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Análise da redação para a proposta do vestibular 2014 da UPE – protestos no Brasil

Por Ana Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 fev 2017, 15h47 - Publicado em 17 mar 2014, 19h33
SAO PAULO, BRAZIL - FEBRUARY 22: Protesters demonstrate in the streets against the expenditure, which has exceeded $11 billion, of the upcoming FIFA World Cup on February 22, 2014 in Sao Paulo, Brazil. The demonstration turned violent and poice used force to contain the protest and about 230 people were reported to be arrested. (Photo by Victor Moriyama/Getty Images) (/)
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Análise da redação para a proposta do vestibular 2014 da UPE – protestos no Brasil
(Foto: Victor Moriyama/Getty Images)

Com base na proposta de redação extraída do vestibular 2014 da UPE, o estudante deveria escrever um texto dissertativo/argumentativo sobre as manifestações sociais no Brasil em 2013.

Leia a íntegra do texto escolhido:

Incrivelmente o mundo está tomando um rumo positivo e inesperado com a globalização, a socialização que algumas nações começaram a adotar, inclusive o Estados Unidos da América elegendo uma liderança com vínculos populares com objetivos sociais tanto quanto capitalistas, tomando até o Brasil como exemplo de direcionamento com seus trabalhos sociais; afinal não é possível alcançar objetivos capitalistas sem olhar para a população e suas necessidades…

A primavera árabe também não está longe disso, é um rumo social, inteligente e evolutivo da sociedade moderna.

Aqui no Brasil apesar dos “esforços” do governo de avançar nas suas políticas sociais, acabou esbarrando contra seu grande entrave do progresso, a corrupção! O governo atropelou as necessidades básicas do país investindo capital pesado em um evento internacional que sabemos, retornará pouco para o que se espera em um investimentos desse porte.

O país mergulhado em dificuldades sociais e o governo esbanjando gastos milionários em construções de estádios majestosos. Os protestos e a “deixa” óbvia da FIFA com a vitória da seleção na copa das confederações… Algo até vergonhoso para nossa imagem no exterior, ou será que os estrangeiros não sabem da situação de nosso povo?

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A indignação é o sentimento chave que levou a população às ruas… A indignação não se cessa sem a justiça realizada, ela se acumula, se silencia e as vezes desaba sobre os responsáveis como uma represa esgotada pelo peso das águas.

Assim como em todo o mundo, baixas em manifestações dessa magnitude já é algo esperado, a considerar que a baixa tão amplamente divulgada não pareceu homicida mas dissuasiva, que infelizmente teve um resultado negativo, e claro, cabível de punição.

As eleições estão por vir e lá poderemos ver o maior de todos os protestos de uma democracia contra seus governantes, o maior número de abstinências já registradas na história de nosso país, que exclamará no resultado das urnas: “Nenhum de vocês representam os interesses de nosso povo”.

Confira abaixo a análise da professora de redação da Oficina do Estudante, Ednir Barboza:

Esta redação comete alguns equívocos que são perigosos num vestibular. Vou apontá-los abaixo, fazendo comentários sobre cada um deles:

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1.       A proposta pede um título. O aluno não o colocou. Isso, com certeza, diminui a nota da redação. As instruções da  proposta devem ser seguidas, na íntegra. Por isso, ela está aí.

2.       O primeiro e o segundo parágrafos abordam um contexto internacional, sem nenhuma referência aos fatos ocorridos no Brasil. São palavras bonitas, mas que não têm significado para o objetivo do texto. Há, inclusive, alguns trechos incompletos de significado. Mistura termos como: globalização, socialização, capitalismo, objetivos sociais, populares… não há muita lógica neste agrupamento de palavras. No 2ºparágrafo, aparece referência à primavera árabe, também sem ligação com o tema e solto no meio do texto. Portanto, os 2 primeiros parágrafos não têm finalidade para a resolução desta proposta. Esta última referência- primavera árabe- poderia aparecer como exemplo de manifestações populares, numa analogia com os movimentos de rua no Brasil, mas não foi assim que aconteceu.

3.       Somente a partir do 3º parágrafo, o aluno se volta para o Brasil. Entretanto, faz menção a alguns fatos sem esclarecer o que são: dos “esforços” do governo, necessidades básicas do país, evento internacional ( Quais? É preciso nomear, esclarecer, citar primeiro, comentar depois.) Da forma como foram colocados, esses fatos não têm vínculo com o texto, não informam o leitor, não levam à reflexão, que é o objetivo da dissertação.

4.       Esse mesmo equívoco aparece no parágrafo seguinte. Há uma série de citações sem contexto, sem prévio esclarecimento.

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5.       Quando o texto parece que vai abordar o tema, o aluno usa uma metáfora que poderia ser justificada, mas a ideia continua inconclusa. A palavra indignação que aparece no texto poderia ser o início da argumentação sobre as passeatas, se anteriormente, se tivesse relatado o que levou o povo à indignação. Mas ainda não é por aí que o texto segue.

6.       No penúltimo parágrafo, quando a argumentação deveria estar caminhando para o final, indicando a conclusão, há outra série de palavras bonitas que não “conversam” entre si. “Exemplo: baixas em manifestações dessa magnitude já é algo esperado,” o que são essas baixas? Mortes? Tumultos? Prejuízos? Não se sabe…Outro trecho confuso: “baixa tão amplamente divulgada não pareceu homicida mas dissuasiva,” pergunta-se: por que homicida e dissuasiva? “resultado negativo, e claro, cabível de punição”;  Pergunta-se: qual resultado e qual punição? Tais expressões só têm validade se discutidas, explicadas e analisadas.

7.       Finalmente, na conclusão, um alerta aos políticos-candidatos da próxima eleição. Mas onde eles apareceram no restante do texto? Por que chamá-los à briga aqui no final, onde deveria ficar registrada a conclusão de uma discussão argumentativa e explicativa realizada nos parágrafos anteriores. Esse até poderia ser o final, se anteriormente, tivesse havido alguma referência à política brasileira.

Concluindo: Este não é um texto dissertativo; não tem a estrutura da dissertação nem formal nem ideologicamente. Em nenhum momento, infelizmente, o aluno respondeu à pergunta-tema desta proposta. Portanto, fugiu do tema e do tipo de texto. Observe-se que quase não há deslizes do ponto de vista gramatical (grafia, concordância, etc). Mesmo assim receberia uma nota muito baixa e, do meu ponto de vista, zeraria em tema e tipo de texto.

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Segue, apenas como sugestão, um modesto projeto de texto para esta proposta que poderia estruturar-se assim:

1º parágrafo– esclarecer o que foram as manifestações de 2013,  sua amplitude e características, apontando  causas e futuras perspectivas.

2º parágrafo– argumentar sobre as causas dando exemplos e analisando-os;

3º parágrafo– argumentar sobre as possíveis perspectivas que esse movimento pode gerar- dar exemplos e analisá-los ( é sempre bom lembrar que a argumentação, propriamente dita,está na análise que se faz dos fatos e dos dados apresentados);

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4º parágrafo– conclusão:- em que se retoma a ideia inicial e a incorpora à síntese da argumentação, fechando a reflexão feita sobre o assunto.

 

Fique ligado: toda semana tem tema novo de redação no blog!

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