Qual é o diminutivo de gota? Gotinha ou gotícula?
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Se você sempre achou que a única opção para o diminutivo de “gota” era “gotinha”, prepare-se para uma surpresa: “gotícula” e “gotazinha” também estão corretas! Mas existe uma diferença importante entre essas formas.
No dia a dia, a forma mais usada é “gotinha”. “O diminutivo é feito pelo acréscimo do sufixo ‘-inha’ ao radical da palavra ‘got-‘”, explica Renata Silva, professora de Língua Portuguesa da rede Pitágoras.
Não é à toa que esse diminutivo se tornou tão familiar: quem cresceu nos anos 1980, 1990 e 2000 provavelmente já ouviu falar no “Zé Gotinha”, o mascote das campanhas de vacinação do Brasil. Criado em 1986, ele ajudou a popularizar o termo e se tornou símbolo da imunização infantil.
Outras formas de diminutivo
“Gotazinha” também é usada popularmente, mas não com tanta frequência como “gotinha”. A formação da palavra é feita pela junção do radical “got-“ e o sufixo “zinha”.
“Já ‘gotícula’ é o diminutivo erudito de ‘gota’, com o emprego dos sufixos latinos ‘-ulo’ ou ‘-culo’. Costuma ser usado em contextos mais formais, em geral em textos científicos, didáticos e jurídicos”, afirma a educadora.
Ou seja, se você estiver escrevendo um artigo acadêmico sobre química, pode usar “gotículas”. Mas se for falar do café que pingou na mesa, “gotinha” é a escolha natural!
De onde vem a gota?
A palavra “gota” tem uma origem bem antiga: vem do latim “gutta”, que também significava uma pequena quantidade de líquido. Ou seja, desde os romanos já se falava sobre gotas!
Três exemplos de uso
Ficou com vontade de usar o diminutivo na redação? Olha só estas três frases:
- Uma simples gotícula de saliva é capaz de transmitir a doença;
- Gotinhas de tinta respingaram no tapete e nos móveis;
- As gotazinhas de chuva caíam suavemente no rosto das crianças que brincavam no parque.
Licença poética para a gota
A professora Renata lembra que “gotícula”, além do seu emprego científico, também é usada de forma poética. Um exemplo é a epígrafe da página de abertura do livro “Poemas da recordação e outros movimentos”, da escritora Conceição Evaristo:
“O olho do sol batia sobre as roupas do varal e mamãe sorria feliz. Gotículas de água aspergindo a minha vida-menina balançavam ao vento. Pequenas lágrimas dos lençóis. Pedrinhas azuis, pedaços de anil, fiapos de nuvens solitárias caídas do céu eram encontradas ao redor das bacias e tinas das lavagens de roupa. Tudo me causava uma comoção maior. A poesia me visitava e eu nem sabia…”
Um exemplo poético (e divertido) do uso de “gotinha” é a canção “De gotinha em gotinha”, do “Palavra Cantada”. Olha só esta estrofe:
“De gotinha em gotinha
Brilha no orvalho da manhã
De gotinha em gotinha
Limpa o oceano de amanhã”.
Quer mais um exemplo? Veja o trecho do romance “A carne”, do escritor Júlio Ribeiro, escrito em 1888, em que ele usou a palavra “gotazinha”:
“Ouviu-se um estalo abafado.
Barbosa retirou o escarificador.
Um pequeno traço, fino como um cabelo, desenhava-se-lhe negro na alvura da cútis.
Uma gotazinha de sangue ressumou, marejou, redonda, rubro, brilhante, como um rubi.”
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