Análise de redação: Caminhos para combater o crack
Veja a correção e os comentários dos professores para uma das redações enviadas pela proposta de 14 de agosto
Com base na proposta do dia 14 de agosto (acesse aqui), os estudantes deveriam escrever uma dissertação sobre o tema “Caminhos para combater a epidemia de crack no Brasil”. Leia abaixo uma das redações enviadas e veja, em seguida, a análise feita pelos professores da plataforma de correção Imaginie.
[11]O crack é uma droga derivada da cocaína que surgiu em meados de 1970 nos Estados Unidos, [14]onde se tornou extremamente popular, onde acabou ultrapassando fronteiras e chegando a diversos locais no mundo, [1]se tornando uma epidemia mundial. Apesar de ser conhecida e utilizada por muitas pessoas, essa droga acarreta consigo efeitos nocivos, que podem acarretar a morte do usuário. [15]Todavia, para conter essa epidemia, [2]deve se impedir a produção e a distribuição dessa droga e tratar os já viciados nela.[12]
Entende-se que a produção e o tráfico de crack continuem ocorrendo, mesmo com o conhecimento geral dos problemas que ela causa, com seus produtores procurando viciar as pessoas e [13]lucrar com a venda desse. A produção do crack é feita em laboratórios, com o uso da pasta de coca[16] que combinada com o bicabornato de sódio[17] forma o produto. Essa droga é repassada aos traficantes, que [3]vende o produto para viciados atuais, ou tentam formar uma nova clientela, prejudicando a saúde dos viciados. O tráfico de drogas é também constantemente associado [4]a violência causada por esse, [18]onde é comum se ver o armamento de traficantes e criações de facções do tráfico como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O crack possui[19] dezenas de milhões de usuários mundialmente, porém, segundo pesquisas do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), o Brasil é o país com mais consumidores, ultrapassando 2 milhões de pessoas. Os dependentes químicos dessa substância sofrem com graves problemas de saúde, como a corrupção do tecido pulmonar, espasmos musculares, danos cerebrais e [20]como [5]ultimo efeito a morte. Além disso, quando um indivíduo é viciado e [6]possuí vontade de consumir a droga, e não a porta no momento, ele passa por transtornos psicológicos, [7]o levando[21] a se tornar mais agressivo e estressado do que o normal.
[23]Portanto, para reter essa epidemia, deve-se acabar com as fontes de produção do crack e a reabilitar o seus dependentes químicos. Para cessar a produção da droga, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública [8]pode se associar com a [9]Policia Militar e realizar uma operação para encerrar a fabricação desse, por meio da força bruta. Também é preciso de um controle mais rigoroso nas fronteiras brasileiras, regulando a passagem de drogas que [10]vem de outros países. Além desses, ONGs como a Associação Parceira Contra Drogas (APCD), podem auxiliar na recuperação de dependentes químicos, fornecendo abrigo e tratamento químico e psicológico, [22]reabilitando e os inserindo de volta na sociedade.
Análise da redação do aluno
Olá, estudante! Seu texto está muito bom, mas não observa certas exigências cobradas ao gênero e ostenta expressivo número de incorreções gramaticais. Atente-se às recomendações feitas ao longo da correção a fim de adequá-lo. Com critério e atenção suas notas hão de melhorar em todos os quesitos avaliados. Espero ter ajudado. Bons estudos!
Competência I – Demonstrar domínio da norma culta:
[1]Nunca inicia sentenças com pronome oblíquo átono. O correto é “tornando-se”.
[2]Em locuções verbais com verbo no infinitivo, o pronome oblíquo não poderá vir solto entre o verbo auxiliar e o principal. Prefira, neste caso, “deve-se impedir” (entre “se deve impedir” e “deve impedir-se”).
[3]Não houve, aqui, concordância verbal. O verbo em questão é regido pelo sujeito “traficantes”, com o qual deve, portanto, concordar. O correto é “vendem”.
[4]Faltou o acento grave à letra “a” para indicar a ocorrência de crase, que é a contração entre a preposição “a” e o artigo definido “a” (a + a = à). O correto é “associado à violência causada por ele”.
[5]Faltou acentuar o termo “último”.
[6]O verbo “possui” não leva acento.
[7]Não comece sentenças com pronome oblíquo.
[8]Há três opções: “se pode associar”, “pode-se associar” ou “pode associar-se”.
[9]O termo “polícia” traz acento.
[10]Faltou concordância verbal aqui. Sempre que o verbo “vem” for regido por um sujeito composto ou no plural, acrescente-lhe o acento circunflexo. Ex: eles vêm sempre aqui / quando vocês vêm? Só no singular, o verbo não traz acento de nenhum tipo. O certo, portanto, é “vêm”.
Competência II – Compreender a proposta:
[11]Embora pertinente, faltou à introdução de seu texto a proposição de uma tese.
Competência III – Selecionar, relacionar argumentos:
[12]Recomendo-lhe, da próxima vez, propor explicitamente uma tese no momento da introdução, de modo a defendê-la nas linhas vindouras. Você sugere o motivo que está na raiz do problema, comprova esta relação de causa e consequência com uma argumentação consistente e lógica e, ao termo, propõe um plano de ação que se lhe articule diretamente, isto é, que ataque, de forma objetiva, o foco do problema apontado.
[13]Exemplo: tal problema ocorre por causa da razão tal (introdução); é fácil percebê-lo ao se averiguar tal coisa, com base em tais ocorrências, nas circunstâncias tais, conforme atestam os dados tais (argumentação); portanto, deve-se agir do modo tal, pois, assim, erradicar-se-ia o problema.
Competência IV – Conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação:
[14]Remova tanto a vírgula quanto o pronome relativo “onde”. Empregue em seu lugar a conjunção coordenativa “e”.
[15]Não há motivo aparente para o uso desta conjunção concessiva, já que as ideias envolvidas não guardam relação de oposição ou tensão.
[16]Faltou a vírgula antes do pronome relativo “que”, a fim de explicar a informação anterior, e não a restringir. Perceba as diferenças de sentido operadas pela vírgula: “eu gosto de biscoitos que são doces” (só dos doces); “eu gosto de biscoitos, que são doces (todos os biscoitos são doces).
[17]Introduza uma vírgula no espaço indicado a fim de isolar o aposto (“combinada com o bicarbonato de sódio”) e não render avarias à oração em que o mesmo se inscreve (observe que você trunca a oração ao empregar apenas uma vírgula).
[18]Restrinja o uso do pronome relativo “onde” para retomar lugares/locais, coisa que não acontece aqui. Exemplo: o lugar onde moro é bonito / depois passamos na feira, onde compramos muitos ovos. Diga “no que é comum”.
[19] Evite associar o verbo “possuir” a objetos, animais, abstrações ou locais, já que, procedendo assim, você lhes atribui a capacidade humana de se apossar de algo. Prefira “conta com”.
[20] Opte por isolar o aposto “como último efeito” entre vírgulas.
[21] Prefira dizer “o que o leva”.
[22] Pronominalize também este verbo: “reabilitando-os”.
Competência V – Elaborar a proposta de solução para o problema:
[23]Embora boas, as medidas sugeridas não integram um único plano de ação devidamente detalhado, articulado e unificado. Da próxima vez, elabore um só plano de ação, que congregue o que fazer, como fazer, que meios utilizar e que agentes designar.
Nota: 720