Rolam por aí algumas brincadeiras sobre a correção do Enem. Alguns dizem que o resultado faz parte de um bolão, já outros falam que é dado por sorteio. Brincadeiras à parte, depois que o Ministério da Educação (MEC) reformulou o método de correção das redações no último exame, ficou bem mais difícil tirar uma nota que não condiz com a qualidade do texto (no fim do post você confere como é feita a correção atualmente).
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A questão é: tirar notas altas é realmente muito difícil. No Enem 2012, apenas 1,1% dos 4,1 milhões de candidatos tiraram notas iguais ou superiores a 900 pontos (1000 é máximo). A figura abaixo mostra a distribuição do desempenho dos participantes:
Já que é tão difícil tirar uma nota tão alta, como esses candidatos conseguiram? Para poder responder a essa questão, o GUIA conversou com quatro estudantes que tiraram mais de 900 pontos. Eles nos contaram como se prepararam para o Enem. Quer saber como mandar bem na prova? Confira as dicas abaixo, todas elas praticadas por esses estudantes nota 1000 (ou quase isso):
1) Leia muito!
Ler ajuda na hora de escrever. Prova disso é o estudante Luís Paulo Sousa da Silva, de 16 anos, que obteve 920 pontos na redação. Ele assume que parte deste resultado tem a ver com o seu vício: ler livros. “Costumo dizer que a minha preparação para a redação do Enem vem desde os 10 anos, idade em que comecei a ler compulsivamente”, diz o estudante.
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Ele conta que vale todo o tipo de leitura para escrever melhor. Se você não consegue ler livros muito grandes, pode procurar obras com contos ou crônicas, nas quais os textos são mais curtos. Ler revistas e jornais também é importante, porque além de praticar a leitura, você também estará acompanhando as atualidades, tema da nossa próxima dica.
2) Fique por dentro das atualidades
Os corretores das redações avaliam, principalmente, como os candidatos argumentam sobre o tema. A argumentação é a base da dissertação, gênero de texto usado pelo Enem.
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A estudante Beatriz Bastos, de 16 anos, conta que um dos motivos para ter tirado 920 pontos na redação foi o fato de ela estar sempre bem informada sobre as atualidades. “Como as bancas corretoras tendem a avaliar nosso conhecimento de mundo, acredito que seja essencial estar bem informado, até mesmo para evitar que a sua redação caia no senso comum, com argumentos sempre usados pela maioria das pessoas”, aconselha a estudante.
E dá para acompanhar as atualidades até pelo Facebook! Beatriz explica que curtia páginas de jornais e revistas na rede social. Veja neste link algumas páginas que são legais de curtir para estudar e acompanhe no blog Atualidades no Vestibular as principais notícias do momento.
3) Treine bastante!
Além de ler muito e se manter sempre bem informado, outra dica infalível para mandar bem na redação é treinar. Os quatro candidatos ouvidos pelo GUIA faziam redações com frequência. A periodicidade variava entre uma redação a cada duas semanas e até dois textos por semana, como foi o caso do estudante Maicon Miranda, de 17 anos, que conseguiu 940 pontos. “É preciso ter consciência de que todo este processo demanda tempo. Meu professor de redação costuma dizer que é como malhar na academia: não é de uma hora pra a outra que terá o tão sonhado ‘abdômen definido’”, conta.
O treino, além de melhorar a qualidade do texto, também ajuda a diminuir o tempo que você leva para escrever uma redação, como explica Luís: “Eu fiquei mais acostumado com a constituição correta de um texto e quais são os melhores conectivos a serem usados, além de ajudar a construir mais rapidamente o texto”.
Outro ponto positivo para o treino: em casa você tem a oportunidade de escolher um tema e pesquisar sobre o assunto. Beatriz conta que isso a ajudou a aumentar a bagagem de informações que ela poderia usar nas próximas redações e melhorou a sua argumentação. O estudante Ramon Silva Maciel, de 17 anos, obteve a maior nota entre os entrevistados: 960 pontos. Ele concorda com Beatriz e afirma que o treino é fundamental. “Eu considero isso muito importante, porque além de você se atualizar, você se prepara, alavanca seu vocabulário e fica por dentro de como realizar um bom texto dissertativo-argumentativo”, aconselha.
4) Faça um rascunho da redação
Outro ponto em comum entre os entrevistados, além do treino e da leitura, foi o uso do rascunho antes de escrever a redação na folha definitiva – a prova do Enem vem com uma folha de rascunho para ser usada. Maicon costuma fazer uma “tempestade de ideias” antes de começar a escrever. Ele pensa no máximo de informações que sabe sobre o tema e escreve frases curtas no rascunho. Depois desse processo, seleciona os argumentos que entrarão na redação e começa a escrever o texto no rascunho.
Beatriz também gosta do rascunho, porque assim, segundo ela, não se perde no meio das ideias. “A parte mais difícil, para mim, sempre foi iniciar a redação, por isso, já no começo, montava um esquema com tudo o que escreveria e distribuía as ideias que caberiam na introdução, desenvolvimento e conclusão”, conta.
Além das dicas dos estudantes, o uso do rascunho é importante para você poder ler e reler seu texto e procurar por erros de concordância e o uso de palavras muito repetidas, que empobrecem a redação. “O melhor método para fazer uma boa redação é seguir sempre as regras para não haver desvios ortográficos e gramaticais e principalmente para atingir uma boa nota”, lembra Ramon.
PARA SABER MAIS: Como é feita a correção da redação do Enem
A redação é examinada por dois corretores, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro. Caso haja diferença na nota final superior a 200 pontos, o texto é lido por um terceiro corretor.
Uma banca examinadora de excelência é acionada caso a diferença entre as notas dos três avaliadores permaneça superior a 200 pontos. Composta por três professores, a banca será responsável pela atribuição da nota final ao participante. O máximo é de mil pontos e a nota final será a média aritmética das notas atribuídas pelos avaliadores.
Na correção da redação, cinco competências são avaliadas: domínio da língua portuguesa; compreensão do tema proposto; capacidade de selecionar e organizar ideias; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; elaboração de proposta para o problema abordado.
Na hipótese de a nota do primeiro corretor ser de 640 pontos e a do segundo, 480 — diferença inferior a 200 pontos —, a nota final da redação desse candidato será a média aritmética das duas. No entanto, caso a nota de um corretor, na competência 1, seja 160 e a de outro, 40, a redação será encaminhada ao terceiro avaliador. Se a terceira nota, nessa competência, se aproximar daquela atribuída por um dos dois corretores anteriores, não haverá necessidade da banca examinadora. A avaliação mais baixa será eliminada.
O estudante terá nota zero na redação se fugir ao tema proposto, apresentar estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo, entregar folha em branco, com sete linhas ou menos, copiar os textos motivadores e reproduzir impropérios, desenhos ou palavras de desrespeito aos direitos humanos.