Qual é a origem da expressão “as paredes têm ouvidos”?
Melhor pensar duas vezes antes de falar alto demais

Você já soltou um segredo achando que ninguém estava ouvindo e uma pessoa apareceu bem na hora, com aquele sorrisinho de “já sei”? É justamente disso que trata a expressão “as paredes têm ouvidos”. É um lembrete (meio sinistro, meio sábio) de que é sempre bom medir as palavras, mesmo quando parece que não tem ninguém por perto.
De onde vem essa ideia?
A versão mais famosa sobre a origem do ditado remonta à França do século 16, mais precisamente ao período sombrio da Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572. Nessa data, milhares de protestantes foram massacrados em Paris, numa ordem vinda diretamente da realeza e do clero.
A responsável? A rainha Catarina de Médici, uma figura poderosa da corte francesa e mestre em jogos de poder. Mãe de três reis e esposa de Henrique II, ela governou nos bastidores por mais de 30 anos. E segundo o Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves, foi a própria Catarina que teria mandado instalar tubos acústicos secretos no Palácio do Louvre, permitindo que espiões ouvissem conversas políticas sem serem notados.
Resultado? Surgiu o boato (e o medo) de que até as paredes poderiam escutar.
+ Qual é a origem da expressão “segurar vela”?
Tem rato nessa história!
Outra versão vem do outro lado do mundo, do Oriente Médio, mais especificamente de um provérbio persa que dizia: “As paredes têm ratos, e os ratos têm ouvidos.” Com o tempo, essa ideia viajou pelos idiomas e culturas, ganhando versões adaptadas e, claro, mais curtas e dramáticas.
Hoje, o sentido é mais figurado: significa que alguém pode estar ouvindo o que não deveria, mesmo sem ser visto.
Exemplos para usar (com moderação!)
- Fala mais baixo, vai que as paredes têm ouvidos…
- Nem pense em falar disso aqui! As paredes têm ouvidos e a fofoca corre solta.
- Na casa da vó, todo mundo cochicha. Lá, as paredes têm ouvidos e uma memória afiada!
- Durante a reunião, ele só fez sinais com a cabeça… As paredes têm ouvidos, não é?
- Adoro conversar com você, mas juro que, às vezes, acho que as paredes têm ouvidos.
Na literatura infantil também!
A expressão aparece no título do livro infantil “As paredes têm ouvidos”, de Fátima Miguez, que dá um toque poético ao ditado:
“Diz o ditado que ‘as paredes têm ouvidos’,
mas não é ouvido de gente,
mas ouvido inventado,
com outro significado…”
Ou seja: mesmo quando parece que ninguém está prestando atenção, sempre tem um ouvido, real ou simbólico, por perto. Portanto, cuidado!
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