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Donald Trump: o que esperar do novo presidente dos EUA?

Republicano sucede Barack Obama na presidência da maior potência econômica e militar em meio a muitas dúvidas sobre o direcionamento de seu governo

Por Fabio Sasaki
20 jan 2017, 13h47

A partir do dia 20 de janeiro de 2017, Donald John Trump, de 70 anos se torna o 45º presidente dos Estados Unidos (EUA). Se durante o processo eleitoral sua candidatura foi tratada com desdém por grande parte da imprensa, agora Trump assume o comando da maior potência econômica e militar do planeta. Barack Obama, que presidiu o país por oito anos, deixa agora a Casa Branca.

Um dos homens mais ricos do país, Trump apresentou-se ao eleitorado como um empresário ousado, com capacidade de transferir o seu talento nos negócios para a gestão pública. Também causou polêmica, especialmente por suas declarações contra a presença de imigrantes mexicanos e muçulmanos no país.

A seguir, você confere algumas de suas promessas de campanha, que sinalizam o que devemos esperar desta Era Trump recém-inaugurada.

Estímulo econômico

Trump declarou que pretende reduzir os impostos para os cidadãos comuns com o objetivo de estimular a economia. O corte atingiria não apenas as camadas da população com menor renda, mas também aqueles que possuem rendimentos elevados. O presidente também indicou que pode eliminar qualquer taxação sobre heranças.

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Protecionismo comercial

O presidente adota uma plataforma protecionista. Quer aumentar as barreiras comerciais e se mostra contra a participação dos EUA em blocos econômicos como o Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio (Nafta) e o Acordo Transpacífico (este ainda não entrou em vigor), alegando tratar-se de parcerias que prejudicam a geração de emprego nos EUA. Além disso, sinalizou que pretende reduzir os impostos para as empresas com o objetivo de estimular a geração de empregos e impedir que elas migrem para países onde a carga tributária é menor. Ao mesmo tempo, quer aumentar impostos das empresas que decidirem deixar o país e não empregar preferencialmente norte-americanos.

Política imigratória

Uma das propostas mais polêmicas de Trump diz respeito à construção de um muro na fronteira com o México para evitar a entrada de imigrantes ilegais. O candidato ainda afirma que o governo mexicano arcará com os custos da barreira. Não menos polêmico é o plano de barrar a entrada de refugiados, especialmente muçulmanos, associando-os diretamente à ameaça de terrorismo. Trump promete, ainda, expulsar os 11 milhões de imigrantes ilegais e obrigar as empresas a priorizar a contratação de cidadãos americanos.

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Parcerias internacionais

Trump moldará sua política externa a partir do lema “America First” – ou seja, os interesses norte-americanos em primeiro lugar. Dessa forma, o presidente quer restringir a abrangência das parcerias militares com aliados históricos. Ele alega que os EUA gastam muito repassando ajuda financeira a parceiros históricos como Japão, Coreia do Sul e Arábia Saudita. Também é crítico da Otan, a aliança militar que os EUA mantém com as nações da Europa Ocidental principalmente. Para Trump, a organização é obsoleta e muito dispendiosa para os cofres norte-americanos. Com esta política, Trump pretende abdicar do papel que os EUA desempenharam nas últimas décadas como guardião da ordem mundial e responsável pelo equilíbrio entre as potências.

>> Veja também: Trump e a globalização

Meio ambiente e energia

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O republicano contesta a tese do aquecimento global e diz que as políticas para diminuir a emissão de carbono irão comprometer a geração de empregos. Trump se diz favorável à energia nuclear e ao uso de carvão pelas indústrias. O novo presidente também já se mostrou contrário a alguns pactos ambientais internacionais firmados por Barack Obama. O Acordo de Paris, assinado por todos os membros da ONU em dezembro de 2015, impõe limites às emissões de gases do efeito estufa para os próximos anos. Na visão de Trump, os EUA devem rever os termos deste acordo.

Obamacare

Outra medida tomada por seu antecessor que está na mira de Trump é o Obamacare. A reforma no sistema de saúde norte-americano implementada por Obama ampliou o acesso dos cidadãos ao seguro de saúde, por meio de subsídios para as famílias mais pobres. Segundo Trump, o Obamacare fere os princípios do livre mercado e representa uma intromissão indevida do Estado em empresas privadas.

Guerra ao terror

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Durante a campanha, Trump disse que em seu governo o país voltaria a ser tão temido pelos rivais que não sofreria mais ameaças, em um recado claro ao Estado Islâmico (EI). Para isso, defende a ampliação dos gastos com Defesa e a modernização o arsenal nuclear – inclusive, não descarta o uso de armas atômicas como reação a ataques terroristas. Em outra declaração polêmica, Trump chegou a defender o uso da tortura.

Cuba e Irã

Alguns dos principais feitos diplomáticos de Obama são contestados por Trump, especialmente a reaproximação dos EUA com antigos rivais, como Irã e Cuba. O republicano já ameaçou romper com o acordo que restringiu o programa nuclear iraniano e é cético quanto ao processo que levou EUA e Cuba a reatarem as relações diplomáticas em 2015.  Por meio de sua conta no Twitter, disse que iria “liquidar o acordo” se Cuba não oferecer melhores condições aos cubanos e aos norte-americanos.

China

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As relações dos EUA com a China podem se tornar mais tensas em virtude das medidas protecionistas que Trump promete adotar. Para o novo presidente norte-americano, as relações comerciais entre os dois países beneficiam a China e prometeu impor tarifas maiores de importação aos asiáticos. Também há divergências em relação à expansão territorial que a China promove no Mar do Sul da China.

Rússia

Desde a campanha, Trump vem adotando um discurso conciliatório com o presidente russo Vladimir Putin. A Rússia chegou a ser acusada de hackear e-mails da adversária de Trump nas eleições, Hillary Clinton, numa sinalização de que o republicano seria um presidente mais favorável aos interesses de Moscou. Nos últimos dias, Trump disse que pode rever as sanções econômicas que os EUA impõe à Rússia se houver uma parceria entre os dois países no combate ao terrorismo, no mais assertivo gesto de aproximação até agora. Mas pairam dúvidas sobre as reais intenções de Trump e os interesses envolvidos nesta reaproximação.

 

 

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