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João Carlos Alchieri, pesquisador e membro do Conselho Federal de Psicologia, fala sobre o curso e a carreira na área

Por Ana Lourenço
Atualizado em 24 fev 2017, 15h47 - Publicado em 2 abr 2014, 19h11
Alchieri
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Quando se fala em “psicólogo”, muitos já montam na cabeça a imagem do especialista, sentado em uma sala, com o paciente deitado no divã. O trabalho deste profissional tem como pilares a análise do comportamento humano e o tratamento de doenças e distúrbios psicológicos, mas será que a sua rotina deve sempre ser no consultório? O GUIA DO ESTUDANTE conversou com João Carlos Alchieri, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e conselheiro no Conselho Federal de Psicologia, para tirar essa e outras dúvidas sobre o curso, a profissão e o mercado de trabalho do psicólogo.

João Carlos Alchieri, pesquisador e membro do Conselho Federal de Psicologia, fala sobre o curso e a carreira na área

– Saiba tudo sobre o curso e a profissão do psicólogo no Guia de Profissões do GE

Escolha da profissão

João Carlos Alchieri conta que, na infância, já tinha interesse nos assuntos que envolviam pessoas, mas nada muito preciso. “Minha ideia em fazer Psicologia se deu por acaso. Apesar do interesse quando criança, eu sabia muito pouco da profissão, e, na época em que prestei o vestibular, estava me preparando mais para outros cursos, como Medicina”.

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Logo ao entrar em Psicologia, o professor conta que teve sua primeira experiência marcante no curso ao fazer uma avaliação psicológica obrigatória para os ingressantes, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, no começo da década de 1980 (prática que não é mais utilizada). “Essa avaliação me chamou a atenção. Fiquei me perguntando como os psicólogos conseguiam observar o comportamento dos outros através de testes. E, hoje, posso dizer que esse primeiro contato marcou minha carreira, porque minha área básica de atuação é a avaliação psicológica”, conta.

Como é o curso

Segundo Alchieri, a grande dificuldade do estudante que opta por fazer Psicologia é lidar com a grande carga de leitura que o curso exige. “Em geral, as áreas de humanas não são muito desenvolvidas no ensino médio, o que traz problemas nas leituras mais complexas da Filosofia. Além disso, os conteúdos estudados são muito diferentes do que se estuda no segundo grau”, explica. Por esse motivo, o professor enfatiza: para ser psicólogo, é preciso gostar de ler.

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Além disso, por ser, em grande parte das instituições, um curso integral, Alchieri conta que Psicologia era considerado um dos “cursos elitistas”, junto com Medicina e Odontologia, por obrigar seus alunos a permanecer na universidade o dia inteiro, sem poder trabalhar. “Tínhamos aulas pela manhã e pela tarde, e eu ainda trabalhava à noite. Mais para frente, havia também o estágio obrigatório”, explica.

O professor também deixa claro que o cenário do curso de Psicologia melhorou muito nos últimos anos, devido às diminuições na carga horária de aulas e na reconfiguração dos estágios. Outra mudança, ainda em andamento, busca interligar mais as disciplinas do curso, antes muito desconectadas umas das outras.

– Saiba quais são os melhores cursos de Psicologia do Brasil

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– Conheça 11 carreiras que você pode seguir fazendo Psicologia

Entrada no mercado e a redescoberta da profissão

Muitos dos ingressantes em Psicologia (ou mesmo os que sonham em fazer o curso) têm a ideia de que vão sair, quando formados, com um consultório montado e uma carreira estabilizada. No entanto, o aluno logo descobre as muitas áreas de atuação do psicólogo fora do consultório – como em empresas de marketing ou assistência social e jurídica. O professor Alchieri conta que trabalhou um pouco em várias dessas áreas, passando por consultorias de RH, escolas e alguns anos na Psicologia clínica.

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“Mas foi no mestrado que eu realmente redescobri a Psicologia, e a minha própria vocação”, relata. “Foi então que eu entendi que poderia aprender muito melhor tudo o que já havia aprendido na graduação, e optei por seguir na docência, motivado por um desejo que eu já tinha de descobrir, pesquisar.”

Os anos seguintes foram dedicados à carreira acadêmica. Hoje, Alchieri tem um pós-doutorado concluído na Universidade de Brasília (UnB) e outro em andamento, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com vários laboratórios de pesquisa montados ao longo dos anos. Também nos anos seguintes, Alchieri se tornou conselheiro no Conselho Federal de Psicologia, após participar colaborativamente desde o início da década de 1990. Como conselheiro, participa de acompanhamento de processos ético-profissionais, dá consultoria profissional e auxilia na organização e administração da entidade.

Cenário atual

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O grande número de possibilidades que a Psicologia traz torna o curso dinâmico e com bastante retorno para seus profissionais. O Brasil, especificamente, tem demanda de áreas diferentes na atuação do psicólogo, de acordo com cada região. “Em regiões que estão em desenvolvimento, como a Norte, há maior necessidade de psicólogos que trabalhem com seleção de carreiras, por exemplo. O país é tão grande que em qualquer lugar é possível alocar uma área diferente”, explica Alchieri.

Por esse motivo, de acordo com o professor Alchieri, qualquer pessoa que se empenhar para valer na profissão pode ter um bom retorno. Porém, ele alerta para a necessidade de se manter atualizado. “O mercado exige que mesmo quem já tem doutorado faça cursos de atualização. Se você não se exige mudanças e não se impõe metas, só fica voltado ao que aprendeu na graduação. Os sistemas de referência mudam, as pesquisas mudam, e é vital se manter atualizado”, diz.

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