Dúvidas de português
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Se você pensou que o aumentativo de cão era “cãozão”, bem… é quase isso, mas não exatamente. O aumentativo mais aceito, segundo a gramática normativa, é “canzarrão” — e também vale “canaz”, que é uma forma menos conhecida, mas correta.
“Ambos têm formação de aumentativo irregular, ou seja, cuja formação não se dá apenas pelo acréscimo do sufixo”, explica Ivan Gomes de Oliveira, professor de gramática e linguagens do Colégio Agostiniano Mendel, em São Paulo.
Segundo o educador, a divisão de “canzarrão” em morfemas (as partes que formam a palavra) ajuda a entender o porquê desse nome tão peculiar: cão + z + arro + ão.
Direto do latim e da Idade Média
A origem da palavra cão vem do latim “canis”, e as formas mais antigas registradas no português são “can” e “cam”, ainda no século 13. E sim, tudo isso está ligado ao nosso querido “canis lúpus”, o ancestral selvagem dos cachorros: o lobo euroasiático.
Exemplo que vale uma nota 10
Para ajudar você a entender de vez como usar “canzarrão” em uma frase – e também impressionar com vocabulário raro – olha só alguns exemplos trazidos pelo professor Ivan:
- Animais de maior porte, como canzarrões, por exemplo, podem ter problema de tireoide.
- O sinônimo de canzarrão é canaz.
- O antônimo de canzarrão é cãozinho, na forma regular, ou cãozito, na forma irregular.
- O canaz estava com muita fome, afinal ele deve ter um estômago enorme!
Canzarrão também pode significar homem rude ou grosseiro, como na frase abaixo:
“O cliente foi um canzarrão, reclamou de tudo no restaurante”.
Monteiro Lobato e o susto do canzarrão
E que tal um trecho literário com a palavra? Sim, ela já apareceu nas obras de Monteiro Lobato, segundo o professor Ivan. No livro “Emília no País da Gramática”, o Visconde de Sabugosa explica seu medo de palavras terminadas em “ão” – e adivinha qual é uma delas? Veja o trecho abaixo:
“— Eu explico tudo — declarou por fim o Visconde, muito vexado. — O caso é simples. Desde que caí no mar, naquela aventura no País da Fábula fiquei sofrendo do coração e muito sujeito a sustos. Ora, este Ditongo me fazia mal. Sempre que gritavam perto de mim uma palavra terminada em Ão, como Cão, Ladrão, Pão e outras, eu tinha a impressão dum tiro de canhão ou dum latido de canzarrão.”
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