Com base na proposta do dia 10 de abril (acesse aqui), os estudantes deveriam escrever uma dissertação sobre o tema “A necessidade de debater as doenças mentais”. Leia abaixo uma das redações enviadas e veja, em seguida, a análise feita pelos professores da plataforma de correção Imaginie.
[1]Segundo Émile Durkheim, um dos célebres teóricos do Período Oitocentista, a sociedade pode ser comparada a um “organismo vivo” por apresentar mecanismos funcionais integrados. Hodiernamente, contudo, a banalização das relações humanas construídas ao longo da consolidação do capitalismo moderno atua como um catalisador do aparecimento de psicopatologias, modificando a concepção contemporânea de saúde pública. Destarte, a integração entre os segmentos do “organismo biológico” não é realizada e, consequentemente, não apenas os índices de enfermidade são afetados, mas também o aprimoramento social.
A priori, é fundamental pontuar que a intensificação da ocorrência de agravos mentais é um fator histórico e conjuntural. Isso ocorre em função das modificações socioculturais emergidas pela globalização e com a ratificação do sistema econômico neoliberalista. Nesse contexto, seguindo conceitos do falecido sociólogo polonês Zygmunt Bauman sobre a liquidez da modernidade, as interações dos indivíduos com seus semelhantes e o ambiente tornaram-se mais fluidas e menos concretas. Como resultado, a ausência de profundidade no contato interpessoal cria um extremo vazio íntimo e emotivo, tornando mais frequente a assiduidade das psicopatologias.
[5]A posteriori, é indispensável destacar, ainda, que,[3] o agravamento das mazelas psíquicas causa uma enorme disfunção da saúde pública. Isso decorre da facilidade com que agentes externos conseguem impactar a estabilidade fisiológica humana. Em vista disso, o atual padrão de vida pautado na busca incansável por uma melhor colocação no mercado de trabalho e promoção pessoal propicia à população um ideal nunca alcançável. Por conseguinte, transtornos de ansiedade, distúrbios de pânico e depressão fazem-se presentes em um extrato social significativo, como ilustra os dados da Organização Mundial da Saúde, que mostram que, somente no Brasil, aproximadamente 20 milhões sofrem com tais disfunções, exemplificando a desarticulação entre integridade do trabalhador e as atividades exercidas.
Fica evidente, portanto, que,[4] o fortalecimento das patologias mentais nos dias recentes é fruto das mudanças socioculturais no estilo de vida dos indivíduos. [6]A fim de que essa situação seja revertida, o Executivo Federal, por meio do Ministério da Saúde, deve criar núcleos de atenção psicológica primária, fornecendo profissionais qualificados e estimulando um tratamento baseado na comunicação entre pacientes diagnosticado com quadro semelhantes, favorecendo a desconstrução da ideia de superficialidade de relações. Ademais, é necessário que os grandes postos de trabalho disponibilizem aos seus empregados espaços de eliminação do estresse cotidiano, o que poderia ser realizado com o estabelecimento de salas de descanso, locais especializados de descontração e com o uso de palestras de conscientização psicossocial, atenuando a gênese de novos problemas nos funcionários. Em síntese, materializando tais medidas, o “corpo orgânico” de Durkheim estará sendo integrado e pautado em um ambiente muito mais coeso e saudável.[2]
>> Veja algumas dicas de redação
Análise da redação do aluno
O aluno escreveu um ótimo texto. Apresentou bom entendimento sobre o tema, boas ideias, argumentos bem estruturados, além de trazer referências para o texto.
Competência I – Demonstrar domínio da norma culta: A redação está muito bem escrita e a pontuação correta.
Competência II – Compreender a proposta: O aluno compreendeu muito bem a proposta.
Competência III – Selecionar, relacionar argumentos:
[1] Ótimo parágrafo introdutório.
[2] A redação está muito boa. Está conexa com os argumentos, todos relacionados. Vê-se que o aluno entende do assunto e estudou para isso.
Competência IV – Conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação:
[3] Eu retiraria essa vírgula, essa pausa é desnecessária.
[4] Igualmente, essa vírgula não é necessária.
[5] Os conectivos são muito bons. O aluno utiliza vários e não faz uso do mesmo sempre.
Competência V – Elaborar a proposta de solução para o problema:
[6] Ótima solução para o problema. Coerente com o que foi abordado ao longo do texto.
Nota: 960