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Qual a diferença entre os cursos de Audiovisual e de Artes Cênicas?

A dúvida de hoje foi enviada pela leitora Carolline Guerra, que gosta muito de cinema e de escrever histórias, e quer entender melhor qual curso superior atua nesse campo: Audiovisual ou Artes Cênicas? “Estou em dúvida entre dois cursos que aparentemente são parecidos. Sou apaixonada pelo cinema e tudo que envolve, com direito a escrever […]

Por Malú Damázio
Atualizado em 24 fev 2017, 15h21 - Publicado em 12 jun 2015, 12h29

A dúvida de hoje foi enviada pela leitora Carolline Guerra, que gosta muito de cinema e de escrever histórias, e quer entender melhor qual curso superior atua nesse campo: Audiovisual ou Artes Cênicas?

“Estou em dúvida entre dois cursos que aparentemente são parecidos. Sou apaixonada pelo cinema e tudo que envolve, com direito a escrever histórias e roteiros. Qual a diferença entre o curso de Cinema e Audiovisual e o de Artes Cênicas?”

Apesar de as duas graduações terem assuntos em comum, o objetivo de cada uma delas é bem diferente: enquanto o bacharel em Artes Cênicas tem no teatro e no seu próprio corpo sua principal forma de expressão, o formado em Audiovisual trabalha com a produção digital de filmes, programas de rádio, e peças de vídeo, tanto para emissoras de televisão quanto para a internet.

Então, Carolline, se você gosta do universo do cinema, anota aí: quem é responsável por pensar a trama, produzi-la e editá-la para que ela chegue até as telonas do modo como a gente assiste é o profissional de Audiovisual. É ele que faz o roteiro, dirige, produz, cuida do som, da fotografia, dos cenários e dos figurinos, faz os letreiros e efeitos especiais, monta e edita os filmes. E tudo isso é feito nos bastidores!

Agora, quem dá vida ao roteiro e aos personagens do próprio cinema é o ator. Mesmo com a possibilidade de atuação nos sets de filmagem, a formação superior e o trabalho desse profissional envolvem diretamente os palcos. Até por isso, o curso de Artes Cênicas é chamado de Teatro em muitas universidades. Vale lembrar ainda que, além da interpretação, um bacharel na área também pode realizar direção, dramaturgia (ou roteiro) e cenografia. Mas, neste caso, ele trabalha com peças, performances e intervenções teatrais.

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Para entender melhor o que você estuda na faculdade de Cinema e o que acontece no trabalho por trás das câmeras, o Guia do Estudante conversou com Tito Ferradans, editor formado em Audiovisual pela Universidade de São Paulo (USP), com ênfase em Fotografia e Montagem. Ele, que agora faz um curso de Efeitos Visuais no Canadá, nos conta um pouco sobre o processo de criação de filmes e destaca que a participação em projetos fora da sala de aula é muito importante para ganhar experiência na área. Falamos também com o ator Lucas Abe, estudante do último ano do curso de Artes Cênicas da USP. Prestes a se formar bacharel com habilitação em interpretação teatral, Lucas lembra que a graduação da USP está dividida em licenciatura e bacharelado e também ressalta que muito da prática em Teatro, que extrapola o campo da atuação, vem do trabalho e da ajuda em iniciativas de colegas.

Confira os depoimentos!

Qual a diferença entre os cursos de Audiovisual e de Artes Cênicas?

(Imagem: Thinkstock)

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Tito Ferradans, editor formado em Audiovisual pela USP:

“Olá, Carolline! Me formei em Audiovisual tem pouco mais de um ano, com ênfase em fotografia e montagem, popularmente conhecida como ‘Edição’, e acho que consigo clarear um pouco sua questão. Na USP, a diferença entre Audiovisual e Artes Cênicas é bem simples: em termos de cinema, quem faz Audiovisual está preparado para o que acontece atrás das câmeras, e quem faz Cênicas está preparado para dar vida aos personagens através da atuação ou da montagem de peças. Audiovisual é definitivamente voltado para cinema ou TV, e Cênicas é Teatro. Esse seria o jeito mais fácil de separar os dois.

Com base no que você falou de escrever histórias e roteiros e de ser apaixonada pelo cinema, acredito que Audiovisual é mais a sua praia. Na USP, a primeira parte do curso se propõe a construir uma base igual para todos os alunos, com história do audiovisual (que vai além do cinema, envolvendo TV e rádio também), documentário, e um pouco de teoria por trás das várias funções existentes num set de filmagem – o que faz um produtor, o que os números na câmera significam, como colocar um microfone de lapela, e assim por diante. Pouco antes da metade da graduação, há uma grande produção de filminhos curtos, de um minuto ou dois, onde todos os alunos experimentam todas as funções no set. Parece um bingo! Hoje você está fazendo a fotografia de um filme, amanhã é o som, depois vai ver alguém filmando seu roteiro…

Quando todo mundo tem essa base inicial definida e experimentou todas as funções técnicas, cada estudante pode escolher duas ou três ênfases para sua formação, sendo elas Direção, Produção, Roteiro, Fotografia, Som, Montagem e Direção de Arte. A partir dessas escolhas, a grade horária varia bastante, pois são professores diferentes e conteúdos completamente distintos, com exercícios focados naquilo que você escolheu.

