Com base na proposta do dia 2 de outubro, os estudantes deveriam escrever uma dissertação sobre o tema “A prática da justiça com as próprias mãos no Brasil”. Leia abaixo uma das redações enviadas e veja, em seguida, a análise feita pelos professores da plataforma de correção Imaginie*.
Antigas semelhanças
Lima Barreto, em seu livro “Os Bruzundangas” [1] ilustrou uma problemática nação que satirizava o Brasil do início do século XX. Esse país fictício apresentava problemas como uma certa ineficiência da justiça e a propensão dos cidadãos a realizarem o que seria papel do Judiciário[2]. Passado quase um século, seria razoável que a obra do autor pré-modernista não fosse tão parecida com o Brasil atual. [3] Todavia, não é o que acontece quando se observa a prática da justiça com as próprias mãos no contexto atual. Nesse sentido, é necessário entender os porquês dessa problemática, os quais estão relacionados a fatores políticos e educacionais. [4]
[3] Inicialmente, destaca-se o plano político da problemática. De fato, como bem ilustrou Max Weber, o Estado, teoricamente, possui monopólio da justiça e da violência, o que garante coesão social. Contudo, ao falhar ou tardar em cumprir sua função punitiva, esse agente pode ser visto por muitos como ineficiente ou conivente, o que estimula atos de barbárie por parte de pessoas que julgam estar fazendo o justo. Por conseguinte, ao não cumprir seu papel [1] o Estado perde o monopólio da força, causando fenômenos como linchamentos, já presente no tempo de Lima Barreto. [5]
[3] Outrossim, há a dimensão cultural da questão. Thomas Hobbes definiu que o homem, em seu estado natural, está em constante guerra e violência, cabendo ao governo e à educação salvaguardar a proteção. Não obstante, a formação escolar brasileira não trata de forma aprofundada a justiça, tangenciando-a em poucas aulas de ciências humanas, devido a [6] existência de outros extensos conteúdos a serem lecionados. Consequentemente, indivíduos sem uma formação sólida sobre justiça podem vir a cometer injustiças com as próprias mãos quando em momentos de revolta [1] regredindo ao estado de guerra hobbesiano. [5]
Torna-se cristalina, [3] dessa forma, a necessidade de se intervir nesse problema. Para tal, é necessária a mudança na estrutura educacional. Logo, as escolas devem abordar com mais atenção os aspectos da justiça. Mais detalhadamente, aulas de sociologia e história que abordem Max Weber e Thomas Hobbes podem ser usadas para propor discussões mediadas pelo professor, o que incutirá nos alunos o ideal de justiça. [7] Com essa medida, que não exclui outras, espera-se que se diminua a barbárie e diminuam [8] as semelhanças com Bruzundangas. [9]
Análise da redação do aluno
Competência I – Demonstrar domínio da norma culta:
[1] Falta vírgula.
[6] Falta crase.
Competência II – Compreender a proposta:
[2] Bom uso de conhecimento sociocultural!
[4] Boa tese!
Competência III – Selecionar e relacionar argumentos:
[5] Boa argumentação!
Competência IV – Conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação:
[3] Bom uso de conectivo!
[8] Repetição. Modificar: “assim como as semelhanças…”
Competência V – Elaborar a proposta de solução para o problema:
[7] Boa proposta!
[9] Apresentou proposta para a questão educacional, mas faltou em relação ao plano político.
Nota: 920
A Imaginie é a maior plataforma de correção e ensino de redações do Brasil! As correções seguem os moldes do Enem, Fuvest, Unicamp, Unesp, Udesc, UERJ, UFSC e concursos públicos.