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O que você precisa saber sobre o livro “Minha vida de menina”

A obra é o diário de uma adolescente mineira no fim do século XIX

Por Ana Lourenço
Atualizado em 27 set 2019, 18h34 - Publicado em 22 jun 2017, 18h39
O que você precisa saber sobre o livro “Minha vida de menina”
(Companhia das Letras/Divulgação)

Um diário escrito por uma adolescente entre seus 13 e 15 anos, na cidade de Diamantina (MG), no fim do século XIX. É assim que se apresenta a obra Minha vida de menina, de Helena Morley – pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant -, publicado em 1942.

Aclamado à época de sua publicação, inclusive por nomes como Carlos Drummond de Andrade, o livro permanece um clássico, resgatado na lista obrigatória do vestibular 2018 da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo (USP).

Para ajudar a compreender a obra, conversamos com alguns professores que indicam os pontos essenciais a que você deve ficar atento ao ler o livro.

Repensando a literatura

Por ser originalmente um diário, a narrativa de Minha vida de menina é pouco usual para quem está acostumado com os grandes clássicos que costumam ser cobrados nos vestibulares. “Não é literatura que de fato se costuma encontrar porque muitas vezes não é sequer considerado literatura. Normalmente diários são considerados mais intimistas”, explica o professor Fernando Marcílio Lopes Couto, do Anglo.

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O diário é escrito entre 1893 e 1895, pouco depois da abolição do sistema escravista e da proclamação da República no Brasil, uma época em que o cenário literário era dominado pelo Parnasianismo. “Esse movimento elaborava uma linguagem mais erudita. Essa garota escrevia de uma maneira muito mais livre e, por isso, só muitos anos depois ela foi lida da maneira que devia ser lida”, diz Fernando Marcílio.

Atenção às questões histórico-sociais

O momento histórico também é considerado fundamental para os professores na compreensão da obra, que mostra o funcionamento da sociedade da época e retrata os preconceitos de raça e classe no pós-abolição – o que abre a possibilidade de haver uma interdisciplinaridade das questões com temas de história e sociologia.

“No meu entendimento a Fuvest quer olhar para essa sociedade do fim do século XIX por olhos não viciados. Não é uma historiadora, uma filósofa, uma socióloga, é uma menina com olhos mais isentos que faz comentários sobre o que vê”, explica Maristela Lemes dos Santos, do Colégio Poliedro.

A recomendação dos professores é atentar a essas possibilidades de relação que podem existir entre as questões abordadas no livro e outras disciplinas que as abordem. “Outro tema interessante é a questão das desigualdades sociais. A Helena é uma menina pobre, mas seus avós e tios têm muito dinheiro. Ela convive com negros e brancos, pobres e ricos, então tem uma visão da sociedade brasileira bastante privilegiada. Os estudantes devem prestar atenção também a esses temas”, aponta Susana Regina Vaz Húngaro, coordenadora de português do Colégio Bandeirantes.

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