tem sido exibido em vários festivais de cinema pelo mundo e em várias cidades pelo Brasil. O filme, voltado especialmente para o público jovem, traz depoimentos dos parentes de mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar e explica como funciona e qual a importância da Comissão para apurar as violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.

UPDATE: o documentário, de 54 minutos, foi disponibilizado online, completo e gratuitamente. Para assisti-lo, clique aqui.

>> Veja também: Como a Comissão da Verdade e a ditadura militar podem ser cobradas no vestibular?

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O GUIA DO ESTUDANTE conversou com Paula sobre a repercussão do filme, que tem os jovens como público-alvo, e sobre a importância de se discutir o tema hoje.

Vocês fizeram o documentário pensando em um público mais jovem. Por que decidiram focar neles e como tem sido a recepção?

Tem sido muito boa. Sempre tentamos participar das exibições do filme em escolas e universidades para promover discussões e essa tem sido a melhor parte. Rola um sentimento de indignação que aproxima a galera mais jovem desse tema. Nosso objetivo foi o tempo todo humanizar e trazer a discussão para hoje, mostrando que ela também diz respeito aos jovens que não haviam nascido na época da ditadura. Precisamos conhecer para que não se repita. O tipo de crime cometido pelos militares durante a ditadura ainda é cometido hoje. Por exemplo, no dia 21 de janeiro de 1971, o deputado federal cassado Rubens Paiva foi convocado no Rio de Janeiro para prestar um depoimento na polícia e nunca mais voltou. No dia 14 de julho de 2013, o ajudante de pedreiro Amarildo entrou no carro da polícia na Rocinha em direção à sede da Unidade de Polícia Pacificadora do bairro e nunca mais foi visto.

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Dona Adalgisa, camponesa que colaborou com a Guerrilha do Araguaia (Foto: Peu Robles)

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Como foi a gravação do documentário? Quem vocês entrevistaram?

Entrevistamos parentes de desaparecidos e mortos pelo regime e pessoas que militaram e foram presas e torturadas, além de outras fontes para trazer a discussão para o presente. Também fomos para o Araguaia e conversamos com camponeses que colaboraram com a guerrilha contra a ditadura. Foram, ao todo, 40 entrevistados e os depoimentos de 27 deles entraram no documentário.

Vocês chegaram a sofrer algum tipo de intimidação?

Não diretamente, mas no fim do ano passado fomos convidados para um festival de cinema no Acre, do qual participavam Brasil, Bolívia e Peru, e depois da exibição do filme houve uma discussão bem acalorada. No dia seguinte, vimos uma faixa na cidade pedindo a volta da ditadura militar. Ela dizia “O povo brasileiro pede a volta do regime militar pra moralizar, porque o Brasil ‘estar’ sem comando”.

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foto
A faixa colocada em Rio Branco, Acre, após a exibição do documentário. (Foto: Arquivo pessoal)

E o que acha do pessoal que defende a volta da ditadura?

As pessoas não têm ideia do que estão falando, não sabem o que foi feito neste país e eu acho que essa ignorância é, inclusive, fruto da ditadura. O ensino público nos anos 50 e 60 era bom, mas muito restrito. A ditadura aumentou o número de escolas e universalizou o ensino, mas destruiu a sua qualidade, transformando-o em uma coisa muito mais tecnicista. Eles acabaram com as matérias de humanas, essenciais para desenvolver o pensamento critico, e focaram só nas exatas e científicas. Isso, somado ao fato de que os abusos eram abafados o tempo todo, mergulhou o país numa anestesia social em que o povo até hoje não conhece a sua história.

Qual a importância da Comissão Nacional da Verdade?

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É muito importante porque colocou o tema em debate e inspirou a criação de várias outras comissões, como a dos médicos e das universidades, para investigar o seu papel na ditadura. Ela vem tímida e tarde, mas antes tarde do que nunca. E não deve ser vista como um ponto final. Em dezembro será publicado o seu relatório final e, como a Comissão não tem o poder de condenar ninguém por causa da Lei da Anistia [promulgada pelo presidente Figueiredo em 1979, ainda durante a ditadura militar, que perdoou crimes políticos cometidos por agentes do Estado e pela oposição entre 1961 e 1979], a grande pergunta é o que será feito depois. Eu defendo a revisão do entendimento dessa lei – um país não pode viver sabendo que tem assassinos, estupradores, ocultadores de cadáveres a solta, rindo da nossa cara.

Veja o trailer do documentário Verdade 12.528:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=qoG4_4qv-Zk?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&loop=0&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=425&h=344%5D

Próximas exibições em São Paulo:

– Dia 3/4 (quinta), às 18h, Tenda Cultural Ortega Y Gasset (na Praça do Relógio da USP, Cidade Universitária).

– Dia 11/4 (sexta), às 19h, Centro Universitário da Maria Antônia, Rua Maria Antônia, 294, 1º Andar.

Para ver outras datas de exibição, veja a fan page da produtora do filme no Facebook.

Mais informações no site oficial

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