Saiba como explorar imagens e charges na prova de redação do vestibular
Uma imagem pode não valer por mil palavras, como diz o ditado, mas diz muita coisa. Separamos e analisamos para vocês imagens utilizadas na prova de redação de três importantes vestibulares do país.
FGV-Direito 2014
Proposta: Imprensa e democracia: a regulação da imprensa nas sociedades democráticas.
Laerte. Folha de S.Paulo, 10 de junho de 2014
A prova de Direito da Fundação Getulio Vargas 2014 trouxe aos calouros um tema espinhoso: a difícil intersecção entre os conceitos de liberdade de imprensa e liberdade de expressão. O primeiro texto da proposta, a charge da cartunista Laerte, propositadamente irônica, sugere que algum controle já existe, ao perguntar se existe controle e se é o povo que o exerce.
O silêncio, no segundo quadro, ilustra a necessidade de se refletir a respeito e ampliar o questionamento do interlocutor.
Um caminho para a argumentação seria situar a liberdade de imprensa enquanto liberdade de expressão, esta como um direito do cidadão que se reflete e amplia como direito de todos os cidadãos. Torna-se, assim, um direito social sujeito a ser legislado, como todos os demais direitos, pela representação política do povo, que é o governo como um todo.
No Brasil, por exemplo, a Lei 7.716 de 1989, que define crimes de preconceito, tem sido atualizada pelo Congresso. Em seu artigo 20, emendado em 1997, a lei define os crimes de incitação à discriminação, com penas de um a três anos de prisão com penas e multa para o indivíduo que a praticar. Porém, essa pena é agravada para dois a cinco anos de prisão e multa para os veículos de comunicação que a divulgarem, pois o veículo está vinculado mais diretamente ao direito social e coletivo. Outros textos escritos polemizaram o tema, permitindo discutir a afirmação da imprensa como Quarto Poder e, assim como o poder financeiro, o militar e outros, merece legislação de regulamentação e controle. Também poderiam ser abordados aspectos como a concentração das mídias no país, a propriedade de rádios, jornais e emissoras de televisão por parlamentares, e a criação da agência de controle Anatel (1997) como exemplo da necessidade de regulação.
Fuvest 2013
Proposta: Aproveite o que o mundo tem a oferecer com o Cartão de Crédito X. Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem contida nesse anúncio (…).
Consumo e cidadania
Nessa prova, o texto de abertura enfatizava ao candidato interpretar a mensagem contida no anúncio, associar a imagem a seu texto e problematizar aspectos como valores humanos, visão de mundo, mentalidade.
Pessoas tranquilas observando o vão central, ou sentadas conversando, sugerem que a segurança do espaço privado é uma das coisas que o cartão de crédito oferece e distingue esses consumidores dos não consumidores.
Alguns candidatos exploraram a ideia de que os shopping centers são os “templos de consumo” deste século, em contraposição aos grandes templos católicos da Idade Média europeia, e que o consumo é uma nova forma de religião a ditar valores sociais e morais.
Outros aspectos importantes são a substituição dos valores sociais por valores de mercado, e do conceito de cidadania pelo de consumidor.
ITA 2013
Proposta: A partir da leitura dessa tirinha, e de textos da prova, redija uma dissertação defendendo um ponto de vista.
Tecnologias e privacidade
O cartunista argentino Quino aborda a crise de identidade das pessoas diante da tecnologia, traduzida nesta tira em um questionamento da pequena Mafalda. Nessa prova, outros textos trataram da privacidade na internet, do uso que as empresas estão fazendo da rede, com a apropriação de dados das pessoas e o envio de spams (mensagens publicitárias); do uso que as pessoas fazem da tecnologia e de ficarem viciadas em trocas de mensagens.
Um dos caminhos seria dissertar sobre a oposição entre consumo e cidadania, a dissolvência do conceito de cidadão, que na globalização está sendo substituído pelo de consumidor. Veja algumas sugestões de abordagens possíveis nesse tema:
– Abordar a necessidade de regulamentações legais para os direitos dos cidadãos e o das empresas no uso das tecnologias de comunicações;
– Dissertar sobre o uso que é feito da tecnologia, no capitalismo, para criar necessidades de consumo explorando nossas fraquezas, conforme constata Mafalda;
– A importância de questionarmos os discursos imperativos e impositivos, como fator essencial tanto na busca do conhecimento pessoal quanto pela sociedade.