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Entenda a decisão de Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris

Segundo maior poluidor do planeta, os EUA abandonaram o acordo climático que estabelece metas de redução das emissões de gases do efeito estufa

Por Fabio Sasaki
2 jun 2017, 17h23
O presidente dos EUA, Donald Trump, anuncia a decisão de abandonar o Acordo de Paris, em Washington, em 1º de junho (Chip Somodevilla/Getty Images)
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Anunciada na última quinta-feira (1/6), a decisão do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris representa um duro golpe nos esforços globais para frear o as mudanças climáticas.

O Acordo de Paris é o tratado contra o aquecimento global firmado por 195 países em dezembro de 2015, que tem como objetivo limitar o aumento da temperatura até o final deste século. Para isso, os países signatários se comprometeram a adotar medidas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, embora esses compromissos sejam voluntários e definidos por cada país. No caso dos EUA, o país havia se comprometido a reduzir de 28% para 26% as emissões de gases do efeito estufa até 2025.

Entenda a posição dos cientistas sobre o aquecimento global, as justificativas da decisão de Trump e o que determina o Acordo de Paris:

O aquecimento global

Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), entidade que reúne 2.500 cientistas de mais de 130 países sob a chancela da Organização das Nações Unidas, o aquecimento global é “inequívoco” e o grau de certeza da participação do homem na elevação da temperatura do planeta é de 95%. E quando nos referimos à ação do homem, trata-se principalmente daquelas atividades que resultam na emissão e no acúmulo na atmosfera de gases responsáveis pelo efeito estufa – entre eles dióxido de carbono, produzido pela queima de combustíveis fósseis, como carvão mineral e derivados de petróleo, como óleo cru, diesel e gasolina.

A corrente cética

No entanto, há alguns cientistas que refutam a tese de que o homem tenha responsabilidade pelo aquecimento do planeta. Eles alegam que a temperatura média da Terra subiu e desceu várias vezes durante sua existência e que o aquecimento do planeta faria parte de um ciclo natural. Essa chamada “corrente cética” é acusada de agir em favor daqueles que atuam no lobby de interesses das indústrias que vivem do petróleo.

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A posição de Trump

Trump é assumidamente um cético a respeito do aquecimento global. Em 2012, ele usou sua conta no Twitter para dizer que “o conceito de aquecimento global foi criado pelos chineses e para os chineses com o objetivo de tornar a indústria dos EUA menos competitiva”. Ou seja, para Trump, a tese do aquecimento global nada mais é do que uma forma de forçar os EUA a trocar os combustíveis fósseis por energias limpas, o que poderia acarretar em perdas de empregos e competitividade para o país.

Desde a campanha presidencial no ano passado, Trump vem ameaçando abandonar o Acordo de Paris.  Para Trump, eleito com uma campanha baseada no slogan “America First” (ou seja, a América em primeiro lugar), o tratado do clima é prejudicial à economia norte-americana ao exigir compromissos que afetam a sua geração de energia, enquanto “dá poder a algumas das nações mais poluidoras do mundo”. O presidente norte-americano agora quer renegociar o Acordo em termos mais vantajosos para os EUA. Em declaração conjunta, Alemanha, França e Itália disseram que o acordo não será renegociado.

O Acordo de Paris

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Assinado em dezembro de 2015 por representantes de 195 países, o Acordo de Paris renovou as esperanças da comunidade internacional em minimizar os efeitos do aquecimento global. Algumas partes do acordo tem “caráter vinculante”, ou seja, os países signatários são obrigados a adotar essas medidas. Outras partes são recomendações, estabelecendo ações voluntárias. Veja a seguir três dos principais termos do acordo:

Estabelecimento de metas (obrigatório): o Acordo de Paris determina que todas as nações signatárias são obrigadas a estabelecer estratégias para limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5 graus centígrados até 2100. Esta meta atende à determinação do Painel de Mudança do Clima da ONU, que estabeleceu como limite um aumento máximo de 2 graus centígrados na temperatura da Terra durante este século para evitar consequências ambientais catastróficas.

O comprometimento com a adoção dessas medidas representa um marco histórico porque, até então, apenas os países ricos estavam comprometidos com metas para combater as mudanças climáticas.

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INDC (não obrigatório): Trata-se da sigla em inglês para “Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas”. É o documento que apresenta as metas de cada país para reduzir as emissões e tornou-se um dos principais focos de desentendimentos. Ao final, decidiu-se que as metas apresentadas por cada país serão apenas voluntárias. É aí que se concentram as principais críticas. Além de o acordo não tornar o cumprimento das INDCs obrigatórias, o conjunto das metas apresentadas pelos países ainda está longe de garantir um aquecimento de apenas 1,5 graus centígrados. Para minimizar este fato, o acordo prevê revisões a cada cinco anos para que os países possam ajustar suas ações visando a uma redução maior.

Financiamento (obrigatório): outro ponto importante do acordo é que a partir de 2020 os países ricos criarão um fundo de pelo menos 100 bilhões de dólares por ano para financiar projetos de combate às mudanças climáticas dos países mais pobres.

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