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Análise da redação para a proposta “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil”

Por Ana Prado
Atualizado em 24 fev 2017, 15h36 - Publicado em 27 mar 2015, 19h35

O vestibular 2015/1 da Universidade Estadual Paulista (Unesp) pediu para os candidatos dissertarem sobre “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil” (leia a proposta na íntegra aqui).

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Leia a seguir texto escolhido:

Ninguém se considera racista, mas conhece algum. É evidente que a sociedade brasileira ainda carrega esse preconceito racial, trazido desde o século XIX, quando a Lei Áurea de 1888 pôs fim a escravidão, mas não a liberdade efetiva dos negros, escravos.

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Uma pesquisa realizada em São Paulo em 1988, mostrou que a população brasileira possui um preconceito étnico-racial “mascarado” um “apartheid invisível”, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos disseram conhecer outras pessoas que tinham, preconceito. Isso só vem ratificar que mesmo após 400 anos do fim da escravidão ainda somos discriminadores raciais e além de tudo não aceitamos a nossa identidade. Os africanos que chegaram no Brasil no período da colonização influenciaram na cultura, na construção da identidade brasileira.

No século XIX, predominava o ideal de uma sociedade civilizada, que possuía como modelo a cultura europeia -maioria branca- fato que ficou evidenciado com a imigração de europeus para o “embranquecimento” da população brasileira. Esse ideal, portanto, contribuiu para a existência de um sentimento contrário aos negros, sentimento este que se manifestava pela repressão às suas atividades culturais e pela restrição de acesso a certos ramos profissionais.

A naturalização da desigualdade social é tratada no livro A Ralé Brasileira, de Jessé Souza, o autor expõe uma sociedade discriminatória que classifica seres humanos em diferentes categorias, de acordo com sua posição econômica e étnica, marginalizando as pessoas descendentes de africanos, prejudicando-os na ascensão econômica.

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Comentários da professora de redação do Colégio e Curso Oficina do Estudante, Ednir Barboza: 

COMENTÁRIOS SOBRE A PROPOSTA

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Esta proposta de redação convida o aluno a discorrer sobre um tema bastante presente em  nossas relações com o preconceito racial, especialmente, em relação ao negro. A coletânea de textos inspiradores é composta de 4 fragmentos, mais uma foto, que deixam inconteste a presença do preconceito entre brasileiros: camuflado ou não, ele existe! Dos 5 textos, apenas um defende a ausência de preconceito, mas mesmo assim, baseado numa pesquisa que conclui que o preconceito está presente em empresas brasileiras.

A tarefa do aluno era ler, entender e interpretar a coletânea e, a partir daí, criar sua própria impressão sobre o assunto.  Portanto, antes de começar a escrever, o aluno deveria ter formulado sua opinião a respeito do tema: o legado da escravidão e  o  preconceito contra o negro. A primeira conclusão a que se chega ao ler a proposta é que a escravidão deixou marcas indeléveis nesse preconceito velado, mas presente em nossas relações com o negro, no Brasil. E que esse sentimento tem suas origens na escravidão que trouxe africanos para trabalhar de forma sub-humana na lavoura.

AVALIAÇÃO DA REDAÇÃO

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Vejamos o texto do aluno que faz uma boa leitura dos textos oferecidos e contribui, também com dados de seu conhecimento próprio. Entretanto, a estrutura do texto, que deve ser dissertativo, peca em alguns aspectos que esclareceremos abaixo.

Afirma no primeiro parágrafo  que “ a sociedade brasileira ainda carrega esse preconceito racial,…” e faz referência à escravidão, ao citar o seu fim com a Lei Áurea. Essa é, portanto, a tese do texto que deverá ser comprovada nos parágrafos seguintes. No segundo parágrafo, o texto argumenta em favor da tese apresentada, mas não traz nenhuma palavra de coesão unindo os 2 parágrafos iniciais. [nesse caso, o parágrafo poderia ter-se iniciado com uma expressão como: isso fica evidente quando se lê uma pesquisa…] é importante lembrar, aqui, que o texto dissertativo precisa ser articulado; as ideias precisam estar interligadas para uma melhor compreensão do todo. Ainda deve-se ressaltar que houve um erro de cálculo ao se afirmar que faz 400 anos que a escravidão terminou legalmente. De 1888 a 2015, temos 127 anos…

No terceiro parágrafo, o aluno continua com sua argumentação esclarecendo a presença do preconceito entre brasileiros, mas também  não há elementos de coesão entre as ideias. O parágrafo poderia ter-se iniciado com : esse sentimento de aversão ao negro, tem sua origem no século XIX, quando predominava…

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O último parágrafo, que deveria encerrar o texto, expondo a conclusão a que se chegou após a argumentação, traz um elemento novo- a citação de um autor e seu livro que retrata o preconceito contra os negros. A citação é bem vinda, mas deveria estar entrelaçando os argumentos citados anteriormente não servir como conclusão do texto. A conclusão, numa dissertação, precisa ser o fecho que confirma o que se discutiu no corpo da redação– deve dar conta de retomar a tese e expô-la, no final, já confirmada pela argumentação.

O aluno ainda faz referências ao legado cultural trazido pelos negros, mas abstém-se de desenvolver esse aspecto interessante, que também faz parte da discriminação.

Concluindo a avaliação: é um texto que tinha tudo para ser muito bom: boa leitura da coletânea, acrescida de dados trazido de fora, linguagem adequada e correta (salvo alguns pequenos deslizes), mas que errou na organização e na melhor exploração das ideias. Faltou, também, habilidade em entrelaçar a escravidão ao preconceito, exigência da proposta!

Sugestão: entender a correta estrutura da dissertação e escrever o texto de forma coesa, unindo ideias e conceitos em favor da comprovação da tese, que é o cerne de qualquer texto argumentativo.

Nota: 6,0 (numa escala de 0 a 10)

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Análise da redação para a proposta “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil”
Análise da redação para a proposta “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil”
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