“Presidente” ou “presidenta”: qual é o certo?
Nada de assassinato da Língua Portuguesa. A resposta para essa polêmica pode te surpreender

O uso do termo “presidenta”, adotado pela ex-presidente Dilma Rousseff, está longe de ser uma polêmica resolvida. Em 2016, Carmen Lúcia Antunes Rocha, ao assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), adotou o caminho contrário e disse que preferia ser tratada pelo termo “presidente”, definindo-o como de um cargo, e se declarou “amante da Língua Portuguesa”.
Esclarecemos a polêmica para você aqui, com imagens dos verbetes em três dos dicionários mais importantes da língua:
- VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras;
- Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete;
- Novo Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
Apesar do estranhamento que algumas pessoas possam sentir, o termo presidenta existe e pode ser usado. Além dele, vários termos existem no feminino, de forma diferenciada do esperado para a letra em que terminam no gênero masculino, e não apenas presidenta.
Imperadora e bacharela, por exemplo, podem ser usados, apesar de não parecerem tão naturais como ministra, prefeita, governadora ou senadora, nos quais a palavra no masculino termina com a letra “o” e “r”.
Veja exemplos com os termos estudante e presidente.
No VOLP:
adj. (adjetivo), s (substantivo), 2g. (dois gêneros, masculino e feminino), s.m. (substantivo masculino).
São palavras de dois gêneros, masculino e feminino. Assim, não precisam ser flexionadas se a pessoa não quiser, quando há a flexão. No caso de estudante, a palavra estudanta não existe. Porém, presidenta existe, assim como imperadora.
Veja presidente e presidenta no Aurélio:
O Aurélio registra “pessoa que preside”, porque pode ser um homem ou uma mulher.
Presidenta
No Caldas Aulete:
Apenas por curiosidade, veja bacharela no Aurélio:
A primeira definição é “feminino de presidente”, “substantivo feminino”, 1. Mulher que preside. A última é “mulher de um presidente”.
A professora de redação e coordenadora do Cursinho Maximize, em São Paulo, Ana Paula Dibbern, confirma que “o uso dos termos presidente ou presidenta é opcional.”
Mas analisa: “Para além da questão da norma, é preciso considerar o aspecto questionador da escolha pela versão com final “a”. A discussão gerada a partir da adoção dessa versão pela Dilma foi interessante para evidenciar que o patriarcalismo que nos acompanha há séculos, se faz presente na linguagem, e os dicionários refletem essa realidade. Em muitos deles ainda aparecem, por exemplo, as definições “mulher de um presidente” e “mulher de um general” para os termos “presidenta” e “generala”. Ora, ninguém ganha um diploma ao casar. A noiva de um médico não se torna médica ao se casar, assim como o cônjuge de uma presidenta não ganhou nenhuma eleição. Enfim, não é o caso da palavra presidenta, mas, na minha opinião, se uma palavra pode contribuir para a pauta da igualdade de gênero, ela deve ser utilizada mesmo se não se adequar à norma-padrão”.
Resumo da ópera: Dilma Rousseff prefere presidenta, termo que pode ser usado, e a ministra do STF Carmen Lúcia não precisa sentir desconforto, pode usar o termo mais comum.
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