Prepare-se, você está a instantes de fazer uma das grandes descobertas gramaticais da sua vida. De votações no Congresso às conversas no corredor do supermercado, a palavra “subsídio” quase sempre é pronunciada da mesma forma: com som de “z”, como se fosse “subzídio”. Pois saiba que essa pronúncia não é a correta, pelo menos de acordo com os dicionários e gramáticas da Língua Portuguesa.
Pode checar: vá até dicionários on-line ou o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) e digite “subsídio”. Em frente ou logo abaixo da palavra, você encontrará “(si)”, uma indicação de que a pronúncia, na verdade, tem som de “s”.
Chocante, não é? Mas saiba que o fenômeno está longe de ser raro. Cometemos o mesmo deslize, por exemplo, com a palavra “subsistência”, que também tem a pronúncia “si” indicada pelos dicionários.
Mas, afinal de contas, o que explica essa pronúncia equivocada? E será que está mesmo tão errado falar dessa forma?
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Quando o “s” tem som de “z”
Uma possível explicação para a troca entre “s” e “z” na pronúncia de “subsídio” é que, de fato, em muitas palavras, o “s” no meio das palavras acaba adquirindo este som. Mas existem regras que regulam essa pronúncia. Veja só algumas:
- Palavras terminadas em -oso, -osa, -esa, -isa, -ose, -ise, -ase, -ese (presunçoso; burguesa)
- Nas formas conjugadas dos verbos querer e pôr (quiser; puseram)
- E, de forma geral, palavras que tem o “s” entre duas vogais (casa; crise; empresa)
Já no caso de “subsistência”, existe na verdade uma espécie “contra-regra”: quando vem depois de uma consoante, o “s” terá som de “s” mesmo, e não de “z”.
Erro de hoje, regra de amanhã
Em coluna publicada em 2010, o escritor Sérgio Rodrigues já defendia o time daqueles que (como eu e você) sempre pronunciaram “subsídio” com som de “z”. Rodrigues afirma que, na gramática, o erro de hoje é a regra de amanhã. O que ele quer dizer com isso? Que muitas vezes os gramáticos reconhecem, depois de um tempo, que a pronúncia ou escrita de uma palavra pode, sim, ser alterada para aquela maneira mais difundida entre os falantes.
Um exemplo disso é o “obséquio”. O termo, em tese, deveria seguir exatamente a mesma regra de “subsídio” e ser pronunciado com som de “s”, já que vem depois de uma consoante. Acontece que o som de “z” ficou tão dominante que até os dicionários se renderam! Hoje, o Michaelis traz a indicação “zé” em frente à palavra.
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