
Você sabia que existem duas formas femininas para a palavra “cavalheiro”? Em geral, a mais usada é “dama”. É uma forma tradicional, culta e socialmente aceita — como nos convites de “damas e cavalheiros”. E existe também a palavra “cavalheira”, que segue a regra ao formar o feminino adicionando “‑a”.
Embora correta, é pouco usada no dia a dia, e pode soar antiquada ou literária.
De onde vem essas palavras?
A palavra “cavalheiro” deriva do espanhol “caballero” que, por sua vez, originou-se também do latim “caballarius” e manteve inicialmente o sentido de “homens que tinham habilidades na equitação”.
“Mas, com o tempo, a forma ‘cavalheiro’ – com um “h” inserido, comum em palavras portuguesas derivadas de raízes latinas – passou a enfatizar o aspecto de cortesia e galanteria, especialmente a partir do período renascentista, quando os ideais de cortesia e honra se consolidaram na Europa”, conta Renata Silva, professora de Língua Portuguesa e autora da Rede Pitágoras.
“É importante lembrar que o latim vulgar ‘caballarius’, usado para designar inicialmente homem que montava a cavalo (‘caballus’ em latim), deu origem ao termo “cavaleiro”, que se relaciona à figura histórica dos guerreiros montados a cavalo e de onde também se originou o termo ‘cavalheiro’”, complementa a professora.
Já a palavra “dama” vem do francês “dame” que, por sua vez, originou-se no latim “domĭna-“, significando “senhora” ou “dona”. Era usada para designar uma mulher de posição elevada, respeitável ou de comportamento refinado, frequentemente associada à corte ou à nobreza.
Segundo Renata, a escolha de “dama” como contraparte de “cavalheiro” reflete também a ideia de equivalência social: ambos os termos denotam pessoas de distinção, seja por status, comportamento ou educação, nos séculos passados.
Exemplos de uso com os dois femininos
- Ela é uma verdadeira dama, sempre tratando todos com respeito e serenidade, mesmo sob pressão.
- Vestida com simplicidade e elegância, a dama roubou a cena na estreia do filme.
- Com um sorriso confiante, a dama comandou a reunião, mostrando sua competência e liderança.
- A jovem demonstrou ser uma verdadeira cavalheira ao ceder seu lugar no transporte para uma idosa.
- Agindo de forma cavalheira, a jovem ofereceu seu casaco a uma amiga que sentia frio, mostrando sua generosidade.
“Cavalheira” na literatura
A palavra “cavalheira” é bastante rara nos dias de hoje. Geralmente aparece em filmes, músicas e livros, sendo mais comum em textos ou cantos tradicionais da literatura portuguesa. A professora Renata cita como exemplo a canção tradicional “Ó da casa, cavalheira”, que faz parte dos “Cantos Tradicionais Portugueses da Natividade”, registrados pelo Coro de Câmara da Academia de Amadores de Música, com direção de Fernando Lopes-Graça (publicado em 1955).
A letra começa assim:
“Ó da casa, cavalheira,
Escutareis e ouvireis,
Duas meninas donzelas
Que vos vêm cantar os Reis.”
Dama na música popular brasileira
Já a palavra “dama” aparece em canções mais modernas, como a “Dama do Cassino”, de Caetano Veloso. Ela foi lançada no álbum “Joia”, em 1975. Na letra dessa música, o termo ‘dama’ é explorado em seus múltiplos sentidos, desde a designação para a figura feminina (‘dama danada’) à referência ao universo das cartas do baralho. Veja o trecho abaixo:
“Eu prometi e cumpri mil carinhos
E muito respeito
Amor perfeito nos momentos bons
E nos momentos maus
Mas essa dama danada nunca encontra
Nada a seu jeito
Ela só busca as espadas, os ouros
As copas e os paus”.
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