Diretora do Incor dá dicas sobre o curso e a carreira de Enfermagem
“Sempre gostei de ajudar as pessoas. Quando um parente ficava doente, eu me interessava por cuidar dele”. Quem conta essa história é Jurema Palomo, enfermeira há quase 40 anos. Ter carinho e dedicação são características importantes para ser um bom enfermeiro. E Jurema tem isso de sobra. Hoje ela é responsável por dirigir a área de Enfermagem de um dos principais centros de referência em saúde do país, o Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas de São Paulo.
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A profissão de enfermeiro é muito importante para o cuidado da saúde. “Muitas vezes os pacientes tem mais coragem para falar sobre a doença com a gente do que com os médicos”, revela Jurema. A relação de confiança é estabelecida desde o momento em que o doente chega ao centro médico até a hora em que ele se despede do local. O enfermeiro é responsável por acompanhar a evolução do quadro clínico da pessoa e, por isso, precisa enxergar o outro com um olhar humano. “Sempre chamamos o paciente pelo nome e olhamos nos olhos para estabelecer esse vínculo”, conta.
A vida na faculdade e o início na carreira
Jurema se formou na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 1973. Para ela, a parte mais legal do curso eram as matérias práticas. Se hoje, na maioria das aulas, os estudantes veem corpos em projeções feitas com 3D, na época Jurema conta que era bem diferente. “Não tínhamos toda essa tecnologia, estudávamos Anatomia só com cadáveres mesmo”, lembra.
As aulas sobre fundamentos da Enfermagem também estava na lista das preferidas de Jurema. Principalmente porque era nessa que o aluno aprendia a como lidar com os pacientes. “O enfermeiro não faz diagnósticos médicos. A função dele é estudar qual a melhor forma de cuidar de um paciente, por isso é importante também conhecer as doenças e como elas agem no organismo”.
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E como Enfermagem só dá para aprender de fato na prática, Jurema foi atrás de um emprego. Virou assistente de Enfermagem em um hospital particular, trabalhando no pós-operatório de cardiologia enquanto ainda estava na faculdade. Foi a partir daí que surgiu sua paixão pelos cuidados do coração, decisiva para estar até hoje no Incor.
Está se perguntando como ela começou a trabalhar em um dos hospitais mais importantes do Brasil? Sua história no Instituto começou em 1975, depois da faculdade, quando passou em um concurso público. Jurema participou da implantação do serviço de atendimento do Incor e viajou para Londres, onde passou um mês aprendendo como usava os equipamentos que seriam importados para o hospital.
De volta ao país, trabalhava no serviço de atenção ao paciente internado. O Incor trata de doenças de alta complexidade, especializado em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica. “Comecei atendendo os pacientes, mas com o tempo precisei fazer especialização em Administração Hospitalar, uma exigência para crescer no local”, explica. E foi assim que, aos poucos, Jurema conquistou a diretoria da Enfermagem no hospital.
O dia a dia da profissão
A rotina do enfermeiro é bem intensa. “Quem quer seguir a carreira precisa entender: doença não tem hora e, por isso, hospitais não fecham. Trabalhamos para atender a todos que nos procuram”, explica. Mas claro que ninguém trabalha 24 horas seguidas! Existe o sistema de turnos, em que os profissionais revezam.
Além de ser dinâmico e ter disposição, o profissional precisa aprender a trabalhar em grupo. “Não só para se relacionar com a equipe de enfermeiros, mas porque lidamos com outros trabalhadores do local, como fisioterapeutas, médicos, assistentes sociais”, conta Jurema.
O trabalho também envolve muita responsabilidade. É preciso cuidar desde a higiene e a alimentação até a administração de remédios e a prescrição de curativos. “Mas tudo tem seu lado bom, a melhor satisfação é ver o paciente sorrindo deixando o hospital após a alta”, revela.
Oportunidades no mercado de trabalho
De acordo com Jurema, o aluno não deve parar os estudos depois de fazer faculdade. Para se destacar no mercado, trabalhar em grandes hospitais e clínicas especializadas, ela recomenda que se faça uma pós-graduação. “O Incor recebe muitos casos graves, com pacientes que apresentam doenças de alta complexidade. Como é cuidar de alguém preso em uma máquina? É preciso ter o coração aberto para aprender, ser curioso, humilde e ter iniciativa”, conta.
Além dos hospitais e clínicas, outro campo importante é o da saúde coletiva, na qual o profissional atua na promoção da saúde e na prevenção de doenças, realizando também trabalhos educativos na comunidade. Seja qual for a área escolhida, é preciso se aperfeiçoar constantemente. “O mercado está selecionando muito mais, o estudante precisa buscar o conhecimento para ter habilidades que seus concorrentes não têm”, dá a dica.