Já parou para pensar que a maioria dos sites que visita na internet teve a interface projetada por um designer gráfico? Esse profissional tem uma atuação bem versátil e trabalha, em termos gerais, com a criação e disposição de elementos visuais para melhor transmitir uma mensagem. Além das carreiras mais comumente relacionadas ao Design Gráfico, como a formulação de identidade visual para um produto e a atuação em agências de Design e Publicidade, o designer também pode atuar na área editorial desenvolvendo o aspecto gráfico de publicações impressas, como livros e revistas, e até mesmo nos campos de ilustração e animação com a criação, por exemplo, de personagens para jogos.
Se você se interessou pela profissão, irá gostar de conhecer o curso da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), avaliado com 5 estrelas pelo Guia do Estudante 2014. Ao contrário da maioria das universidades, a UEMG não se reúne em um grande campus, mas se espalha em pequenos campi em Minas Gerais. A graduação de Design Gráfico, que recebe 80 novos estudantes por ano, divididos entre os turnos da manhã e da noite, é ministrada na Escola de Design, em Belo Horizonte, que também oferece os cursos de Artes Visuais (Licenciatura), Design de Ambientes e Design de Produto.
O ingresso na carreira se dá tanto pelo processo seletivo da própria universidade, quanto pelo SiSU, e não há prova de habilidades específicas. Então, se você não sabe desenhar, mas pensa em se tornar designer, olha aí que ótima notícia: já está mais pertinho do seu sonho! Afinal, não é necessariamente com desenho que esse profissional trabalha, mas com ideias inovadoras. As habilidades em desenho são importantes para áreas de atuação que específicas que fazem uso disso, como ilustração ou animação.
(Imagem: Thinkstock)
Artes Visuais à parte, os cursos de Design têm as mesmas matérias no primeiro semestre. Elas, porém, se diferenciam um pouco em seus direcionamentos e dão enfoque ao que será aprofundado ao longo de cada graduação específica. Em Design Gráfico, o estudante estará em contato desde o início do curso tanto com disciplinas teóricas, como História e Análise Crítica da Arte e do Design, quanto com matérias mais práticas, como Processos de Criação e Metodologia Aplicada ao Processo do Design, que envolvem produções relacionadas a projetos.
Para saber mais sobre a graduação de Design Gráfico, conversamos com Letícia Robini, aluna do quarto período. Ela explica que, ao contrário da maioria das universidades públicas, que têm como mote a pesquisa acadêmica, o curso na UEMG é voltado para preparar o estudante para o mercado de trabalho. “É impossível abordar todas as possibilidades oferecidas a um profissional de Design, mas a nossa graduação tenta explorar diversas áreas para que o aluno tenha um primeiro contato com as diferentes vertentes possíveis de se seguir após o curso”, conta.
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GUIA DO ESTUDANTE: Como e por que você decidiu fazer Design Gráfico? O curso atendeu às suas expectativas?
Letícia Robini: Muitas pessoas relacionam diretamente Design com a habilidade de desenhar e foi justamente este aspecto que atraiu minha atenção para este curso específico. Foi algo sugerido, na realidade, ao invés de uma ideia própria, porém o interesse cresceu em mim conforme pesquisava mais sobre os cursos. Tendo amigos que já conheciam e se interessavam pela UEMG, pude ser apresentada à universidade e meu primeiro vestibular foi para Design de Produto, no qual passei e então fiz o curso por um ano. Não me identifiquei com o curso e então realizei um segundo vestibular, desta vez para Design Gráfico.
GUIA: O curso tem um viés prático? Os alunos têm contato com atividades de extensão? Quais?
Letícia: O curso tem foco justamente na preparação do aluno para após a faculdade, de modo que ao mesmo tempo em que são ensinadas teorias, estas são rapidamente aplicadas a uma prática. A universidade conta com uma série de laboratórios de extensão, os Centros. São um modo ainda mais interessante de colocar o aluno em contato direto com a profissão do Designer, oferecendo estágios e aceitando alunos voluntários. Infelizmente, pouco se informa sobre os Centros, de modo que a maioria dos alunos passa por vários semestres sem ao menos compreender que tem a possibilidade de participar de algo que o poderia interessar.
