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Como é a vida de um jornalista esportivo (e como é cobrir a Copa)

Jornalista que trabalhou em 2014 cobrindo os jogos da Copa fala sobre a profissão

Por Carolina Vellei
Atualizado em 1 dez 2017, 13h22 - Publicado em 11 jul 2014, 20h28

Como será que é trabalhar na área de Jornalismo Esportivo? E, em ano de Copa do Mundo, como é acompanhar os jogos do mundial? O leitor Danilo Ferreira queria saber mais sobre a profissão e nos enviou a seguinte pergunta:

“Quero cursar Jornalismo voltado para o Esporte, pois sou muito fã de esportes, não só de futebol como de vários outros. Me sinto muito bem falando sobre esse assunto e gostaria de saber um pouco mais sobre a carreira de um jornalista voltada para o Esporte.” (Danilo Ferreira, leitor do GUIA)

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Para responder, conversamos com o jornalista Igor Resende. Ele é redator do portal da ESPN, uma das maiores redes de comunicação voltadas para o esporte. Como repórter, trabalhou em 2014 cobrindo os jogos da Copa que aconteceram nas cidades de Fortaleza e Natal. No depoimento abaixo ele conta como é sua rotina de trabalho:

“Oi, Danilo! Desde que percebi que não tinha a habilidade suficiente para ser um jogador de futebol – ou de qualquer outro esporte, sejamos francos -, sempre sonhei em poder acompanhar tudo isso do lado de fora, como um jornalista esportivo. E acho que isso sempre foi algo que cresceu junto comigo. E a paixão que me fazia acordar às 5h de um domingo para ver a estreia do Romário em um time da Austrália sempre me ajudou a saber mais e mais daquilo que seria a minha profissão. É claro que tive que contar com aquela pitadinha de sorte de estar no lugar certo e na hora certa para conseguir entrar no mercado, mas o importante foi estar sempre preparado para aproveitar a oportunidade na hora que ela me aparecesse. Afinal de contas, não sou o único apaixonado por esporte. Em um mercado bastante competitivo, é fundamental ter muito conhecimento e iniciativa para poder se sobressair

No meu caso, sou um redator de web. Mas um redator meio diferente, que as vezes tem a função de repórter ou até de editor. Algo mais que normal hoje em dia, em que as redações parecem sempre ter menos gente que o necessário. É importante que você já não se assuste com isso: desempenhar mais de uma função é quase regra no jornalismo atual. Como redator, pouco saio da redação e escrevo minhas matérias por lá mesmo. Como repórter, sou responsável pela cobertura de eventos, como faço bastante com o UFC e como foi agora com a Copa do Mundo. E como editor assumo a função de mexer na home page do ESPN.com.br. Meu dia a dia não tem uma rotina. Dependendo do dia, entro em um horário diferente no trabalho. E é difícil ter hora exata para sair.

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Cobrir a Copa do Mundo foi a realização de um sonho. Comecei na profissão em 2010, justamente o ano do Mundial da África do Sul. Tive aquela experiência da redação e mesmo assim foi algo diferente. Queria estar na próxima, custasse o que custasse. Depois de trabalhar muito, fui o escolhido para as sedes de Fortaleza e Natal. Foi curioso como as vezes eu acordava e nem sabia onde estava. O dia da semana? Esse eu nunca sabia. As viagens para lá e para cá as vezes são cansativas. Um dia como o da lesão do Neymar me faz sentir como se eu é que tivesse fraturado uma vértebra no final, mas tudo vale a pena para sentir que você fez um trabalho bem feito.

É sempre importante notar alguns pontos antes de tomar a decisão. Ser jornalista, esportivo ou não, te tira alguns privilégios. Os plantões te tiram alguns fins de semana e feriados de lazer. Provavelmente você vai ter que tomar uma decisão entre passar o Natal ou o Ano Novo trabalhando. É assim comigo, que trabalho um fim de semana sim, outro não, um feriado sim, outro não. E possivelmente seu dia a dia não será exatamente uma rotina, com hora exata para começar ou terminar de trabalhar. A proximidade quase que 24 horas por dia com o assunto que você tanto ama pode até fazer com que você perca um pouco o interesse por ele. É normal, afinal de contas, você nem sempre – ou quase nunca – vai poder ver seu time de coração jogando e torcer da mesma forma.

A expectativa era de que o mercado de trabalho se aquecesse no Brasil com dois grandes eventos sediados no país. Mas não foi bem isso que aconteceu. Para a Copa do Mundo, por exemplo, até surgiram muitas vagas, mas quase todas temporárias, por dois ou três meses. Como todo o jornalismo, a carreira esportiva não é tão abundante em oportunidades. E entrar na área sempre depende de estar atento às vagas que aparecem.”

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