Necessita-se ou necessitam-se? Trata-se ou tratam-se? Precisa-se ou precisam-se? Eis um pântano de dúvidas que nos atola pela vida afora. E quase sem razão, pois é mais fácil do que parece aprender a regra geral de regência desses verbos. Poucos deles, nessa situação, entrariam em uma dissertação, mas nas questões de múltipla escolha de vestibulares e provas eles caem sempre, pode ter certeza.
A regra geral é simples: a partícula “se” atenua o sentido do verbo e pode ou não esconder o sujeito oculto ou indeterminado. Se o verbo não pede preposição, a oração tem sujeito e o verbo sempre concordará com ele, em singular ou plural. Se o verbo pede preposição, aí ele não muda, não flexiona para o plural, porque há um sujeito indeterminado e a preposição torna o substantivo da frase um objeto direto.
Acompanhe com diferentes verbos flexionados corretamente, sem pedir preposição. Note que em cada frase o substantivo é o sujeito:
♦ Aluga-se casa, alugam-se casas.
♦ Vende-se carro, vendem-se carros.
♦ Oferece-se emprego, oferecem-se empregos.
♦ Trata-se dor na coluna, tratam-se dores na coluna.
Nesses casos, o sujeito não é oculto e o verbo sempre concordará com ele. Basta inverter a frase para encontrá-lo:
♦ Casa é alugada, casas são alugadas;
♦ Carro está a venda; carros estão a venda;
♦ Emprego é oferecido, empregos são oferecidos;
♦ Dor na coluna é tratada; dores são tratadas.
Agora veja exemplos em que o verbo pede preposições como “de”, “com”, “para”, “a”, entre as mais comuns. Nesses casos, o verbo ficará sempre invariável, pois ele esconde o sujeito da frase, o chamado sujeito indeterminado, que corresponde à terceira pessoa do singular. Veja exemplos corretos:
♦ Precisa-se de balconistas com experiência.
♦ Pede-se a todos os presentes.
♦ Necessita-se de encanadores.
♦ Procura-se para contrataçãos imediata.
♦ Trata-se de demandas antigas dos moradores.
A preposição introduz o objeto direto, logo há um sujeito indeterminado para o verbo. Nesses casos, deduz-se que alguém precisa, pede, necessita, procura etc, sempre no singular, na terceira pessoa.
Exceção, sempre há: o verbo tratar tem dezenas de significados. Quando significa “ter por objeto”, “versar a respeito de algo”, o verbo fica invariável, como o que utilizamos no exemplo anterior. Em outros significados, ele concorda em número com o sujeito, explicitado ou oculto na frase, mesmo pedindo preposição. São situações em que isso é bastante lógico, cremos que você não iria errar. Veja esse exemplo, em que o verbo indica conviver, manter relação:
♦ Tratam-se com bastante protocolo em público, apesar de estarem juntos há muitos anos.
É evidente que o sujeito plural foi citado em oração anterior e, aqui, está apenas oculto. O verbo tratar deve concordar com o sujeito (tratam-se), assim como o verbo estar (estarem).
E aí, valeu?
Veja também: Como fazer o plural de substantivos compostos