GUIA: Os alunos têm aulas de como usar os softwares de edição (pacote Adobe) na própria faculdade ou precisam aprender fora da graduação?
Letícia: Todo o conhecimento do pacote Adobe é da responsabilidade do próprio estudante. Existem matérias optativas que ensinam acerca de HTML e CSS, porém nenhum destes softwares necessários para a profissão. As opções são a realização de um curso fora da universidade ou, como em meu caso, aprender com a própria experiência.
GUIA: Qual a diferença entre as atribuições de um designer gráfico e a de designers de produto ou de ambientes? O designer gráfico também pode atuar nessas áreas?
Letícia: O designer gráfico age como um meio de comunicação entre o cliente e seu público, utilizando seus conhecimentos gráficos para passar a mensagem desejada com sucesso. Ele não tem os conhecimentos de materiais específicos — como couro, madeira, etc — para atuar com êxito na área dos designers de produto e também não teve o preparo de um designer de ambientes para lidar com seu trabalho.
Existem áreas comuns para mais de um curso, como embalagens — algo visto em Design de Produto e Design Gráfico — ou cenografia — esta, uma vertente que se relaciona com os três cursos, mas ainda assim há uma gigantesca diferença no trabalho de um e outro e são em situações como esta que se criam parcerias entre profissionais ou estudantes de cursos diferentes.
GUIA: Você já tem ideia de que campo de trabalho quer seguir quando se formar? Já fez/faz estágio? Como foi a experiência?
Há dois meses, eu responderia prontamente que iria me especializar na área de animação e arte conceitual usada para filmes, porém hoje em dia já não mais tenho tanta certeza. Atualmente faço estágio no campo editorial, trabalhando para uma editora pequena não apenas com diagramações de livros como também na criação das próprias capas. O ramo editorial me interessa muito e todo o processo da criação de um livro é algo incrivelmente interessante, não há nada como se esforçar em um determinado processo de criação de capa por tempo considerável e, então, ter a cópia física do livro que você ajudou a criar em mãos.
Para alguém que até então apenas trabalhava como freelancer em ilustração ou estagiária voluntária, o primeiro estágio é um marco e ter encontrado trabalho em um lugar que mistura livros — uma paixão desde… sempre? — com a possibilidade de exercer minha criatividade e ainda adicionando um ambiente divertido e com situações que às vezes chegam a parecer surreais faz com que seja definitivamente a experiência que mais me marcou profissionalmente.
GUIA: O que você diria para o leitor que quer fazer Design, mas não sabe ainda se essa é a profissão certa e precisa de dicas?
Letícia: Com base em minha própria experiência na transição que fiz entre Design de Produto e Design Gráfico, posso dizer a mais clichê das recomendações: pesquise. É um curso muito trabalhoso, com uma infinidade de tarefas práticas e muitas pessoas desistem por acreditar que se trata de algo fácil. Eu não pesquisei o bastante e tive que fazer um ano de um curso que não gostava. Porém a profissão certa nunca é uma certeza. Não há nada errado em mudar de curso uma vez, duas, três, até que se encontre aquilo que traga uma verdadeira satisfação profissional.
GUIA: Ah, lembrei de algo importante! Como é a recepção dos calouros no Design Gráfico? Os veteranos são legais?
Letícia: A primeira semana dos calouros na faculdade é conhecida como Semana C. Nela, professores, coordenadores e até mesmo alguns veteranos dão algumas informações e boas vindas à universidade. No mais, veteranos e calouros têm contato no andar da cantina, sendo que todos com quem conversei — fossem veteranos ou calouros — foram bem legais e simpáticos. Aqueles de anos anteriores sempre pedem depoimentos sobre professores e adoram ver o terror nos olhos dos calouros ao contar o desespero dos trabalhos finais dos semestres mais difíceis. Eu mesma posso me dizer culpada disso, hehe.