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Saiba mais sobre o Irã e entenda os recentes protestos no país

Para entender conflitos atuais é preciso mergulhar na história do país

Por Alice Bertoni, do Politize!
Atualizado em 31 jul 2018, 11h59 - Publicado em 30 jan 2018, 16h58
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(Politize!/Politize!)

O Irã é, sem dúvida, um país que intriga muitos observadores. Ao mesmo tempo que vemos interlocutores como Donald Trump bradando severas acusações ao governo teocrático, também nos deparamos com relatos da hospitalidade e gentileza do povo iraniano e até intrigantes fotos de adolescentes andando por Teerã, nos anos 70, como se fossem europeus. Como compreender esse rico país, se não olhando para sua história?

A influência estrangeira e a Dinastia Pahlavi

Desde o século XVIII, com o início da expansão europeia, o Irã – ou Pérsia, como era chamado na época – perdeu diversos territórios e se viu cada vez mais espremido entre dois grandes impérios: o britânico e o russo. A influência dessas duas grandes potências foi essencial para moldar a história da região e foi selada oficialmente em 1907 com a convenção anglo-russa, que estabeleceu a influência russa ao norte e britânica ao sul, incluindo permissões para exploração de petróleo na Pérsia. Mesmo com a queda do Império Russo durante a Primeira Guerra Mundial, o Irã continuou sofrendo grande influência britânica. Além do petróleo, o país sempre foi geograficamente muito importante, sendo um dos únicos no Oriente Médio que possui saídas para o mar, tanto ao norte quanto ao sul.

(BalkansCat/iStock)

Após a Primeira Guerra Mundial, um oficial do exército persa tomou o governo e estabeleceu-se no poder sob o nome de Xá Reza Pahlavi, sendo também posteriormente conhecido como “Reza Xá, O Grande”. Além de estimular projetos de urbanização e desenvolvimento industrial no Irã – nome que o país passou a adotar em seu governo – o Xá procurou também diminuir a influência anglo-russa no país.

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Durante a Segunda Guerra Mundial, entretanto, o país foi invadido novamente por Inglaterra e URSS, que retomaram o controle sobre os recursos petrolíferos e pressionaram o Xá a abdicar em favor de seu filho, Mohammad Reza Pahlavi. A influência anglo-russa estabeleceu-se de tal maneira que até a famosa conferência entre os vencedores da segunda grande guerra foi realizada em Teerã, contando com a presença de Stalin, Churchill e Roosevelt.

O novo Xá busca promover uma “Revolução Branca” no país, adotando cada vez mais costumes ocidentais e tomando medidas como o voto universal e a reforma agrária. Seu regime, entretanto, também se torna progressivamente ditatorial, notadamente reprimindo o clero xiita e utilizando até mesmo uma “polícia política”, a chamada “Savak”. Além disso, é cada vez mais caracterizado pela corrupção e gastos excessivos.

O evidente descontentamento interno passa também ao plano exterior, quando o Primeiro Ministro Mohammad Mossaq resolveu nacionalizar as companhias petrolíferas, o que leva a um rompimento diplomático com o Reino Unido e um boicote dos países ocidentais. Embora a União Soviética apoiasse o Irã nessa iniciativa, os Estados Unidos e o Reino Unido, por meio de apoio estratégico em um golpe militar, depuseram Mossaq em 1953, ajudando o Xá Reza Pahlavi – que havia fugido do país – a voltar ao governo com poderes ditatoriais.

A Revolução Islâmica de 1979

O descontentamento com o governo do Xá leva vários setores da sociedade iraniana às ruas em protesto. O clero xiita, entretanto, toma para si a articulação do movimento. O Xá foge do país novamente e, em 1 de fevereiro de 1979, o Aiatolá Ruhollah Khomeini, um especialista em religião que estava exilado devido às críticas que fazia ao governo do Xá, retorna ao país e assume o poder no Irã.

A partir desse momento, o país é declarado uma República Islâmica que tem como chefe supremo o Aiatolá – um líder religioso xiita especializado em religião. A partir desse momento, a estrutura social é alterada profundamente, sendo moldada pela religião. Prévias conquistas, como o direito de voto das mulheres, foram revogadas e novas leis baseadas na Sharia foram estabelecidas, enterrando completamente os anteriores anseios por democracia que muitos manifestantes expressaram em 1979.

