Nesta terça-feira, 6 de março, o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez completaria 91 anos. Para homenageá-lo, o Google exibe um doodle que faz referência à aldeia mágica de Macondo, onde se passa a história de “Cem Anos de Solidão”.
A obra, publicada em 1967, é considerada uma das maiores do realismo fantástico, gênero literário que mistura o real e o imaginário – e gênero do qual Gabo é considerado um dos maiores expoentes.
O escritor, que faleceu em abril de 2014, já teve suas obras traduzidas em 36 idiomas e vendeu mais de 40 milhões de livros pelo mundo.
Em 1982, ele se tornou o primeiro colombiano a receber o Nobel de Literatura. O discurso feito pela Academia Sueca na cerimônia de premiação destaca alguns dos seus feitos. Leia um trecho:
García Márquez alcançou um sucesso internacional incomum como escritor com seu romance em 1967 (Cem anos de solidão). O romance foi traduzido para um grande número de idiomas e vendeu milhões de cópias. Ainda está sendo reimpresso e lido com interesse contínuo por novos leitores. Esse sucesso com um único livro poderia ser fatal para um escritor com menos recursos do que aqueles possuídos por García Márquez. No entanto, ele gradualmente confirmou sua posição como um raro contador de histórias, ricamente dotado de um material de imaginação e experiência que parece inesgotável.
Em grandeza e riqueza épica, por exemplo, a novela O Outono do Patriarca, de 1975, se compara favoravelmente com o trabalho mencionado antes. Novelas curtas como Ninguém escreve ao coronel, de 1961, A má hora: o veneno da madrugada, de 1962, ou Crônica de uma morte anunciada, de 1981, complementam a imagem de um escritor que combina o talento narrativo copioso e quase esmagador com o domínio do artista consciente, disciplinado e amplamente lido da linguagem. (…)
A morte é talvez o diretor mais importante nos bastidores do mundo inventado e descoberto por García Márquez. Muitas vezes, suas histórias giram em torno de uma pessoa morta – alguém que morreu, está morrendo ou morrerá. Um sentido trágico da vida caracteriza os livros de García Márquez – um sentimento da incorruptível superioridade do destino e dos estragos desumanos e inexoráveis da história.
Continua após a publicidadeMas essa consciência da morte e do sentido trágico da vida é quebrada pela vitalidade ilimitada e engenhosa da narrativa, que por sua vez é um representante da força vital, ao mesmo tempo assustadora e edificante, da realidade e da própria vida. (…)
Com suas histórias, García Márquez criou um mundo próprio, que é um microcosmos. Na sua autenticidade tumultuada, desconcertante e graficamente convincente, reflete um continente e suas riquezas e pobreza humanas.
Discurso da cerimônia do Prêmio Nobel de Literatura de 1982