Há um tempo, assisti um documentário chamado Free Solo. Nele, o escalador mais bem sucedido do mundo, o Alex Honnold, está se preparando para o maior desafio que já tinha enfrentado até ali: ele iria escalar o El Capitán, um paredão de 975 metros em Yosemite, nos Estados Unidos. Mas tem um detalhe. A escalada seria sem cordas ou qualquer equipamento de segurança. Ou seja, se ele caísse, já era.
O que me chamou muita atenção enquanto via o filme foi o processo de preparação do Alex para esse desafio. O primeiro passo dele foi avaliar os pontos de maior perigo da montanha. Depois, ao invés de treinar escalando a montanha toda várias vezes, ele colocou todo o foco e atenção nestes pontos perigosos. Mas aqui acabam os spoilers do documentário, quem quiser saber o final vai ter que assistir.
O fato é que assistir o Free Solo me fez pensar sobre a forma como a gente encara a nossa própria montanha, o vestibular. Muitas vezes, durante o processo de preparação, acabamos focando em todo o processo. Queremos praticar tudo, de todas as disciplinas, quando na verdade faria mais sentido focar nos pontos de perigo.
Mas será que os pontos de perigo são os mesmos para todo mundo?
Aqui precisamos levar dois fatores em consideração, o perfil do estudante e a prova que ele vai prestar. Veja bem: um estudante que tem dificuldade em matemática, em redação e física, mas que manda bem em humanas e biologia. Se o objetivo dele é prestar o Enem, valeria a pena focar em dois “pontos de perigo”: a matemática e a redação, que são os que tem mais peso na nota do exame. Agora se ele fosse prestar a Fuvest, o cenário muda um pouco, e poderia ser interessante colocar um foco maior em Física que é super valorizada nessa prova.
Em resumo, a montanha é a mesma para todo mundo: o Enem, a Fuvest, a Unicamp… o que muda são os “pontos de perigo”, que variam de um candidato para o outro e devem ser o foco na hora da preparação.
Além de chegar mais preparado para essa escalada que são os vestibulares, você ainda fica mais tranquilo durante o processo. A sensação de saber que está encarando as dificuldades e, pouco a pouco, dominando o que é mais difícil para você, certamente vai te ajudar a dormir melhor à noite.
Susane Ribeiro foi aprovada em engenharia aeronáutica no ITA, em medicina na USP e na Unicamp e criou o Método Sniper de Questões. Ela tem um canal no YouTube onde dá dicas para estudar melhor e manter a motivação.