Por que algumas pessoas dizem “imagina” para responder agradecimentos?
Isso acontece quando a gramática encontra o jeitinho informal de ser! Entenda melhor

Por que, de vez em quando, ao invés do clássico “de nada”, a gente solta um espontâneo “imagina!” quando alguém nos agradece? A resposta está na forma como a língua evolui com o uso — e, claro, no nosso jeitinho brasileiro de falar com leveza até nas cortesias.
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A palavra “imagina” virou uma espécie de atalho educado. Quando alguém diz “obrigado(a)”, responder com “imagina” significa que o gesto foi tão simples, tão óbvio, que nem precisa de agradecimento. É o que explica Renata Silva, professora de Língua Portuguesa da Rede Pitágoras:
“A palavra ‘imagina’ é uma flexão do verbo ‘imaginar’, significando uma resposta a um agradecimento para transmitir a ideia de que o gesto foi tão simples que não exige retribuição. É como se o interlocutor elaborasse o seguinte raciocínio: ‘Você imagina que precisa agradecer, mas não precisa’”.
Uso regional da expressão
“Esse emprego da palavra ‘imagina’ é uma prática comum a interações diretas e foi popularizado nas redes sociais. Mas é importante observar que não se trata de um uso universal. Ele pode ser entendido como um regionalismo, já que a palavra tem seus grupos e contextos mais específicos de uso, sendo frequente, por exemplo, no estado de São Paulo e entre profissionais de telemarketing”, diz a educadora.
Além de simpática, essa resposta mostra como o português é vivo e cheio de personalidade. No fundo, quando dizemos “imagina”, estamos mesmo dizendo: “fique tranquilo, tá tudo certo, fiz de coração”.
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Aférese: supressão de fonemas ou letras
E não para por aí: essa resposta informal, muito comum em São Paulo e em call centers Brasil afora, ganhou até versão mais despojada — “magina”. Segundo Renata, essa forma é fruto de um fenômeno linguístico chamado aférese, que é quando a gente corta o comecinho da palavra. Sim, é a língua ficando cada vez mais econômica, prática e oral.
Como se usa no dia a dia
— Muito obrigado por ter me ajudado.
— Imagina! Não foi nada.
— Você foi muito gentil.
—Imagina! Não por isso.
— Desculpe incomodar. Só vim dar uma passada aqui para ver como vocês estão.
— Magina! Não incomoda em nada, você sabe que já é de casa.
A mágica do G
Essa transformação sonora ganhou até espaço na música. Na canção “A Mágica do G”, de Tom Zé e Elifas Andreato, os autores brincam com a aférese e celebram esse jeitinho brasileiro de falar, explorando justamente o uso de “imagina” e “magina”. Olha só este trecho:
“Quando o A fugiu
O G surgiu com sua mágica
E fez descer do céu estrelas
Pra fazer com elas palavras com A fingido
Pois o A tinha fugido
E o G pôs estrelinha no lugar onde A tinha
Na pata da patinha, no rabo da estrelinha
Tinha A? Tinha!
Tinha A? Tinha!
No laço do sapato, no miado do gato
Tinha A? Tinha!
Tinha A? Tinha!
Na orelha da coelha, na pestana da cigana
Tinha A? Tinha!
Tinha A? Tinha!
Imagina a mágica, magina a mágica
Magina a mágica
Mágica, ô ô”
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