Relações com países, como os Estados Unidos, também foram estremecidas, principalmente depois de uma invasão de militantes islâmicos à embaixada americana em Teerã. Até mesmo a União Soviética era vista com maus olhos pelo governo iraniano, considerando “infiéis” ambos os lados que travavam a Guerra Fria. Acusações de terrorismo e a inclusão na lista de “eixo do mal” de George W. Bush contribuíram para dificuldade de diálogo entre o Irã o restante do mundo.

Além disso, o próprio governo iraniano sofre com divergências internas entre os setores “pragmáticos” e “radicais” do clero. As dificuldades econômicas também são fortes motivos de embate dentro do governo, mesmo com a captação de alguns investimentos estrangeiros após a morte de Khomeini em 1989.

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A questão nuclear no Irã

O Irã possui um forte programa nuclear, o qual alega ter fins pacíficos. Entretanto, vários observadores acreditam que o programa também visa a preparar o país para um possível embate com os Estados Unidos ou Israel, além de ser uma questão de “equilíbrio regional”, visto que o país se encontra geograficamente entre várias potências nucleares.

Um dos únicos líderes mundiais que conseguiu dialogar com o Irã foi justamente o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (2003 – 2010), que articulou um acordo entre Brasil, Irã e Turquia em 2010 para o fornecimento de urânio.

Em 2015, foi assinado um acordo nuclear entre o Irã, os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, o que se caracterizou como uma grande demonstração de colaboração entre diversos países. O acordo estabelece que o programa nuclear iraniano pode continuar para fins pacíficos, como, por exemplo, fins medicinal, comercial e industrial. Entretanto, as quantidades de enriquecimento de urânio e a exploração de plutônio são limitadas de modo a que seja impossível a construção de uma bomba atômica.

Com o acordo, foram retiradas diversas sanções aplicadas ao programa nuclear, mas não sanções que dizem respeito ao programa de mísseis balísticos ou à violações de direitos humanos. O levantamento de sanções é extremamente importante para o desenvolvimento da economia iraniana a curto e longo prazo.

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O Movimento Verde

O governo iraniano se caracteriza pela separação entre instituições eleitas – como o presidente e o parlamento – e instituições não eleitas – como o líder supremo e o conselho dos guardiões. O Líder Supremo, cargo vitalício estabelecido com base em conhecimentos religiosos, está acima do presidente, define os rumos políticos do país e comanda as forças armadas. O presidente, entretanto, é a segunda maior autoridade do país e possui mandato de quatro anos.

Em 2009, os iranianos foram às ruas em protesto à reeleição do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad. A cor utilizada pelos manifestantes nos protestos foi o verde, o que caracterizou o levante como “Revolução Verde” ou “Movimento Verde”. O uso de celulares e de redes sociais foi importante para organização dos protestos, da mesma maneira adotada pela “Primavera Árabe” iniciada na Tunísia em 2011.

O movimento verde, entretanto, foi sufocado pelo governo Ahmadinejad, que foi sucedido pelo atual presidente, Hassan Rohani, em 2013.

Governo Trump e protestos

Em 2017, o presidente Donald Trump anunciou que não mais validaria o pacto nuclear com o Irã, considerando que o país realizou “múltiplas violações” e que o acordo só levaria “ao terror, à violência e à arma nuclear”. A decisão sobre o acordo foi deixada nas mãos do Congresso estadunidense e o anúncio do presidente foi acompanhado por novas sanções.

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No final de 2017, o Irã voltou aos noticiários após uma série de protestos contra o governo que se espalharam por várias cidades do país. O crescimento do desemprego, a alta de preços e até anseios por mudanças políticas foram alguns dos motivos que levaram cidadãos iranianos às ruas. O governo reagiu com bloqueios às redes sociais e a atribuição das manifestações a “forças externas” que visam a desestabilizar o país, como os Estados Unidos, a Arábia Saudita e Israel.

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