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O que mantém o curso coeso são os exercícios práticos coletivos que vêm a seguir, onde as equipes devem ser preenchidas por alunos que estão se especializando em cada área. Na minha turma, por exemplo, tivemos oito curtas-metragens onde as funções eram preenchidas por duplas de acordo com as ênfases e identificação com os roteiros propostos – escritos pelos estudantes de roteiro. Por exemplo, como me especializei em Fotografia e Montagem, coordenei as luzes e câmera de um dos curtas, e fiz a edição de outro. Ainda existem também disciplinas mais gerais que todo mundo tem que fazer, mas elas são bem mais voltadas para a parte teórica da produção, e abordam, por exemplo, linguagem, tendências e movimentos e também o significado por trás do que é visto na tela.

Uma das coisas mais legais do Audiovisual são as pessoas que você conhece ao longo do curso. Não só as da sua turma, mas de turmas anteriores e posteriores também, porque, para se fazer um filme, sempre se precisa de uma mãozinha extra. O melhor jeito é se oferecer para trabalhar como assistente e ir aprendendo a parte prática no set, enquanto a teoria toda vem com os professores e exercícios. Na hora de desenvolver seus próprios projetos, esse pouquinho de experiência já ajuda um monte.

Em termos de trabalho, antes mesmo de terminar o curso já dá pra começar a fazer algumas coisas como freelancer, trabalhando em uma ou outra diária de set, sem compromissos maiores. Depois, é possível ter emprego fixo em produtoras e estúdios, emissoras de TV ou rádio, ou participar de projetos independentes mais longos como filmes bancados por editais, que duram mais do que um frila comum. Eu optei pela vida freelancer, porque, apesar da insegurança e o risco de passar um tempo sem ter trabalho, a remuneração, no meu caso, era mais vantajosa que um emprego fixo, e definir minhas próprias regras pra quando eu queria (ou não) trabalhar é algo que vale muito para mim.

Então, durante a faculdade e depois de formado trabalhei um bocado como freelancer no cargo de diretor de fotografia para curtas, comerciais, campanhas, videoclipes e vídeos institucionais. A vida de set é incrível, cada dia uma coisa totalmente diferente. Mas, quando tirei meu diploma, percebi que não estava muito feliz com o jeito que o mercado funciona por aqui – não por questões de emprego, e sim por motivos ideológicos. Aí, no meio do ano passado me mudei para Vancouver, no Canadá, para fazer um curso em Efeitos Especiais, que é um tema que sempre me interessou, mas não é nada explorado pelo currículo do curso de Audiovisual – ou de qualquer outro curso superior, na verdade.”

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>> Saiba mais sobre a carreira de Cinema e Audiovisual

Qual a diferença entre os cursos de Audiovisual e de Artes Cênicas?

(Imagem: Thinkstock)

Lucas Abe, ator e estudante do último ano de Artes Cênicas da USP:

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“Olá, Carolline! No momento curso o último ano de Bacharelado em Interpretação Teatral, no Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP. A diferença entre as duas profissões é que Audiovisual é um curso mais direcionado para o cinema e Artes Cênicas para Teatro.

Nas Cênicas nós somos divididos entre Licenciatura e Bacharelado e essa escolha é feita ainda no vestibular. Grosso modo e muito resumidamente, Licenciatura forma pedagogos e Bacharelado forma diretores, atores, cenógrafos e teóricos em teatro. Essa divisão está para ser abolida, uma vez que existe uma nova proposta pedagógica para o departamento, a ser concretizada a partir de 2016, que tem, na união dos dois eixos, uma de suas principais mudanças.

Uma característica interessante do curso é a gama de conhecimentos que você adquire. Temos aulas de iluminação, dramaturgia, teoria, atuação, direção, entre tantas outras que fazem com que o aluno tenha uma ideia muito completa sobre como uma obra teatral é construída no todo. Grandes encenadores teatrais saíram do departamento e dão aula lá ao mesmo tempo em que atuam na área.

Assim como em Audiovisual, os projetos desenvolvidos pelos alunos também fazem parte da formação e possibilitam um ganho de experiência muito interessante. Alunos interessados em dirigir podem se unir a colegas que querem atuar, que por sua vez convidam alguém para iluminar, e por aí vai. A construção de grupos é bastante estimulada.

Espero ter respondido a sua dúvida! Se possuir outras estou à disposição. (;”

>> Leia mais sobre a carreira de Teatro e Artes Cênicas

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Quer que a sua dúvida sobre profissão também seja respondida aqui no blog? Envie um e-mail para consulte.ge@abril.com.br com o assunto “Dúvida sobre Profissão”. Sua pergunta pode aparecer por aqui também! Qual a diferença entre os cursos de Audiovisual e de Artes Cênicas?

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