Veja em trechos de celebrados escritores o uso de recursos às vezes inesperados, como a ironia, o sarcasmo, o neologismo ou uma simples metáfora.
- Ode ao Burguês
“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel (…) O homem-curva! O homem-nádegas! Eu insulto as aristocracias cautelosas.”
Mário de Andrade cria neologismos que fazem sarcasmo (homem-curva, homem-nádegas) para enriquecer seu poema-manifesto, em Pauliceia Desvairada.
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- Dom Casmurro
“Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos”.
Machado de Assis utiliza eufemismo e ironia para citar os amigos mortos.
- Macunaíma
“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente.“
Na primeira frase de seu romance, Mário de Andrade faz paródia do romantismo indigenista, para introduzir um herói nacional “sem nenhum caráter”.
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- A Hora da Estrela
“Macabéa, esqueci de dizer, tinha uma infelicidade: era sensual. Como é que num corpo cariado como o dela cabia tanta lascívia, sem que ela soubesse que tinha? Mistério.”
Veja como Clarice Lispector se vale de sarcasmo para referenciar o leitor no machismo do namorado-narrador da personagem.
- O Cortiço
“O Miranda, que era homem de sangue esperto e orçava então pelos seus trinta e cinco anos, sentiu-se em insuportável estado de lubricidade”.
Aluísio Azevedo escolhe a palavra orçava para dimensionar a idade do personagem Miranda, e insinua, sugere o quanto ele é ganancioso.