Análise de redação para a proposta sobre o Bolsa Família
A prova de “Interpretação do Brasil Contemporâneo” do vestibular 2013/1 da Fundação Getúlio Vargas (FGV) pediu para os candidatos escreverem sobre o Programa Bolsa Família. Para ler a proposta na íntegra, clique aqui.
Leia a seguir texto escolhido:
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O programa Bolsa Família é concedido pelo governo Lula, com o objetivo de tentar reduzir a miséria evidenciada nas classes mais desfavorecidas do nosso pais isso porque a situação estava cada vez mais degradante ou seja todas essas pessoas passaram a serem beneficiadas com uma pequena quantia em dinheiro por mês por si só não muda a realidade dessas famílias.
O programa tem sido alvo de inúmeras críticas por não garantir melhores condições de vida aos inclusos nesse programa, apesar desses terem que atender algumas exigências como manter seu filho frequente a escola e devidamente com sua carteira de vacinação em dia, caso deixar de cumprir algumas dessas obrigações é excluso do programa.
Para que o Bolsa Família venha a ser usufruído corretamente, faz se necessário que as boa parte das famílias que o recebem não esperem apenas por ele mais busque oportunidades já que ele é apenas um auxílio ou complemento para suprir as necessidades que se fazem presentes.
Entretanto é importante ressaltar o quanto o bolsa família veem quebrando barreiras pois através do mesmo as crianças tem um relacionamento mais íntimo com a educação e a saúde criando um futuro mais promissor a cada um dos inseridos.
O dinheiro recebido deve ser gasto em prol da infraestrutura da família em alimentação, material escolar, roupas e acessórios preciso. Em debates político a questão e bastante discutida, porém não se consegue chegar a um consenso pois o mesmo não conseguiu atingir seus objetos ou metas por completo porém não deixa de ser um auxilio bem-vindo.
Percebe-se que mesmo com todos os obstáculos o programa tenta amenizar o problema dando consequentemente possibilidades de frutos melhores para a nova geração. Espero que o resultado nós traga de fato uma melhor qualidade de vida.
Comentários da professora de redação do Colégio e Curso Oficina do Estudante, Ednir Barboza:
O aluno que deseja produzir um bom texto de redação para vestibulares precisa estar atento, principalmente, ao que está sendo proposto pela banca. Ele não pode e não deve escrever aquilo que quer, mas desenvolver um texto condizente com o que lhe é proposto. Uma das características das provas de redação é justamente essa: avaliar como o aluno lê a proposta e de que forma ele consegue expressar suas ideias de forma consistente, coerente e coesa.
Vejamos esta proposta sobre o Programa Bolsa Família. A banca apresenta 2 trechos que versam sobre o assunto e pede ao aluno o seguinte: uma dissertação que analise os argumentos favoráveis e contrários ao Programa Bolsa Família. Ao final da redação, ele deve realçar sua posição pessoal sobre o assunto.
Há, portanto, três tarefas com que o aluno tem de se preocupar:
1ª. análise dos argumentos favoráveis – 1. está combatendo, ao mesmo tempo, a pobreza e a desigualdade; 2.não desperdiçando recursos com quem não precisa; 3. ataca a desigualdade para além da questão da renda, chegando à origem do problema: a Educação; 4. – e as pesquisas já mostram o quanto isto está reduzindo a repetência e a evasão escolares; 5. , o programa faz um combate intergeracional da pobreza e da desigualdade,
2ª. análise dos argumentos contrários – 1. Distribuir dinheiro para os mais pobres, sem garantir as condições de trabalho para os pais e as mães, (…).,não vai efetivamente resolver os problemas da pobreza e da desigualdade; 2. O que o país precisa é de políticas para aumentar o emprego, e não de um assistencialismo de curto prazo, que não gera mudanças estruturais para as famílias mais pobres; 3. Além disso, esta distribuição farta de recursos pode ser apenas uma forma de ganhar votos dos mais pobres, sobretudo no Nordeste brasileiro; 4. Também é preciso pensar em “portas de saída” para os beneficiários, para que não fiquem eternamente dependentes do Bolsa Família.
3ª. realçar sua posição pessoal sobre o assunto.
A tarefa não é complexa. O trecho 1 da proposta traz os argumentos favoráveis; o trecho 2, os contrários. Primeiramente, o aluno deveria comentar e analisar esses argumentos: são válidos? têm fundamentação teórica e prática? são relevantes? Ao fazer essa análise, vai-se delineando a opinião pessoal do aluno, na medida em que apoia ou rechaça as ideias ali apresentadas. É uma redação de 3 ou 4 parágrafos. Um para apresentar o programa Bolsa Família; outro para analisar os prós e os contras; e o parágrafo final, em que ele exporá seu próprio ponto de vista.
Vejamos, agora, a redação transcrita para análise.
1º parágrafo- o aluno fala do Bolsa Família como uma forma de melhorar o estado de miséria, com um pouco de dinheiro, mas se contradiz no final do parágrafo quando afirma que uma pequena quantia não muda a realidade das pessoas. (pergunta-se, então- é um bom programa ou não?)
2ºparágrafo- o programa é alvo de críticas, mas o aluno defende que os pais têm obrigações que garantem benefícios a seus filhos.
3º parágrafo – aqui ele afirma que junto com o Bolsa Família, os pais precisam realizar uma série de outra ações para complementar o benefício.
4º parágrafo – o aluno analisa que o programa quebra barreiras levando as crianças a um futuro mais promissor.
5º parágrafo – os pais devem usar o dinheiro em uma série de necessidades, mas não se consegue chegar a um consenso se o programa é bom ou não.
6º parágrafo – o aluno encerra dizendo que o programa ameniza os problemas, apesar de todas as suas dificuldades e expressa sua esperança de que tudo dê certo.
O que se depreende desta redação é que a aluno não seguiu as instruções da proposta: discorre sobre prós e contras, mas não analisa as opções apresentadas. Não traz informações novas, não contesta dados nem corrobora opiniões dadas.
Além, portanto, de alguns desvios de linguagem (coesão, coerência, sintaxe e regência), o texto não se caracteriza como uma dissertação, na medida em que não deixa claro o ponto que se quer analisar. Ao final da leitura, fica-se com a impressão de que ele é favorável ao programa, mas não há definição sobre isso. O aluno poderia ser favorável, desde que ele expusesse os pontos positivos e contestasse algumas críticas. Para fazer isso, é preciso expor a ideia, analisá-la, exemplificar e concluir.
Finalizando: faltam ao texto espírito crítico, dados objetivos e uma opinião mais concreta a respeito do tema. Conclui-se que o autor não tinha opinião bem formada sobre o assunto e buscou nos trechos apresentados pela banca a fundamentação de sua dissertação. Isso, entretanto, não é suficiente para se escrever um bom texto.
Mas estamos no comecinho do ano. Com persistência, leitura e muito exercício é possível reverter esse quadro.
Nota: 6,0 (de 0 a 10)