O escolhido do mês para o nosso Clube do Livro é “O Cortiço”, obra publicada em 1890 de autoria de Aluísio Azevedo. A obra já é figurinha carimbada na lista de leitura obrigatória da Fuvest, além de ser o maior expoente da literatura naturalista brasileira — gênero inaugurado por aqui pelo próprio Aluísio, com a obra “O Mulato”, de 1881.
O Guia do Estudante conversou com o professor de Humanidades do Sistema de Ensino Poliedro, João Luís de Almeida Machado, sobre os três principais pontos para ficarmos atentos ao ler o livro. E para ajudar ainda mais, a gente ainda separou um resumo e uma análise do livro para você. Ah, e não esqueça: nesta semana faremos dois lives no Facebook pra discutir a obra, viu? A gente te espera!
O contexto histórico do autor
“A princípio, é muito importante que o estudante fique atento ao autor da obra, Aluísio de Azevedo. Ele tem três obras referenciais na literatura: O Cortiço, O Mulato e Casa de Pensão. As obras são importantes porque ele é considerado o criador do naturalismo no Brasil. Essa é uma vertente do realismo, a qual navega no que estava vigendo na Europa a partir do fim do século XIX: uma literatura que busca descrever de uma forma bastante realista o cotidiano das pessoas. Literalmente, os romances do período vão apresentar a realidade da forma mais dura possível, com forte enfoque social”, explica João. “Uma referência para a obra de Aluísio é o trabalho do francês Émile Zola, que no livro Germinal discutiu as condições de vida e trabalho dos mineradores franceses do século XIX”.
Narrativa
O professor explica que O Cortiço se adequa à categoria de romance experimental. “Ele deixa de lado qualquer tipo de idealização e romantismo. Prevalece uma visão muito crua, muito ‘a vida como ela é’, e não como ela deveria ser”, resume. “O Cortiço apresenta um lado até então pouco explorado na literatura brasileira, principalmente no romantismo: o de uma sociedade pobre e excluída. Ao mesmo tempo, ele desnuda a sordidez humana e a vileza das pessoas. O personagem principal, João Romão, é um sujeito que se aproveita dos outros para crescer na vida ao longo de toda a narrativa. Ele não tem um filtro, nem muitos escrúpulos. Mas ele não é julgado por seus fatos e não existe uma condenação dele; o que existe são os fatos.”
A linguagem
O vocabulário de O Cortiço acompanhou o aprofundar do livro nas camadas mais pobres da sociedade brasileiro. Conforme explica João: “O linguajar da obra retrata que os personagens são de periferia e tem origem humilde. É um vocabulário em que falta polidez e instrução; o populacho se destaca”.